-- Capítulo 20: O que Acolheu II --

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  Pássaros voam pelo belo céu da manhã até pousarem em um campo de grama. Uma carroça está estacionada em uma estrada de terra que corta a densa floresta à beira de um rio. A flora atualmente possui um aspecto de cores intensas devido à primavera. Dentro da carroça está Kelicia deitada, lendo seu livro enquanto as bordas do transporte protegem seu rosto do sol. Ela usa um vestido simples de cor amarela com alças finas, algo mais casual.

  João e Klay treinam em uma parte da margem bem próxima da correnteza suave de água. O jovem está sem camisa, usando apenas uma calça longa de linho. Sua camisa e botas estão organizadas mais distantes pela grama, longe do alcance dos dois. João usa uma camisa e calça também de linho. O sol dá ao rio um aspecto brilhante, tornando e destacando as silhuetas escuras de Klay e João com sua intensidade. Um pé é arrastado pelo solo, o jovem tenta socar João enquanto coberto por sua aura de efeito, mas ele esquiva de seu ataque facilmente, o deixando envergado no ar. Em seguida, o homem o desequilibra com um balanço simples de sua perna na do garoto, o fazendo cair na água sem muita reação. O rio não tem uma borda rasa, então Klay fica espantado ao sentir seu corpo desaparecendo na água, surgindo apressado para a superfície e nadando de volta à terra firme.

  — EU JÁ TAVA VENDO TUDO BRANCO!! — pensa Klay, estando ofegante do susto.

  — Quantas vezes eu tenho que dizer para se concentrar mais?! — reclama João.

  — Estou tentando!

  — Vamos, isso não deve ser tão difícil, sua própria aura já demonstra naturalmente indícios dessa suposta técnica. Tudo o que você tem que fazer é a aprimorar! Quando quiser revestir seu braço, imagine cada músculo que o compõe trabalhando, sejam flexores ou extensores, visualize todos! — ele levanta seu braço até a altura do peitoral e cerra seu punho de maneira determinada. — Talvez essa parte de visualizar os músculos em específico ainda seja muito difícil para ele… — pensa. — Em todo caso, tente sempre imaginar o interior do seu corpo sendo revestido! Senão o seu exterior não vai suportar o revestimento! — fala.

  —  Droga! — Klay faz barulhos de descontentamento igual um cachorro. — É muita coisa para decorar! Seu pervertido repulsivo!

  — E lá vai você de novo! Eu não sou um pervertido, seu garoto maldito! — retruca. — E desde quando esse pequeno idiota sabe uma palavra "mais formal" como "repulsivo"? — considera.

  Os dois ficam com as posturas avançadas se encarando, ameaçando iniciar uma briga a qualquer instante.

  — Ah é? Tem certeza? — pergunta Klay com deboche, em seguida esboça um sorriso sarcástico.

  — Claro que tenho, seu mijão. — cochica João, escolhendo esse volume e tom para o intimidar, como um valentão.

  — Mijão!? É o quê?! — o garoto perde a compostura, ficando vermelho pelas memórias revividas com isso. — S-só foi uma vez a noite…

  — Hohoho, um rapaz dessa idade, ou devo dizer, um homem dessa idade ainda tendo acidentes assim a noite! Que lastimável, né? — caçoa com a boca formando um bico e os olhos para cima, procurando o perturbar mais ainda com o uso da careta. E funciona.

  — Então vai ser assim…! Nesse caso…! — diz com o rosto abaixado e os ombros tremendo. — Kelicia, olha aqui por um momento!

  Ao ouvir o chamado, Kelicia, com certa preguiça, se move de quatro pela carroça até sua borda. Tendo a aparência de uma jovem adolescente, ela não é dotada de um corpo bem desenvolvido, mas sua beleza ainda é estonteante. Uma das alças de seu vestido está caído e isso junto de seus belos lábios e longos cabelos loiros a fazem ter um ar angelical afetando seu desenho.

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