-- Capítulo 31: O na Armadura --

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  As folhas de um galho balançam com tranquilidade até repentinamente terem suas imagens engolidas por uma intensa luz laranja. Chamas densas engolem essa árvore, a consumindo com um aspecto apavorante. Um corpo incendiado desaba de um dos galhos para o solo, tendo a forma parcial do que deveria ser um humano, agora carbonizado. As engrenagens vermelhas de aura próximas de Renve se desfazem ao mesmo tempo em que ela abaixa seu braço direito, o utilizado para disparar as chamas. A moça emite um estalo alto com seus dedos, dissipando o fogo nesse exato instante.

  — Seria inconveniente se um incêndio se espalhasse por toda essa floresta. — comenta.

  Devido a luta que teve contra Richstol, o vestido da jovem tem alguns rasgos. Próximo dela estão espalhados outros corpos queimados, havendo ao lado deles armas em um estado quase tão decrépito do que eram antes seus donos.

  Renve se vira e parte desse local com passos tranquilos, algo que é estranho nas condições em que se encontra, afinal, os três pilares de luz estão sendo visados fervorosamente pelos outros participantes, então qual o sentido dessa calma? Aos poucos, ela desaparece nas sombras da vegetação, indo com paciência na direção que deseja.

  — Me pergunto quantos pessoas ainda estão nessa floresta… Preciso me livrar delas.

  Os galhos que foram queimados se desfazem no ar, tendo suas cinzas carregadas pelo vento. Os pilares de luz alcançando o topo da cúpula são um grande destaque no horizonte, mas Renve ignora essa rota, seguindo pela direção oposta. Sua meta não são os pilares, e sim, as almas restantes nesse bioma.

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  Areia é repelida pela pisada bruta de uma bota. Klay prossegue com sua corrida pelo deserto. Ele usa atualmente uma capa branca por volta de seu corpo, sendo segurada nele por volta da clavícula por uma corda. O rapaz ainda usa aquelas roupas desgastadas por baixo, mas optou por utilizar essa capa para, talvez, esconder os traços de sua situação lastimável.

  Klay para sua corrida, observando os arredores por um momento enquanto ofegante, após isso ele se senta na areia. Seu anel materializa algo com a luz vermelha, durante esse tempo ele desata as faixas por volta de sua cabeça. Os conteúdos construídos são de algumas porções de ração, que Klay consome com agressividade quando as aproxima de seu rosto. Com o tempo, os recipientes que continham o alimento vão sendo empilhados. O rapaz toma de uma vez toda a água de uma garrafa, a encarando em sua mão ao terminar, percebendo no processo que sua mão não consegue ficar estável, tremendo bastante só com o esforço de segurar esse item. Uma frustração vinda disso irrita Klay, o fazendo jogar a garrafa para longe ao se levantar. Ele senta outra vez e recoloca as faixas à volta de seu rosto, retornando a corrida ao estar pronto.

  Depois de algum tempo correndo, o rapaz cai. Sua crise está o atacando mais uma vez, isso dura alguns segundos dessa vez, mas para ele é uma eternidade agonizante. Estando recuperado, ele levanta e continua sua viagem com uma expressão cansada, mas que porta um olhar determinado. Os pilares de luz estão à frente, isso que o dá forças.

  — Isso é péssimo… Os únicos pensamentos que passam pela minha mente são de vários momentos em que morro de forma brutal em lutas por não conseguir me mover direito, sendo em todos os casos por culpa desse estado.

  Vários minutos se passam. Klay para ao ser atacado outra vez pelos sintomas intensos do seu estado. Isso não é uma sequela que ele possa se livrar só com força de vontade. Depois de um tempo de tortura com as sensações, Klay consegue se recuperar, ajeitando sua postura ao suspirar de alívio. Com a vista de volta ao normal, o jovem visualiza um grupo grande de pessoas não tão distantes de sua localização.

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