Mais tarde, uma pessoa veio me explicar como aquela regalia se sucederia. Esta mesma enviada fez ajustes na roupa padrão que Roddein supostamente havia feito questão que eu usasse na ocasião. Imaginei que seria justamente para ocultar todos os outros dispositivos, além da coleira, que fossem capazes de me manter inofensiva.
E na mesma noite aconteceu outra coisa. Eu estava no banheiro quando começou a gotejar e uma poça se formou no teto. Olhei para cima achando esquisito demais mesmo uma infiltração ocorrer tão rápido. Logo, a parte mais afetada veio ao chão. Eu, é claro, instintivamente levantei da privada correndo, escorreguei e tive que me segurar na maçaneta da porta para evitar a queda. Enquanto isso, uma pessoa pulou pelo buraco e aterrisou sobre os escombros do que antes fazia parte do teto. Foi vergonhoso. Até mesmo quando aquele indivíduo retirou o capuz e baixou o lenço deixando seu rosto familiar à mostra.
— Philip! — Gritei ainda assustada e tentando manter a dignidade ou o que restava dela.
— Me desculpe Liz. Não era a minha intenção. — Ele respondeu pegando o lenço e amarrando como uma venda, envergonhado.
— Como entrou aqui? — Perguntei ao sair de lá minutos depois. — Quero dizer, além do buraco no teto do banheiro.
— Eirie não te contou que eu entro e saio dos lugares sem ser visto?
Phil rebateu com um ar brincalhão na voz enquanto girava mais gelo entre seus dedos e os preparava para colocar em sua testa. Me sentei ao seu lado na cama.
— Ele disse, mas eu não levava muito a sério. Além disso, você foi visto dessa vez. — Ele riu e depois fez uma careta de dor. — E como me encontrou?
— Vi uma mulher e lembrei que você disse que a conhecia quando esteve no Palácio de Monigram.
— É a Maya. — Toquei o local na testa dele avermelhado pelo gelo e pelo inchaço. Afastei um pouco os fios do cabelo loiro cortado de modo irregular e dei uma olhada.
— Desenvolveu alguma técnica de cura? — Perguntou.
— Não. Mas controlo portais e emano eletricidade.
— Sério? Isso é incrível.
Um sorriso iluminou seu semblante. Girei o corpo, dando as costas para ele e puxei o cabelo para o lado. As pontas de seus dedos tocaram a coleira que em resposta liberou uma carga fraca.
— Mas Roddein tirou isso de mim.
— Sinto muito. — Ele segurou em meus braços com suas mãos frias e ásperas.
— Não sinta, pois eu vou recuperar e impedir essa tal de unificação.
— Você? — Questinou.
— Tudo bem, nós. Nós impediremos a unificação. Satisfeito?
Deixei meu corpo cair sobre a cama. Ele suspirou e também se jogou nela.
— O que não daríamos para ter uma vida diferente?
— Uma vida diferente e grandes chances de nunca conhecermos um ao outro.
— Será que eu posso sonhar com uma realidade onde poderíamos participar da vida um do outro como pessoas normais fariam? — Phil parou e ficou sério, mas não por muito tempo.
— Sabia que é muito fácil gostar de você? — Exclamei para ele que me devolveu um sorriso sincero.
— Mesmo quando quase te matei de susto no banheiro?
— É, menos naquela hora. Nunca mais faço aquilo. — Fiz uma careta pela lembrança vergonhosa enquanto ele ria sem parar.
— Vem comigo.
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Legado e Ascensão
FantasyLizlee Deskran é uma garota que nasceu e viveu em Leeland - a capital do novo mundo, conhecido como Lizma - até o ano 6240 (4.180 anos após um fenômeno global, desencadeado por uma sucessão de cataclismos, resultado de armas biológicas e nucleares q...