Rio Vermelho - A Corrida da Vida (Piloto)

-- Capítulo 7: Azarado --

Os galhos das árvores e a grama balançam levemente pelo vento, flores de cores diferentes embelezam o local. O céu tem um tom de roxo claro com várias nuvens sendo levadas devagar. A paisagem está repleta de tons vibrantes pela vegetação, refletindo uma forte luminosidade por suas bordas, como joias.

Um trono dourado reflete a luz do sol por seus belos adornos, flutuando no centro de um extenso campo de grama baixa, na parte mais alta do morro. O braço da pessoa sentada nele é robusto e tem uma coloração preta, mas não em um tom normal, é uma cor negra não natural, como se fosse uma forma sólida de energia. Por esse membro se espalham várias linhas brancas que formam algo que lembra uma tatuagem de galhos se cruzando indefinidamente, e todos esses traços brilham de maneira leve. Essa pessoa não usa equipamentos na parte superior do corpo, o qual é bem definido.

Seu rosto está ensombreado ao ponto de suas características ficarem ocultas. A parte inferior do seu corpo está equipada com partes de armadura feitas de um minério dourado semelhante ao do trono, tendo vários desenhos de feras imponentes e distintas pelo metal. Um pano com cor de vinho está enrolado na altura da virilha e cobre partes das pernas. Em certo momento, o homem toma uma postura mais relaxada, cruzando as pernas ao apoiar o queixo numa mão erguida com o seu cotovelo, o sustentando no trono.

— Essa rodada parece ter potencial, — fala, sua voz é grossa e deixa uma forte impressão. — Principalmente a “garota ruiva”, ela está em outro patamar. O que tem a "cicatriz branca" e o com "cabelo excêntrico" não parecem tão atrás... os outros dois "azuis" estão tão "selados" que não parece interessante avaliá-los agora. Então esses são o ápice dessa rodada… — O homem ajusta a posição do rosto, ficando mais sério após essas considerações. Ele passa mais algum tempo verificando as informações que visualiza na mente. — Esse é o último novato da lista… Um garoto com "memórias quebradas"... Como todos os outros vermelhos, não há nada de anormal com sua situação, mas, estaria mentindo se dissesse que nada dele chama minha atenção.

Ele desfaz toda a pose relaxada. 

— Em todo caso, independente de quem é, assim como é para os outros, ele poderá chegar até o verdadeiro "início" sem se tornar uma das "marionetes" se tiver as capacidades necessárias e for digno. Afinal… Rio Vermelho sempre é justo.

As linhas brancas no corpo do homem se tornam vermelhas e voltam a serem brancas em um ciclo estranho, um evento repentino que o surpreende. As duas luzes continuam neste ritmo, como se estivessem tentando tomar o controle sobre a outra. O indivíduo se levanta do trono e salta para o solo, de onda observa a situação que se desenrola por seu corpo, fechando o punho em um sinal de desaprovação.

Seu braço treme, a estática rubra vai se tornando mais forte pelo ar em volta dele, isso prossegue até um ponto em que o homem é eletrocutado por uma intensa energia da mesma cor. Todo o local começa a ser gradualmente engolido pela luz emitida, uma forte ventania é gerada no ambiente. O homem não esboça reações fortes com a situação, mas o pouco visível da sua expressão expõe o estresse que sente.

— Isso é impossível! — Seu braço levantado cai. — De todos os lugares… e "ele"... Esse monstro desprezível… preferiu agir logo aqui?!

Um som falho, medonho, que lembra algo como um riso sádico, ecoa pelo lugar em um ritmo inconstante. O homem força seu corpo o máximo que pode em resistência a essa força que o possui, em resposta, a intensidade dela aumenta repentinamente pelo corpo, selando seu destino de uma vez. O ambiente é engolido pela luz enquanto o riso bizarro continua, se tornando cada vez mais nítido.

— Nem tudo vai… acontecer sempre como você deseja!! — brada o homem, sua voz indica a resistência que ainda faz mesmo na situação complicada em que está. — "Neste lugar" vai ser diferente! Eu jurei para mim que seria!! Nem algo como você terá êxito aqui!! — O som e o brilho o engolem definitivamente, cobrindo também tudo o que existe.