-- Capítulo 17: Noite do Caos --

46 12 20
                                    

Os galhos das árvores balançam levemente pelo vento, a paisagem é banhada por uma luz semelhante a do pôr do sol, tingindo boa parte do verde com seu dourado. Esse brilho é irradiado do pico de uma morro, tornando doloroso uma visão fixa do centro sua intensidade por tempo demais. Sons de botas amassando a grama com seus passos soam.

— Esse lugar parece até o lado de fora! — comenta Klay, entusiasmado com a vista.

— Eu não acho. — retruca Renve. Ela olha para o chão, troncos, galhos e arbustos. — Se você focar nas características do ambiente, vai se sentir apreensivo.

— Hã? Como assim?

— Aqui era para ser uma floresta, mas não há nenhum rastro de insetos ou animais, nem sequer barulho de monstros estão soando.

— Agora que você falou... — diz pensativo, ele segura seu queixo. — Lembro de quando eu vivia com minha irmã naquela floresta. — pensa. — Realmente... se for comparar com o que sinto aqui, bem... devo dizer que não sinto... "vida"?

Quando Klay nota, Renve está comendo uma fruta de aspecto peculiar.

— Se você acha esse lugar tão suspeito... POR QUE ESTÁ COMENDO UMA FRUTA QUE ACHOU POR AÍ?!! — o estresse faz o rapaz mexer seus dedos sem controle.

— Ora! Porque estou com fome, óbvio! Você não come quando está faminto?!

— Claro! Só que não uma fruta que eu achei em uma árvore desco- — Renve termina de comer a fruta com o combo repentino de mordidas. — EI!!! Não me ignore!!

— Em todo caso, vamos deixar pra falar sobre isso depois. Vamos checar a nossa direção outra vez.

— Desviando do assunto de repente... — pensa Klay, ele faz ruídos estranhos com a boca, como um cachorro reclamando sobre algo.

Alguns galhos cheios de folhas tremem bastante. No meio ao verde surge o belo rosto de Renve, logo também o de Klay. Eles subiram em uma árvore para terem uma visão melhor da morro, que por sinal, ainda está longe.

— Aparentemente não há nenhum outro lugar para checar além daquele morro. — ressalta Renve. — Esse andar parece ser simples, porém isso é suspeito. Fora que ele é o maior andar que já estivemos até agora, em todas as direções.

Klay se concentra no alto, percebendo com os segundos que o céu tem alguns estranhos reflexos de luz, como um espelho. Isso também acontece em algumas paredes transparentes. Ao menos de largura, o andar não é tão grande quanto parece.

— É como você disse, essa floresta é estranha. — o rapaz se foca no aspecto das plantas. — As árvores além de serem todas da mesma espécie, têm o mesmo tamanho, independente para qual lado eu olhe! E- — Klay é pego de surpresa pelas mãos de Renve segurando seu rosto pelas bochechas. Com um sorriso animado, ela vira gentilmente sua face. O cabelo do jovem está repleto de folhas, uma franja cobre um de seus olhos. A situação o deixa surpreso. — O-O QUÊ!!?

— Estou orgulhosa de suas observações. Hm... Seu rosto é bem feminino e fofo se olhar de perto, fufufu~.

Klay sente sua alma ser apunhalada por essas palavras, sangue espicha pelo borda de sua boca.

— Então eu não pareço um cara viril...? — pensa o rapaz, deprimido. — Ei, isso não é bem ruim?! Afinal eu já devo ser quase um adulto. Sendo chamado de femi... Esquece, na verdade nem eu tenho certeza de qual a minha idade...

— Er... Algum problema?

— Nada... Urg...

— "Urg?" — Renve fica pensativa. — Ele me disse antes que não lembra a sua idade, mas após observar seu corpo durante esse tempo em que convivemos... chuto que ele tenha por volta de 15 ou 16 anos. — conclui. — De todo jeito, os jovens de Karsia realmente são algo, hein? Fufufu~. — diz enquanto continua observando a aparência dele.

Rio Vermelho - A Corrida da Vida (Piloto)Onde histórias criam vida. Descubra agora