-- Capítulo Final: Despedida Repudiável --

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  O corpo de Klay ameaça cair para o lado, impedindo uma queda ao ajustar a posição da perna. Sua respiração está densa. Ele tem dificuldade até para erguer a postura, olhando neste tempo, por uma brecha entre as mechas caídas, o derrotado. O Homem Estranho está caído sem esboçar qualquer sinal, pois a morte já o havia alcançado.

  A visão do rapaz embaça, sangue escorre de sua boca e nariz, o que o deixa surpreso. Todo os esforço absurdo que ele fez hoje está cobrando sua vida.

  — K-Klay!! — chama Sina. Em seguida ela tosse forte.

  Ele se vira e vê a jovem, reparando no estado grave dela enquanto se aproxima com passos lentos.

  — Klay! — As pernas dele fraquejam, derrubando-o para o lado, mas evita ficar deitado com o suporte dos braços. — Você... foi muito bem! Pegue no- — Ela tosse. — Pegue... no meu bolso... — Mais tossidas a atacam, sujando a grama com mais manchas vermelhas.

  O rapaz consegue se levantar, achegando-se de Sina para verificar um bolso na calça dela; retirando sua mão de lá com uma pílula vermelha. Ele observa o medicamento na palma por alguns segundos, após isso fecha a mão sobre ela ao ponto de quase apertá-la, sendo impedido pelo toque de Sina em seu pulso.

  — Não! Você d-deve saber... que as medicinas daqui não prestam mais se forem danificadas. Não precisa dividir comigo... Ela é muito fraca para me ajudar...  Por que acha que fiquei sem tomar? Seria inútil na minha situação, hahaha... — Klay segue em silêncio. O tom da jovem piora com o passar do tempo. — Desculpe... por não ter sido... útil na luta... Não hesite... Vá!

  Tudo está branco para os olhos de Sina, vendo com dificuldade uma forma humanoide e algumas manchas verdes circulando à frente. Suas pálpebras caem, encobrindo a maioria das íris feitas de traços sem brilho, que tremem pela falta de solidez no aspecto. Mesmo nessas condições ela molda um largo sorriso no rosto, dando para Klay uma vista radiante de sua expressão. Apesar de estar de "noite", ela se encontra coberta pela luz do sol, selando seus olhos que não veem mais nada.

  — Anda! Vai ver a sua garota!!

  Enquanto ela tosse por ter se esforçado demais nessa fala, a boca de Klay se abre para dizer algo, se fechando em respeito a situação. Ele coloca a pílula sobre a língua e engole. Vapor começa a ser liberado do corpo, distorcendo a região próxima como brasas de fogo, evaporando todo seu suor.

  O rapaz fica em pé, quase mais nenhum vapor sai dele. Ele não foi totalmente curado, as principais feridas foram tratadas só até o ponto de que não pudessem atrapalhar muito. Com ao menos parte do vigor restaurado, Klay se vira e fica parado por alguns segundos; em sequência corre para ir em busca do objetivo, o único do grupo ainda em condições para isso. Sina o observa partindo, deixando a consciência esvair enquanto o rosto cai devagar sobre o solo. Ôrtemes, assim como o carrasco, não expõe qualquer reação desde que foi derrotado.

  As imagens das árvores ficam rápido para trás, afinal Klay é veloz, avançando com uma expressão de seriedade que indica o quanto está imerso nisso.

  — Não vou esquecer nada do que aconteceu — pensa. — Não mais. Essa memória, assim como as outras, me pertencem. Serei eternamente grato a tudo o que os dois fizeram por mim! — A força em seus passos aumenta. — Sei que você já conquistou um dos objetivos, Renve. Então apenas me espere, irei te alcançar em um instante!

  No local dos pilares de luz, ou melhor, do único restante, a silhueta de Renve está sentada sobre uma parte alta do castelo, com as sombras cobrindo toda sua parte frontal. As águas vermelhas por volta do lugar se movem rápido, como um rio malicioso.

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