-- Capítulo 41: Realidade Devastadora II --

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  De volta ao presente, a horrível situação em que o jovem de cabelo branco se encontra continua. Sua sorte o fez durar muito tempo, não tendo sido atacado diretamente ainda em sua corrida, uma que faz com todas as forças que possui. A sua vida está acesa, mas parecendo estar por um milagre, basicamente, sorte. Constantemente ele sente a presença de projéteis indo em direção a suas costas ou de alguém se aproximando para tentar o matar com um ataque, o que aumenta a tensão em sua face.

  O rapaz implora em sua mente que seu fim seja o mais rápido e indolor possível, porém, a morte não o alcança. A situação ao seu redor piora cada vez mais, pois o fato de os pilares de luz estarem no centro de uma área circular, faz com que os competidores fiquem mais próximos dos outros com o passar do tempo pela diminuição da circunferência de proximidade, o que consequente força mais conflitos. E isso não seria tudo.

  Um som estranho começa a soar pelo lugar, chegando aos ouvidos dos participantes. Os que têm uma audição mais apurada notaram o que vinha a seguir, mas para os demais na linha de frente, só resta um futuro trágico. Em uma circunferência que ronda o objetivo próximo, o chão subitamente desaba, levando consigo muitos dos menos cautelosos na linha de frente que buscavam os pilares de luz.

  Uma queda impressionante, isso resume o quão funda é a armadilha que se abriu. No fundo dela se move uma densa correnteza de água vermelha, uma que não tem qualquer brilho, o que a difere da que existe nos degraus de transição entre andares. Existem treze metros de uma borda a outra. Os que desabaram não esboçaram mais nenhuma reação ao tocarem no líquido, nem sequer uma tentativa de chegar ao exterior para respirar, o que notifica para os de fora: que os que caírem ali vão ter uma morte absoluta, sem mais, nem menos.

  O jovem não caiu na armadilha, tendo se salvando por ter estado em uma linha atrás da última que foi pega. Mas isso não o causa muito alívio, afinal logo ele percebe que ainda vive em uma realidade ruim. As pessoas que compartilharam dessa linha de frente com ele estão sendo mortas pelos de trás; e logo chegará sua vez. Alguns corpos caem na armadilha.

  — Esse é definitivamente o limite! — pensa o rapaz, olhando com pavor para o vermelho nauseante. — Não há mais nada que eu possa fazer!

  O chamado da morte finalmente o alcança. Um homem se aproxima com uma lança, se preparando para atravessar o jovem pelas costas.

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  Uma memória é revivida. O rapaz abre a porta de uma casa de madeira pequena e velha. Seus pequenos irmãos correm animados até ele, o abraçando com brutalidade. Ele tenta os conter, só que é inútil, então acaba aceitando o que intencionalmente deveria ser um gesto de carinho com um sorriso tenso, mesmo que suas costelas sofram no processo.

  Em uma cadeira, costurando algo à mão, está uma mulher com longos cabelos brancos, que possuem uma extensão que se iguala ou ultrapassa o tamanho de seu corpo, e não que ela seja baixa. As roupas de todos ali são simples, menos a do rapaz por estar usando um uniforme.

  — Ah, mãe! Eu trouxe uns tecidos melhores para a senhora usar!

  — Nossa… obrigada.

  — Hm… não gostou deles?

  — Claro que gostei… Mas estava pensando que você sempre gasta todo o dinheiro que consegue conosco… Deveria comprar mais coisas que gosta.

  — O que está dizendo, mãe? — diz com uma tom determinado. — Não tem nada que eu goste mais do que vocês, então é natural que eu não gaste com mais nada. Não se preocupe.

  A mulher o olha com surpresa por um momento, abaixando sua cabeça em seguida para voltar a focar na costura com um sorriso modesto.

  — Ah… Eu não mereço a benção de ter um filho como você…

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