-- Capítulo 38: Sacrifício Desnecessário --

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  A alta temperatura distorce a aparência do deserto nos horizontes.

  — Ei, seu maldito! — A voz de Sina soa. O machado que iria ceifar a vida do homem na armadura para subitamente ao estar bem próximo de concluir seu objetivo. — O que raios você está fazendo?!

  Cicrous, ainda congelado, encara a jovem com o pouco exposto de seus olhos afiados. Ela está com uma expressão firme de seriedade, não sendo afetada pela intenção hostil direcionada a sua pessoa.

  — E então… o que pensa que está fazendo? — pergunta Sina mais uma vez.

  Klay está embasbacado ao ponto de se manter boquiaberto. Nesse momento ele tenta entender o que está acontecendo, provavelmente falhando pelo quão confuso que seus olhos se movem. O na armadura olha para a moça com uma visão desfocada, sua consciência está prestes a desaparecer. Gotas de sangue caem da armadura para a areia.

   — Quem…? Quem é essa mulher?! — questiona Klay em seu interior. — Em todo caso, ela acabou de salvar a vida do sucata! Eu… Eu não sei se tenho coração para suportar outra virada de eventos como essa! Porcaria! — Klay acaba esboçando um sorriso nervoso, sentindo certo alívio pela possibilidade de seu aliado ser salvo dessa situação.

  Pici, a loba de Cicrous, está rosnando para Sina com uma expressão raivosa, se interrompendo ao ser encarada de volta pelos olhos dourados dela. Como se estivessem envolvidos em uma ilusão, as íris que assustam o animal se destacam em um mundo negro, elevando seus tamanhos a níveis colossais enquanto distorcem suas forma para a fitarem de cima. A loba encolhe seu corpo, correndo apressada para ficar ao lado do dono. Cicrous fica claramente incomodado por ter presenciado isso.

  — Antes de eu te destroçar, me responda. — fala Cicrous, mantendo um tom mais pesado que o habitual. — Por que está se envolvendo?

  — Bem… Eu tenho assuntos para resolver com aquele loiro. — diz corriqueiramente, indicando que é Klay com uma mexida brusca de sua cabeça.

  — Hein!? COMIGO?!! — O rapaz dá um passo para trás pela surpresa.

   — Se for por esse motivo, eu já o liberei, o que torna sua interferência fútil. — Cicrous apoia seu machado no ombro. — Tch… Já que você não sabia, eu vou deixar levá-lo sem conflito.

  Sina observa a condição que o na armadura se encontra, que é claramente péssima.

  — Bem generoso da sua parte, e seria bom terminar isso sem conflito… Mas… — Uma veia se ressalta na testa da jovem, sua irritação está transbordando. — ...eu não consigo me controlar vendo um retardado igual a você! Fala sério, pegando pesado com um cara quase morto?! Você é idiota?! Se eu não quebrar sua cara hoje não vou dormir essa noite!! — Ela cospe para o chão. — Ah, isso é claro, se sequer algo como uma noite for simulada nesse andar, hahaha!

  — Hã…? — Cicrous demora alguns segundos para digerir o quanto foi ofendido. — Sua…!!

  — Parece que se animou, hahaha! Cai dentro, seu estúpido!

  Cicrous toma uma postura de batalha, segurando firme seu machado para um futuro avanço. Sina adianta uma de suas para a frente e a outra um pouco mais para trás, abaixando seu centro de gravidade enquanto mantém totalmente caídos os seus braços equipados com as manoplas robustas. 

  Após alguns segundos de entreolhares, o avanço rápido de Cicrous marca o início da luta. Em um instante ele alcança a posição de Sina e, após uma pisada forte, ele desfere de uma postura aberta um golpe diagonal de cima com seu machado, deixando uma marca intensa da arma pelo trajeto. Sina vê a lâmina se aproximando sem esboçar nenhuma reação, tendo seu pescoço dividido de imediato pela passagem do machado, porém, nenhuma quantidade de sangue vaza.

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