Eu não tenho culpa

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Acordei com meu celular tocando e resolvi ignorar, eram dez da manhã e qualquer imbecil sabe que eu só estou disponível para ligações idiotas a partir das duas da tarde. Fiquei dez minutos deitada esperando que desistissem, o que não aconteceu, então atendi com mau humor.

— O que você quer em?

— pelo visto já ouviu a versão da madison sobre o acontecido — Tyler diz com voz um pouco triste.

— do que você está fazendo — esfrego os olhos na tentativa de mantê-los abertos e me sento na cama — eu não falo com ela desde a festa no restaurante.

— Então ótimo vou te contar o que aconteceu ontem de forma resumida: como você sabe, o Jack ia fazer aquela surpresa para ela, por isso ele acabou chegando atrasado no treino e ficou lá pra treinar um pouco e esperar ela chegar. Nisso o Nathan apareceu falando merda e com mais três amigos deram uma surra no Jack, quando eu e os muleques chegamos lá resolvemos junto a ele o problema, mas ele pediu para não contarmos a verdade para ela com medo do Nathan fazer algo com ela. Quando ela chegou, eu disse que tinha arrumado briga com a universidade rival e Jack a tratou mau então ela foi embora bem puta.

— Tá, mas cadê o Jack? Por favor não me diz que levaram ele para casa, minha tia adora fazer visitas surpresa a ele.

— Não, ele está aqui em casa.

— Ótimo estou indo para aí agora — me levanto da cama vestindo a calça jeans surrada do trabalho — nós falamos depois tchau.

— Corine espera!

— oiie

— Quando vamos contar para eles que estamos juntos? — sinto um ar apreensivo vindo do tom de sua voz.

— pelo visto não agora, mas contaremos em breve sobre nosso namoro, eu prometo.

— tabom, te amo

— também te amo.

Desliguei o telefone e fui correndo para o banheiro escovar o dente e colocar a roupa do restaurante, não teria tempo para voltar em casa e me arrumar. Chegando em seu apartamento, bato na porta e um dos meninos abre-a no mesmo instante. Entro, vou até o quarto e vejo meu primo sentado na cama jogando videogame, como se nada tivesse acontecido.

— Caralho, te arrebentaram em! Achei que um dos requisitos para o time de basquete era ser bom de briga — ele ri mas logo sente dor o fazendo parar.

— É, mas ainda continuo mais bonito que você!

Desde pequenos eu e ele nunca gostamos que as pessoas sentissem pena de nós dois, não somos frágeis, sabemos resolver nossos próprios problemas, então, sempre que um de nós se mete em alguma situação complicada e se ferra fazemos piadas um sobre o outro e sobre como somos burros, acabando por destrair um pouco e fugir do assunto que por si só é estressante.

Me sentei ao lado dele para jogar junto, era uma ótima desculpa para poder perguntar a ele o motivo de ter sido grosso com a minha amiga, Jack nunca fora uma pessoa grosseira, ainda mais com pessoas que ele gosta ou, se por algum motivo fosse, hoje mesmo pediria desculpa a pessoa o que pelo visto não é o caso.

— Corine, pergunta logo o que tanto quer perguntar — pronuncia ainda olhando para a televisão.

— Eu não quero perguntar nada não— menti, mas por sua expressão ele não acreditou muito em mim — tabom, eu queria perguntar o porquê foi grosso com a Mad.

— Ela já te contou isso — o mais velho desvia o olhar do jogo por alguns segundos para olhar-me e força um sorriso ladino — depois que tudo aconteceu, pensei que ele poderia fazer algum mal a ela então resolvi me afastar para sua proteção. Não posso ficar cuidando dela vinte e quatro horas por dia, mesmo que eu queria muito! Além disso,ela não entenderia se eu dissesse o motivo real então achei melhor fazer com que ela sentisse raiva de mim.

— Boboprin...— apelido dado por mim quando éramos crianças que uso até hoje apesar de ele odiar — até quando vai manter essa distância entre vocês? Não vai ser bom para ninguém isso!

— Até ter certeza que ele tirou isso da cabeça, isso claro se ela ainda quiser falar comigo — vejo-o abaixar a cabeça, antes de voltar a atenção para o jogo e ficar mudo.

— Não fica assim tábom? Tenho que ir para o trabalho, te vejo mais tarde bobo... — paro de falar quando ele me abraça forte o que causa espanto já que não é costumeiro tal ato.

Uma vez no trabalho, percebi que Madison não estava lá,  era muito estranho pois ela sempre chegava cedo e mesmo que tivesse se atrasado,  eu cheguei uma hora depois de o início do expediente, por isso exclui essa possibilidade. No horário de almoço, vi uma mensagem de Loren dizendo que a Mad não queria sair da cama de jeito nenhum e era para eu falar com ela. Peguei meu celular buscando seu número e ligando em seguida.

— o que você quer...?

— Ei! Essa fala é minha! — finjo estar indignada e ouço uma curta risada — Você sumiu hoje, não veio ao trabalho, Loren disse que você não quer sair do seu quarto, o que ouve?

— Não se finge de desentendida Corine, você sabe exatamente o que aconteceu, Jack sempre te conta tudo mesmo.

— Na verdade quem me contou foi o Tyler, e eu não entendi nada, se estava magoada podia falar comigo.

— olha sinceramente... — ela exita respirando fundo — eu não queria falar com um Gilinsky tão cedo, eu só te atendi porque gosto de você.

— acho errado, você não pode julgar uma família inteira porque alguém com o mesmo sobrenome te magoou

— Corine, eu não quero ser grosseira, mas, o que você entende de relacionamentos se você não é estável nem no seu?

— olha aqui eu vou perdoar a merda que você acabou de falar porque eu sei o quanto você tá triste mais espero que mais tarde pense sobre isso — indaguei ainda incrédula pensando se aquilo que acabara de ouvir era verdade.

— Não, não preciso pensar, eu sei o que estou dizendo, verdades são difíceis de ouvir, se você sabe que o idiota do Tyler só faz merda, o que aliás você não pode reclamar porque também faz, você ou termina, ou você fica e conversar — ouço uma risada sem humor — mas não, sou obrigada a ficar ouvindo os dramas sem sentido que no fim não dão em nada.

— É sério isso mesmo? Eu tô aqui na minha hora de almoço te ligando para te animar e você dando opinião que eu não pedi nos meus relacionamentos?

— Você me ligou porque você quis, não pedi favor algum.

— Quer saber? Dani-se — me exalto, não posso mais ouvir aquilo tudo calada — não sou obrigada a ficar ouvindo essas merdas, venha falar comigo apenas quando tiver consciência de tudo que fez.

— vai embora logo, são menos problemas dos Gilinsky para eu ter que aturar.

Desligo irritada batendo na mesa, eu não tenho culpa do meu primo estar protegendo ela dessa maneira, aliás, quem é essa garota? Ela com certeza não é a Madison que eu conheci e nem a minha melhor amiga, entendo que ela está mágoada mas não precisa descontar essas coisas em mim e se for preciso não falar mais com ela para que a mesma entenda o quanto me feriu então é o que será feito.

Viagem do amor (Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora