Rio Vermelho - A Corrida da Vida (Piloto)

-- Capítulo 4: Limiar para o Desastre II --

De volta a realidade, uma rocha cai do pilar e acerta a cabeça do rapaz. Sangue escorre da testa para a borda do seu rosto, derrubando gotas pelo solo. Um sorriso largo se molda no semblante de Klay.

— Por algum motivo, lembrar dessa conversa me irrita! — exclama em sua mente, levantando a cabeça para encarar o inimigo que está bem próximo. O tempo da memória foi quase nulo no mundo real. — Mas foi bom ter vindo algo como aquela conversa, por causa dela… — Ele consegue se levantar apesar da dificuldade causada pelos ferimentos. — ...agora sei como realmente sou!

A criatura ergue o braço com a espada, liberando um ataque desde cima, do qual Klay esquiva com um salto para o lado, rolando pelo chão enquanto a arma colide contra o pilar, causando um estouro; uma nuvem de poeira engole a imagem da criatura com a explosão. O rapaz corre apressado para uma direção oposta a do monstro; a criatura sai da poeira em uma corrida frenética atrás dele.

— Pelo som, ainda estão trancadas… Bem, não é como se eu fosse fugir mesmo.

A visão de Klay deixa de se focar nas portas e se concentra em algo próximo no solo, sendo lá onde está a sacola com os itens dele, a que soltou antes de correr no rumo da espada. O rapaz a abre apressado quando a alcança.

— Tch! Preciso de algo para… — Depois de checar o conteúdo no interior da sacola ele olha para os lados em busca de algo que se encaixe no que deseja. Klay olha apreensivo para o monstro que se aproxima, não se alarmando por não ser em um ritmo tão rápido, existindo algum tempo para preparações antes da sua chegada. A atenção do rapaz é tomada pelo pilar destruído pelo monstro. — Não… vai ser complicado chegar nele com essa distância! — Ele olha para o pilar mais próximo. — Esse vai ter que servir! — Um sorriso se molda em sua expressão.

Klay se aproxima do pilar mais próximo, respirando fundo antes de tomar uma postura para socar. Sua expressão demonstra bastante concentração e seriedade com o que fará; começa devagar, mas gradualmente uma energia surreal de tom azul começa a fluir por volta de seu corpo, tendo uma aparência semelhante com a de chamas brandas. Este acontecimento atual é real, uma estranha aura está realmente fortalecendo Klay.

— Aquele cara que lembrei… — Seu pé pisa firme a frente. — Por algum motivo a presença dele me irrita e anima ao mesmo tempo! Hahaha! Que sensação estranha! — Ele projeta o soco pelo ar. Um estrondo soa com o acerto, refletindo algumas pedras quebradas do pilar. O rapaz mantém a pose de pós golpe por alguns poucos instantes, seus dedos e metacarpos sangram por não ter usado a mão com manopla, forçando-o a manter um sorriso para ocultar a dor, algo que falha por seu olho restante expor por piscar várias vezes.

Klay pega apressado as pedras que saíram do buraco que fez com o impacto, correndo em seguida para onde está a sacola. O monstro se prepara para o atacar com a espada, estando quase na distância certa para finalmente poder agir. Seus passos pesados soam alto pelo local. Klay se vira enquanto arremessa algo para o alto, a atenção da criatura é tomada pelo objeto acima de sua cabeça. Após girar seu cotovelo como um arremessador de beisebol, o jovem lança uma das pedras que pegou e, sem erro, estoura o frasco no ar, um repleto de líquido verde. Toda essa água, ou melhor, todo esse sangue cai sobre a parte superior do corpo do monstro, começando a corroê-lo por onde se espalha, o que imediatamente faz a criatura segurar o rosto pela aflição que a ardência causa. Vapor é gerado da carne ferida, a espada pesada cai no solo.

— Ótimo! Mesmo com só um olho, consegui mandar bem no alvo! — Sem hesitar ele se move em busca de outro frasco. Quando Klay se vira, fica exposto em sua mão os três frascos cheios com o sangue que pegou dos monstros nas salas anteriores, carregando-os pelas bocas finas presas entre seus dedos. Não são objetos pequenos, tornando fácil acertá-los no ar com. — Hora da segunda rodada!