Me ajuda

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— Alô! Alô! Jack!? — dizia em prantos.

— eu estou aqui — o menino se manteve calmo ao telefone — o que ouve?

— eu, eu não sei, acabei de acordar em um hotel estranho, não sei onde estou, de algum jeito minhas roupas sumiram e estou com medo porque acabaram de me expulsar do quarto e eu estou semi nua apenas com um casaco que uma moça me emprestou, por favor vem me buscar amor, eu estou com medo!

— Madison, se acalma eu preciso que você pergunte para a moça em que rua você está.— era possível ouvir o barulho de suas chaves pelo telefone.

— Avenida louis-casaï — falei entre soluços.

—Porra Madison! Do outro lado do país, eu devo demorar umas cinco horas até aí! — suas palavras só aumentaram meu desespero — se acalma, vou tentar chegar o mais rápido possível tudo bem, mas eu preciso desligar agora.

— Tabom, só vem rápido, eu estou com muito medo!

— estou indo, até logo

— até — o menino desligou e eu fiquei a espera dele.

Jack chegou em exatas três horas, pelo jeito que chegou parecia que ele tinha vindo em alta velocidade por todo caminho. De fato ele foi meu anjo da guarda, trouxe uma roupa para mim e algumas rosquinhas para comer, isso colaborou para que eu me acalma-se, podendo focar completamente em lembrar da noite passada e o porque de ter parado naquele maldito hotel. Ficamos em total silêncio durante boa parte do percurso, com certeza por eu ainda estar me sentindo perdida, mas para ser sincera, todo aquele silêncio só estava piorando meus pensamentos negativos.

— Está melhor agora? — o encarei assentindo com a cabeça — ótimo.

— obrigada novamente, não sei o que seria de mim sem você ali, eu te amo. — sorri de canto e o mais velho continuou a encarar a estrada.

— Sério? Não foi o que pareceu ontem — o moreno parou o carro no acostamento e virou-se para mim me encarando.

— como assim? Do que você está falando meu amor? — o moreno não disse nada apenas me entregou o celular que mostrava um vídeo pausado.

Ao dar play, visualizo um casal aos beijos no fundo de um quarto escuro, era difícil ver a silhueta no início do vídeo, mas conforme o tempo avançava o casal ia mais para perto da cama e consequentemente da camera. A exatos dois minutos e quarenta de vídeo eles estão bem perto e por isso é possível ver o rosto da mulher, mas não era qualquer mulher e sim eu ao vivo e a cores.

— o que... — tento dizer mas sou interrompida pelo moreno com os olhos vermelhos.

— não há o que perguntar madison, o video é auto explicativo. — Jack levou polegar e o indicador até o comprimento do nariz suspirando alto, de seus olhos algumas lágrimas rebeldes escorriam e aquilo acabava comigo — eu só... eu só queria saber o motivo.

— Eu não posso te responder, eu não sei quando, nem o porque disso ter acontecido. Eu nem sequer me lembro das últimas doze horas! — minha voz foi ficando irregular conforme a vontade de chorar se alastrava, levei minha mão direita até seu ombro mas ele a retirou e limpou suas lágrimas com a mão.

— não use a bebida como desculpa para os seus atos, ontem você me mandou mensagem muito sóbria dizendo que iria dormir — ele negou com a cabeça como se fosse fazer tudo sumir — o pior de tudo é que a porra da cama que você estava deitada é a mesma desse vídeo.

— Jack! Me escuta eu juro que não fiz nada disso, eu só lembro de estar na festa e depois acordar na droga do hotel, me escuta eu tô falando a verdade eu juro! — solucei aumentando o tom de voz — eu te amo, eu nunca faria isso você sabe disso.

— Madison é o seu rosto ali, é sua foto na mesma cama, não tente justificar o injustificável, eu te dei amor e é isso que eu recebi. O pior de tudo é que eu não esperava isso de uma pessoa que sentiu a mesma dor que estou sentindo agora. Você me decepcionou muito.

— não fala isso por favor, eu nunca... Eu não sei o que foi isso. não me deixa por favor! — supliquei já com a voz falha de tanto chorar.

— Eu só vim até aqui por consideração a tudo que você fez pela minha família e porque eu queria saber o motivo, mas parece que você quer ser fazer de desentendida. — Jack se vira para frente novamente e tira o carro do ponto morto — essa é a última vez que nos falamos, assim que eu te deixar em casa peço que nunca mais fale comigo.

O carro seguiu pela estrada novamente e eu não conseguia parar de chorar, era um misto de revolta e descrença indescritível, eu não sei como mas eu tinha certeza de que não tinha feito aquilo, não passava por minha mente a possibilidade de eu ter traído o homem da minha vida, mas o vácuo de informações das últimas horas só confirmavam o vídeo. Passei todo o trajeto chorando com melancólia, Jack parecia nem estar ali se não fosse por alguns fungos que escutava em algumas horas e aquilo só contribuía para a dominação da tristeza sobre minha mente.

Desci do carro sem força, antes de fechar a porta encarei uma última vez o rosto de meu amado dessa vez tão diferente, tão sem vida, sem seu sorriso estonteante, os olhos fechados para que eu não o visse chorando e mordendo os lábios para segurar a vontade de liberar mais lágrimas do que já estava liberando. Subi as escadas quando na verdade minha vontade era me jogar dela, abri a porta de casa e sem olhar para nada segui o caminho do meu quarto e me joguei na cama, iniciando uma nova crise de choro.

— Achei que nunca chegaria — uma voz familiar soa do meu lado e me assusto encarando aquele rosto tão conhecido.

— o que você quer Nathan!? Será que dá pra me deixar em paz só hoje!? — soquei diversas vezes a cama tentando descontar a raiva que estava sentindo de mim mesma.

— Ei, calma ae, você que me mandou vir pra cá — ele se sentou na cama calmamente e sorriu ladino.

— do que você tá falando? Eu nunca chamaria você pra cá! Você está ficando maluco! — o menino sorri debochado e acabo jogando o travesseiro nele — Já disse para ir embora da minha casa!

— pra sua sorte, eu tenho como provar que você me trouxe aqui — Nathan tira o celular do bolso e inicia um áudio minutos depois.

“Nate, por favor me encontra lá em casa amanhã. Foi uma pena você ter saído daqui do hotel tão cedo, estou louca pra repetir o que fizemos.”

“ Desculpa estar falando um pouco enrolado é porque eu bebi várias aqui com a minha best Loren! Vem pra cá, nós três podemos fazer alguma coisa divertida.”

“ amanhã vamos ser só eu e você, o dia inteiro eu prometo.”

— e então? Ainda acha que nunca me chamaria para cá? — o moreno segurou meu rosto e depositou um selinho em meus lábios. — eu sabia que você ainda me amava princesa, eu tentei te avisar.

Estava desacreditada, meu choro compulsivo deu lugar ao choque, eu não conseguia me mover, em minha cabeça passava repetidamente o vídeo, os áudios e Jack dizendo para esquece-lo, contra tantos fatos não há dúvida, eu trai o amor da minha vida e eu nem sequer lembro disso.

Viagem do amor (Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora