Sangue mancha o chão, jorrado no momento em que a espada arremessada perfura o ombro esquerdo de Variel, o que abalou seu equilíbrio. O homem se mantém em pé com muito esforço em resistência a dor, retirando a arma de sua carne o quanto antes. Ele joga essa espada, uma que antes pertencia a um de seus subordinados, para o chão, reerguendo toda sua postura só após isso. Seu braço esquerdo foi inutilizado, sangue continua escorrendo de seu ombro.
— ONDE VOCÊ ESTÁ?!! APAREÇA!!! — vocifera, mas uma resposta não é lhe dada. — Como ele acertou entre uma abertura na armadura...? — pensa. Variel caminha pelo lugar, ainda estando determinado em ficar ao invés de tentar fugir pela saída mais próxima. Ele decide desativar a aura por volta de seu corpo, permitindo assim que a escuridão o encobrisse de vez. Mesmo que Variel quisesse fugir, ele não poderia mais, tendo avançado tantos metros para o interior da caverna, correr agora para a saída seria loucura. — Grr... Se eu não posso vê-lo, isso deve significar que ele igualmente não. Com ambos sem aura externa, só nos resta um combate a curta distância. Também estou caminhando de maneira aleatória para confundir seus ouvidos, sem exatidão na mira, qualquer outro projétil será anulado pela minha armadura.
Talvez seja pelo remorso vindo dessas circunstância em que ele se encontra agora, mas Variel começa a se recordar de seus dias há anos atrás, mais especificamente, de quando perseguia os irmãos Vanguard pela Floresta Cruzada com seus subordinados. Eram dias e dias constantes de viagem pela mata, tendo que no processo coletar rastros dos alvos para manter a exatidão do caminho e passar por locais complicados, como pontes frágeis de subidas complicadas ou vegetações muito densas, fora as complicações mais recorrentes como insetos ou tempos ruins de chuva. Não foi um tempo fácil, a expressão de Variel era quase sempre de desapontamento por ter que seguir com uma missão tão absurda, mas, nem tudo era ruim, como as noites em que o grupo de soldados se reunia por volta de uma fogueira para contar histórias e piadas idiotas enquanto comiam. Ele chega a se lembrar até de quando fugiu com seus homens de João Fran. Aquilo foi patético, o fazendo trocar de memória rápido, chegando a época em que Liche se uniu ao grupo.
— Disei... Rito... Seitou... Poll... Não se preocupem, mesmo que signifique o pior para mim, eu irei vingar vocês! — Mais uma veia se ressalta em sua testa pelo estresse, seu olhar fica mais afiado. — Seu bastardo, apareça logo! Apareça...!! APARE- — Variel se interrompe ao perceber que seu pescoço está próximo de ser rasgado pela lâmina de um facão. Ele também consegue enxergar a silhueta e o olhar sombrio de seu adversário, sendo esse o carrasco que acabou com tantas vidas nessa zona da montanha, o "homem estranho". Com apenas um instante do resplendor da imagem do inimigo que lhe causou tanta amargura, Variel é preenchido por uma ira colossal. — TE ACHEEEEEII!!! — ruge ao mesmo tempo em que se cobre com uma Aura Ofensiva, em sequência, se defende do golpe do facão com um balanço da sua espada, refletindo a arma do inimigo para cima com o clarão gerado junto das faíscas da colisão.
Tendo seu inimigo à frente completamente desprotegido, Variel não se permitiria perder essa oportunidade, lançando várias estocadas a partir de seu estilo de esgrima refinado. As dezenas de "flechas" vermelhas se aproximam do homem estranho que as observa com um olhar congelado, desviando de absolutamente todas com movimentos ágeis usando todo seu corpo. Variel tem sua atenção tomada por um balanço do inimigo, um com o outro braço que carrega uma das espadas que pertenciam a seus homens. Ele achou que seu inimigo não estava carregando outra arma além daquele grande facão, pois isso é algo inconcebível, porque alguém teria tanto apego em usar as armas das pessoas que matou recentemente? E pelas análises dos corpos de mais cedo, ele só havia as matado com o facão, entretanto, isso talvez se deva ao fato dele nem sequer ter demorado muito tempo lidando com suas vítimas para chegar a esse ponto de pegar outros equipamentos. Variel está preso em sua liberação da enxurrada de estocadas, não tendo esperado que o inimigo fosse conseguir uma brecha para atacar logo entre elas, lhe restando agora apenas a visão da arma do oponente se aproximando, uma com a marcação de um trevo no metal próximo do cabo.
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Rio Vermelho - A Corrida da Vida (Piloto)
FantasyEssa é a história de Rio Vermelho, a masmorra lendária. "Após uma perseguição violenta pela floresta, um homem encapuzado consegue fugir para Rio Vermelho, perdendo no processo boa parte das suas memórias. Cada andar tem uma ambientação diferente...