-- Capítulo 11: Voltas pela Ruína --

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  Klay está com a bochecha apoiada por completo nos tijolos de uma janela. A luz solar faz seus cabelos loiros e pele clara brilharem, talvez um pouco demais.

  — Às vezes me pergunto se está tudo bem em passar meu tempo assim na masmorra. — pensa, deslizando os braços por volta do queixo enquanto inclina a cabeça para um lado qualquer. — Em todo caso, não é como se eu pudesse sair, se fosse possível já teria feito. É… acho que não tem jeito, tenho que continuar subindo os andares em busca de pelo menos uma saída qualquer. — Vento passa pelo lugar balançando suas mechas longas. — Pelo menos não farei essa viagem sozinho, afinal a Renve está viajando comigo. E bem, não posso dizer que é ruim viajar com uma beldade impressionante como ela, hehehe. — Klay fica com um sorriso bobo por alguns segundos. — Outra coisa que também me vem à cabeça de vez em quando… minhas memórias. Deve ser natural essa preocupação. Eu ainda não sei de muita coisa sobre mim, não lembro nem do porquê daquela fuga que me fez entrar nessa masmorra. — A expressão dele aperta um pouco pela preocupação. — Urg… não gosto de lembrar daquilo, é doloroso recordar da minha carne queimando.

  Klay ainda está na ruína de tijolos amarelos, no terceiro andar de cinco. O ambiente é coberto de vinhas por algumas partes das paredes rachadas. O local em que ele se posiciona tem várias janelas formadas pelos espaços entre os pilares, essa abertura começa a partir da altura da sua cintura por mais uns dois metros para o alto, tendo uma faixa de tamanho semelhante em comprimento.

  — Se alguém ouvisse meus pensamentos, talvez se pergunte: "por que esse monólogo em um lugar como esse?" Como sou naturalmente um "retrucador", provavelmente faria o mesmo. — Klay fecha os olhos, parecendo incomodado com algo. Repentinamente ele levanta o corpo com as mãos o sustentado sobre os tijolos. — Respondendo sinceramente, eu só quero fugir da realidade de agora.

  Um dinossauro enorme, semelhante ao Tiranossauro Rex, caminha com passos pesados pela grama. A ruína forma uma espécie de retângulo nos limites desse andar, pelo interior da zona que ela cobre se espalha uma floresta tropical, com uma grande clareira no centro, que é por onde está o chefe do andar, sendo esse o dinossauro de pele composta por rochas escuras. Seu olho laranja passa uma forte impressão sanguinária. Klay o encara como se não acreditasse no que sua vista capta.

  — Que lagarto grande… ele é feito de pedras? — pergunta o rapaz. Fumaça vaza para o exterior pela parte de cima da janela em que ele está.

  — Ele é. — responde Renve, ela está assando em uma fogueira algumas partes de dinossauros menores, parecidos com um velociraptor. Alguns corpos mortos, que ainda não foram cortados, estão próximos. Suas peles são iguais a do chefe do andar.

  — Ei, vamos mesmo comer isso?!! — Ele se vira indignado na direção dela, tremendo o punho erguido.

  — E por que não? É carne.

  — Você não tem receio disso te fazer mal?! Mais importante, esses bichos fedem pra caramba!

  — Nisso tenho que concordar… Mas, temos que poupar mantimentos. Vimos que não é em todo andar que há criaturas comestíveis ou uma quantidade decente de rações em baús.

  — Ah… então é isso…

  — Sim! Você vai comer isso comigo! — Renve estende pelo osso um pedaço de carne para o rapaz, a textura dela é estranhamente escura. A moça está com uma expressão nervosa, também não parece segura sobre ingerir essa carne. — Pega, vai!

  — Maldição! — diz Klay ao pegar o osso.

  — Relaxa, por baixo da pele de rochas deles existe carne! É, isso é realmente carne, tem que ser! — fala ofegante.

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