me perdi de mim parte 2

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[narração continuada: Jack Gilinsky]

— O que? — arqueei a sobrancelha vendo de quem se tratava — Loren? O que faz aqui?

— A festa, está bem mais cheia que nos últimos dias. — ela aumentou o tom de voz por necessidade — também é bom te ver Jack.

— Eu não posso te ajudar nisso, é minha primeira vez nessa boate — virei meu copo já imaginando o estresse que viria.

— O que? Ta me zoando!? Essa é a melhor boate da cidade, sem contar que tem dose dupla sempre que a França vence um amistoso. — a mulher levantou o copo para o barman que sorriu e a serviu mais um pouco de bebida.

— Não ando frequentando lugares como esse. — dei de ombros.

— Deveria, aqui é um lugar bem interessante, por exemplo... Aquele cara — seu dedo indicava um cara com meia idade que conversando com uma mulher negra aparentemente muito entediada. — o nome dele é John ou Jeff, enfim, ele todos os dias da em cima de muitas mulheres na tentativas de conseguir comprar uma para dormir com ele.

— Em que isso é divertido? É óbvio que ele não vai conseguir.

— É aí que você se engana, ela ainda não conta porque ele não ofereceu dinheiro a ela então se quiser apostar comigo, fique a vontade. — ela me encarou desafiadora e eu sorri como resposta.

— Tudo bem então, eu aposto o que quiser que ela vai dar um fora nele.

— Okay, eu aposto que ela vai aceitar e ainda será por um valor muito baixo.

Então começamos a observar o tal homem que tentava ficar com a mulher a sua frente, sua técnica era péssima, ele tentava se aproximar dela a todo minuto quase que invadindo a privacidade da moça, mesmo com o ar condicionado forte o homem suava feito um suíno o que deixava tudo o menos agradável possível. A mulher vendo todo o contexto se levantou, mas antes de poder se retirar o homem segurou seu braço e disse alguma coisa que a fez sentar novamente, a conversa agora parece ser bem mais interessante para ela, o que é péssimo para a minha aposta. Eles ficaram conversando por mais um bom tempo, enquanto isso eu e Loren decidimos beber e conversar sobre a música que era horrível. Por volta de meia hora depois o homem retirou uma quantia que não passava de mil reais do bolso e entregou para a mulher que colocou no bolso e se levantou saindo com ele do estabelecimento.

— Não acredito nisso! Ela era tão decidida! — lamentei negando com a cabeça.

— Acontece, eu sou muito boa nesse tipo de coisa, você não ganharia nunca.

Sorrimos e voltamos a encher a cara, nem me lembro a quantidade de copos que foram precisos para ficarmos mais alegres do que o normal, mas confesso que me senti muito bem com isso, era a primeira vez que não estava pensando nos meus problemas e sendo eu mesmo novamente, essa sensação era reconfortante, não queria voltar para casa e para os meus problemas, lembro de quando os meus amigos disseram que estavam de saída, nem fiz questão de levá-los até a porta, eu queria continuar no meu mundo ilusório por mais tempo.

— Acho que temos que ir — a menina dizia sem conseguir parar de sorrir. — eles já estão fechando.

— Não! Eu quero beber mais um pouco, e estou com fome também.

— Okay, okay, vamos para um lugar legal aqui perto. — ela pulou do banco para o chão e eu apenas a acompanhei calado, bebendo uma garrafa de bebida que estava no fim.

Fomos de táxi até o tal lugar — concordamos que não tínhamos condições de ir a pé sem se perder — o lugar era um pub vinte e quatro horas, com decorações dos anos 80 e uma pequena quadra de basquete no estacionamento. Entramos e lá dentro tocava uma música agitada, nos olhamos sorrindo e na mesma hora a tirei para dançar, era uma música agitada mas mesmo assim nos encaravamos enquanto fazíamos passos sincronizados de acordo com o ritmo, logo todos estavam dançando em volta de nós como uma verdadeira cena de filme, Loren era uma pessoa mais divertida do que eu imaginava e confesso que adoro a pessoa que descobri nela.

Estávamos exaustos depois de tanto dançar, sugeri que deveríamos sentar e comer alguma coisa e a loira topou no mesmo segundo como se estivesse prevendo meus pensamentos. Pedimos dois hambúrgueres artesanais e uma porção grande de batata, conversamos sobre o jogo de baseball que passa na televisão acompanhados de uma caneca de cerveja, ela me contava sobre como achava estranho as pessoas baterem um pique pega depois de rebater a bola e eu apenas gargalhava pensando em como isso nunca havia passado por minha cabeça antes.

— Loren você é louca! — neguei com a cabeça ainda lembrando de seu comentário.

— não, vocês que são loucos de nunca terem pensado nisso

— Não é possível, você deve ver todos os jogos já pensando em erros. — ficamos em silêncio alguns segundos para observar o garçom deixar as comidas sobre a mesa.

— Bom, eu tinha um namorado muito chato que sempre colocava os jogos todo tempo na televisão, então eu sempre procurava falhas para ver se ele desistia de assistir, o que não deu certo então eu só guardava a informação mesmo.

— Você não existe Loren.

— existo sim, e estou bem aqui na sua frente — ela se projetou para frente da mesa com delicadeza.

— Que bom, você salvou meu dia. — sorri de canto a encarando.

— Sabe... Você ainda me deve por aquela aposta. — confirmei com a cabeça e ela apenas decidiu prosseguir. — Eu já sei o que quero.

— Então diga.

A mulher se aproximou cada vez mais, de alguma forma eu não queria me afastar, inclinei-me sobre a mesa até sentir o calor de seu corpo pela proximidade de nossos rostos. Meus olhos se fixaram sua boca agora tão atraente, mas olha-la naquele momento não era o bastante, com destreza a mulher levou sua canhota até minha nuca aproximando minha boca da sua e logo depois iniciando um beijo demorado e quente. Parecia perfeito, a sincronia era impressionante e faria qualquer um pensar como não tinha provado de seu beijo antes, mas ela não era a Madison e um beijo que poderia se tornar inesquecível parecia extenso e inacabavel. Sua boca antes quente se tornou fria e seca, a dança de nossas línguas parecia um castigo para uma alma ferida, não posso deixar alguém fazer isso comigo, novamente não!

— Vamos para outro lugar? — sugeri entre o beijo.

Ela sorriu e se levantou com pressa, já eu repetia em minha mente que beijaria quantas bocas fossem precisas para esquecer quem amo.

Viagem do amor (Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora