-- Capítulo 28: Preso no Desastre --

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  Sons de movimentos bruscos soam, pequenas nuvens de poeiras se formam pelos arredores. Junto do estrondo de um impacto, as botas de Klay resistem a serem arrastadas pela areia enquanto ele é repelido pela força dessa última pancada. O rapaz olha por cima de sua guarda de cruz com um olhar ameaçador, a parte de seu braço acertada está claramente vermelha.

  — Essa doeu, droga! — pensa, deixando escapar um ruído pela dor.

  Klay desfaz sua guarda de cruz e retorna a sua postura de boxe. À frente do jovem está Zesteri com o mesmo estilo, mas as semelhanças acabam nisso, Klay tem marcas notáveis dos golpes que levou e expressa cansaço, por outro lado, Zesteri não esboça nenhum desses sinais, parecendo que nem sequer chegou a entrar em uma luta. O cabelo grande dele balança pela passagem do vento, seus olhos encaram Klay com imponência nesse tempo.

  — Você está caçoando de mim? — indaga Zesteri, demonstrando descontentamento com seu tom.

  — Hã…? O que você quer dizer com isso?!

  O silêncio toma o lugar por alguns segundos.

  — Fora meu mestre e o Ceifador sem Sangue, eu nunca encontrei outro usuário que usasse esse estilo de luta. E quando finalmente encontro, é apenas um leigo sem habilidade! Eu não consigo expressar em palavras o quanto estou decepcionado!

  — Como ousa dizer isso?! Seu bastardo!! — uma veia se ressalta na testa de Klay. O dois demonstram irritação com a situação até o loiro ter sua atenção roubada por perceber algo. — Espera… ele disse "Ceifador sem Sangue"?! — pensa. — Esse não é o apelido de mercenário daquele maldito do João?! — ele imagina o próprio com um sorriso bobo e uma tarja preta nos olhos, fazendo um gesto de paz e amor com uma mão.

  Um pé pousa sobre a areia, alertando Klay sobre a presença próxima do adversário. Zesteri lança um direto de direita, fazendo Klay se abaixar para desviar no susto. Vendo que seu punho encontrou apenas o nada, Zesteri o recua rápido e aproveita a proximidade com seu inimigo para lançar um poderoso "hook" de esquerda, rasgando o ar para um quase acerto no tronco do inimigo, que esquivou com um salto para trás. Zesteri avança com mais uma sequência de socos, Klay evita todos com dificuldades, sentindo pela demonstração o quão forte são os golpes, o que o lembra de um ser.

  — Essa sensação de como minha cabeça fosse ser arrancada caso eu seja acertado…! Isso me lembra daquele minotauro desgraçado!

  A atenção de Zesteri é tomada ao ver seu adversário desfazendo sua postura de luta, como se ele estivesse abrindo mão de sua vontade de batalhar. Por causa dos pulos que Klay deu, a distância entre os dois é de agora alguns metros.

  — Ei! Você disse que já conheceu o Ceifador sem Sangue, certo?

  — Sim… — responde Zesteri, também desfazendo sua postura de boxe no processo. — Qual a sua relação com essa pessoa?

  — O nome verdadeiro dele é João Fran. Ele era o meu mestre.

  Vento passa pelo local, espalhando poeira pelos pés de ambos. Seus cabelos balançam mais forte dessa vez. As palavras de Klay atiçam as memórias de Zesteri, o fazendo se afundar em uma lembrança.

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  O sol está intensamente ardente com sua liberdade no céu limpo. Zesteri, em sua forma mais jovem, está suado e expõe cansaço com sua respiração ofegante, à sua frente está João. Eles estão em um campo extenso de grama de coloração laranja. Ambos mantêm posturas de boxe, que desfazem após alguns segundos. O tempo de treinamento havia acabado. A silhueta de um homem bastante musculoso está próxima como um espectador.

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