-- Capítulo 43: Almas Turbulentas --

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  O cabelo vermelho como sangue de Renve balança com a passagem do vento. O lugar em que ela está sofre alterações constantemente em sua estrutura, mudando de um altar para uma espécie de pequeno castelo. Nada disso interrompe a intensidade dos pilares de luz. O chão se abre, formando uma queda perigosa à volta da construção, com o fundo tomado pela passagem da mesma água vermelha que existe na armadilha localizada no centro da cúpula.

  Uma ponte feita de tocos de madeira e rochas se forma por cima de parte da circunferência da queda, ligando a floresta para onde os pilares de luz estão, sendo praticamente a única forma de entrar no local pela largura da fenda circular.

  Renve está sentada no alto de uma torre do castelo, saindo dessa posição para saltar pela construção e chegar a ponte, por onde pretende receber seus primeiros visitantes. Ela olha lateralmente para a floresta, vendo a aproximação de duas silhuetas pelas sombras.

  Richstol é o primeiro a se revelar da escuridão. Apesar de ter se curado, sua aparência é deplorável, estando com as roupas em péssimas condições. Seu rosto está carregado de ódio, encarando Renve com toda a hostilidade que tem guardada. Ele aperta mais forte a lança dourada que porta em uma das mãos.

  O dono da outra silhueta também se expõe, sendo esse Zesteri. Seu corpo robusto é o que mais se destaca no lugar, sendo o único totalmente ileso.

  Os dois apareceram de pontos distintos da mata, parando seus passos depois de se afastarem das árvores nessa clareira. Renve é a ponta do triângulo, podendo parecer, de certa perspectiva, estar no centro deles em sua posição. Os listras azuis aumentam a pressão do local com a troca de seus olhares.

  — Vocês demoraram — fala Renve, sendo a primeira a romper o silêncio com seu tom frio.

  — Que estranho… — Zesteri relaxa um pouco sua postura, pondo as mãos na cintura ao falar. — Você não passou pelo objetivo mesmo com ele bem na sua frente. Por quê?

  — “Algo” meu ainda está faltando, estou na espera dele.

  — Entendo… 

  — O nervosinho aí tenho certeza que não vai aceitar o que vou propor agora, mas farei para você: Se quiser pode passar por mim e reivindicar uma das vagas. Não vou impedir seu avanço se concordar.

  Uma aura densa de cor verde escura vaza como vapor do corpo de Richstol, que está com a postura abaixada, estando praticamente congelado nessa pose.

  — É uma grande oferta —, responde Zesteri, — e é impossível de recusar… 

  — Só que mesmo assim você não vai aceitar.

  — Exatamente! Ha ha ha! Você é bem sensitiva! — Apesar de estar com um sorriso no rosto, ele fica com um olhar sério. — É, vai ser como disse: vou recusar. Afinal também quero esperar alguém, por mais ilógico que isso seja.

  Zesteri se recorda de um momento em que treinava com Sina quando mais jovem.

  — Agora que estamos claros, vamos come- — O estouro de liberação da aura de Richstol interrompe a frase do outro rapaz. Seu fluxo está absurdo, vazando descontroladamente para todos os lados. O rosto dele se contorce mais à medida que suas memórias vão aparecendo na sua mente.

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  Richstol, em sua aparência mais jovem, está sentado em um banco, estando com a consciência claramente abalada.

  —...Isso é tudo sobre a morte de seu irmão. — comunica o homem à sua frente. Essa pessoa usa o traje de um mordomo.

  — Você não disse o mais importante… Quem matou ele? — fala a última parte com um tom sombrio.

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