decisão

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[narração temporária: Corine Gilinsky]

A notícia do termino de meus amigos veio como um soco na boca do estômago, foi difícil entender que todas aquelas informações não eram um trote. Como todas as vezes meu primo foi se abrigar na casa do meu namorado,então era lá que eu tinha que estar o mais rápido possível. Cheguei e tudo parecia diferente mesmo que a cena se repetisse, Jack estava sentado jogando videogame com os meninos, seu olhar parecia vazio e ele não tentava esconder sua tristeza como antes sempre fazia. Algo tinha morrido dentro dele naquele dia.

Fiquei parada encostada no batente da porta pensando no que dizer, essa não era hora para piadas, mas se eu não as fizesse ele saberia que estou mudando meu modo de ser por sua condição, e isso iria contra o que sempre criticamos.

— está tudo bem, pode zoar, estou precisando rir. — o moreno me olhou de relance e voltou a concentração no jogo, como se ele desse a mínima para o resultado.

— eu até faria, mas disseram que em caso de chifre rir dói a cabeça — lancei um olhar sarcástico para ele sendo retribuída com um leve sorriso — como você está primo?

— Porque você não diz como pareço estar? — Jack larga o controle depois que a partida termina e se joga na cama.

— ganhando — olho para tela da televisão me referindo ao jogo — e feio, mas isso você já está acostumado

— Com certeza — sorriu novamente e se levantou vindo até mim. — Obrigada por ter vindo.

— Você sabe que é a primeira pessoa que eu procuraria.

— e é por isso que deve ir, não posso falar nada com você sem que tenha conversado com ela antes — ele me abraçou e eu demorei a retribuir, não entendendo onde ele queria chegar.— sei que se falar primeiro comigo tomará minha dores e não é isso que eu quero.

— Jack eu...

— prima, por favor, vá. Ficarei bem, prometo. — sem mais palavras ele voltou para cama, e logo a jogar.

Depois da casa de Tyler sai em disparada para o trabalho, lá estava o mesmo caos de sempre, porém dessa vez a Madison não estava lá. Depois de horas servindo, limpando e atendendo mesas finalmente me vi livre do trabalho e essa seria uma ótima oportunidade para ir até a casa de Madison. Peguei o primeiro táxi que passou na rua, pedi que parasse no mercado antes, comprei sorvete, biscoito e muita bebida para só então ir direto para casa de minha melhor amiga. Quando subi as escadas pude perceber que o clima pesado não estaria só na casa e sim em todo prédio. Parei em frente a porta e respirei fundo já sabendo que ou apoiaria alguém, ou teria menos uma amiga hoje.

— Quem bom que voltou, não aguentava mais a saudade — a menina disse sem qualquer animação ao ouvir o barulho da porta.

— sou eu, trouxe algumas coisas. Esperava alguém? — coloquei as compras em cima do criado mudo e me sentei no sofá encarnado a menina que olhava para o nada.

— Isso importa? Você sabe o que eu fiz, não tenho muito mais o que dizer — ela abaixou a cabeça e fungou passando a mão agressivamente no rosto depois.

— Eu vim ouvir você, a sua versão de tudo.

— sinto muito mas está perdendo tempo — ela se levantou indo até a mesa ver o que eu tinha trazido — como já disse a seu primo eu não me lembro de nada.

— Mas isso não faz sentido mad, Você não bebeu quase nada, e olha que você bebe bastante — franzi o cenho e cruzei os braços a encarando. — tem certeza que não se lembra de nada que aconteceu antes de ontem?

— bom, eu só lembro das coisas até a gente parar de dançar porque eu estava cansada e depois mais nada. — a menina devorava o biscoito como um forma de aliviar o que estava sentindo. — eu juro que não lembro mais de nada, porém aceito se não acreditar em mim.

— eu acredito, mas depois que você viu o vídeo não lembrou de mais nada — dei ênfase a última palavra tentando retirar alguma coisa dela.

— Não, quer dizer, depois que o Nathan me mostrou os áudios eu lembro de dormir do lado da Loren mas só isso.

— espera, você o que!? O que a Loren e o Nathan tem a ver com isso!?

— pelo que eu ouvi em áudio de mim mesma, o cara no vídeo era o Nathan e parece que eu também voltei a falar com a Loren também.

— Calma ae, isso é loucura! Até outro dia você não olhava na cara dele e agora foi pra cama com ele, nada faz sentido garota, você tem certeza disso?

— Os áudios tinham minha voz, isso é inegável, e mais! Também disse que o amava, que queria voltar com ele e um monte de outras coisas. — a morena suspirou e fez sinal para que me sentasse ao lado dela.

— E você o ama?

— Claro que não! Eu tenho nojo dele e ainda estou tentando entender o porque de eu ter feito isso.

Não sabia o que responder então fiquei em silêncio me limitando apenas a abraça-la, tentava absorver todas as informações que acabei de receber enquanto consolava a menina que iniciou uma crise de choro. Por mais que todas as provas estivessem ali na nossa cara eu não conseguia sentir raiva dela, a verdade é que senti pena, precisava descobrir o que realmente aconteceu naquele dia, não só por ela, mas por meu primo também.

— o que vai fazer agora? — sequei uma lágrima que caiu de seus olhos.

— eu vou deixar seu primo viver a vida dele e ficar com o Nathan.

— você acabou de falar que sente nojo dele, porque agora diz que vai ficar com ele!?

— eu não quero ter traído Jack por algo de momento, o mínimo que eu posso fazer é ficar com ele. Afinal quem trai não merece ser feliz.

— Mas você vai fingir que gosta dele para sempre.

— Eu já o amei uma vez, quem sabe eu consigo novamente — ela deu de ombros.

Depois disso a conversa acabou, colocamos um filme de romance clichê para descontarmos toda nossa tristeza sem ter vergonha, era horrível ver meu primo e minha melhor amiga assim e sinto que a cada dia ficará pior.

Viagem do amor (Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora