nem tão perfeito

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— Eu juro que dá próxima vez o Jack estará em ligação comigo — me sento na cama descansando o notebook em minhas pernas.

— Você disse isso a um mês atrás — a mais velha arqueia a sobrancelha rindo — mas não tem problema, sei que são ocupados.

— estava em semana de prova, me desculpa de verdade — levo a mão até meu rosto suspirando.

— aí minha nossa, nem perguntei, como está na faculdade, terminou o semestre? — Tusso arregalando os olhos e a mulher estranha.

— Claro, eu... Já estou de férias inclusive, só estou indo para cumprir horário — minto esperando que ela não perceba.

— Ótimo, assim você vai poder passar o natal aqui! Estamos todos com saudades.

— mãe, eu não vou poder ir para o Canadá esse ano, estou sem dinheiro por causa de algumas coisas...

— a gente pode...

— não! — a interrompo já sabendo do que se trata. — eu disse que não queria ajuda de vocês, já é difícil pagar a faculdade dos meus irmãos e vocês me ajudaram com o aluguel por esses meses, já é muito.

— mas minha filha somos só nós quatro, da pra fazer isso!

— não, tenho que lidar com meus próprios problemas, vocês me ensinaram a ser assim.

— tudo bem então, me liga quando puder, tenho que fazer o almoço, uma pena só eu estar em casa agora — sinto meus olhos se encherem de água, por isso respiro fundo tentando me controlar.

— ligarei amanhã na hora do almoço, te amo mãe.

— eu te amo filha.

Ela desliga e as lágrimas escorrem por meu rosto sem que eu tenha controle. Já estou acostumada com esse tipo de coisa, acontece sempre que nos falamos e por mais que eu tente esconder tenho certeza de que minha mãe sabe, mas o que eu posso fazer, é triste ficar longe de casa.

Sem tempo para mais lamentações me levanto da cama para tomar banho, tenho que passar no trabalho antes de ir fazer a prova final na faculdade, visto uma roupa casual, apenas calça jeans clara e uma calça branca simples no pé um tênis e em dez minutos já estava saindo de casa. Foi um dia de trabalho tranquilo, atualizamos algumas informações do cardápio, fizemos a verificação da agenda, Fiorella me ensinou as táticas de quais vinhos combinam com determinados queijos e as comidas que ficam mais saborosas com bebida alcoólica na receita.

Do trabalho pedi um Uber para a universidade, não apareço lá desde o fim das provas e com certeza minha frequência foi por água baixo. Chegando na sala a professora de finanças e orçamentos passou uma lista de exercícios enquanto fazia a soma de algumas pessoas que faltaram.

— Senhorita Madison Elle Beer, pode vir na minha mesa por favor? — a professora ajeitou o óculos encarando-me.

— Sim — me levantei da mesa caminhando até sua mesa e curvando meu corpo para ouvi-la. — o que quer falar comigo?

— Olha Beer eu vou ser sincera com você. — a mulher abaixou o tom de voz — sua situação está bem complicada, você está de prova final em sete matérias sendo que em três você precisa tirar uma nota bem alta. Eu gosto muito de você e por isso vou te dar os pontos que precisa na minha matéria, mas se não estudar vai ser muito difícil eu conseguir te ajudar.

— obrigada professora, eu só estou... em uma fase ruim.

— Eu sei, suas notas eram impecável no início do ano, só se falava de você em ADM, porém, depois de algum tempo suas notas caíram drasticamente. — a mulher suspirou e virou sua cadeira para me encarar — soube que você e Jack estão namorando, ele é um ótimo garoto e para o seu bem eu sugiro como amiga que peça ajuda a ele, não quero que você reprove.

— vou fazer o possível, prometo. — voltei para o meu lugar e retomei a leitura de um dos exercícios.

A grade de provas estava pra acabar comigo, cinco provas em um dia e duas em outro, não sei nem como estudar para isso tudo, a vontade de largar tudo é forte, mas não quero decepcionar meus pais e nem o Jack, que sempre me incentivaram nos estudos, estou mais ferrada do que imaginava e isso é um grande problema. Sai da universidade a noite e fui caminhando para casa, precisava esfriar a cabeça um pouco e nada melhor do que Paris em uma noite um pouco fria. Parei em um café e pedi rosquinhas e um expresso para viagem uma vez que, estudar para as provas me impossibilitou de fazer comida. Cheguei em casa morta, ao abrir a porta percebi que Jack estava assistindo televisão. Merda! Tinha me esquecido que marcamos de fazer maratona vingadores.

— Boa noite meu amor.— o mais velho veio até mim depositando um beijo em minha testa.

— Boa noite vida — forcei um sorriso ladino e o encarei.

— pelo visto o dia foi difícil — ele pega minhas bolsas para colocá-las no lugar. — se quiser podemos deixar para outro dia.

— não! Já fizemos isso ontem, não quero furar com você novamente — resmunguei me sentando no sofá.

—sabe que por mim não tem problema, vamos por quarto, vou fazer uma massagem em você para ver se você relaxa — Jack segura minha destra e me puxa corredor a dentro até chegarmos em meio quarto.

Precisava daquela massagem, sentia meu corpo mais leve logo de cara me dando um pequeno ânimo que antes não existia. Depois da massagem ele fez questão de fazer comida pra mim, jantamos uma lasanha a bolonhesa que me fazia pular de emoção por dentro, vimos alguns dos filmes que estavam na nossa lista de espera enquanto jantavamos e também conversamos sobre como será daqui pra frente, quem vai ficar na casa de quem ou se vamos revezar os dias. Ao fim, acabei adormecendo acordando apenas em alguns momentos em que Jack entrava no quarto para arrumar as coisas.

Viagem do amor (Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora