Simplesmente - Amores Inesquecíveis (Um Romance Lésbico)

Capítulo 25

- Como já sabemos Noah não era tão bom atirador como aparentava ser, as vezes infelizmente as vítimas davam o azar dele acertar em cheio a cabeça, causando assim uma morte imediata. - Contava Scarlett após Eloá ter tomado um copo de água com açúcar e aparentar estar mais calma. - Naquela noite, você viu sim Sharon deitada no chão com aquele lençol. A princípio haviam dado óbito a ela ali, mas quando iam colocá-la no saco preto, ela apresentou algum sinal o que assustou quem estava próximo. Que no caso era os rapazes e eu. Os demais agentes cuidavam de manter os curiosos longe e estudar a cena do crime. - Prosseguia séria. - Eu pedi que fingissem fechar o saco, caso o atirador ainda estivesse por perto de passando por um dos curiosos. Mas entrei na ambulância junto para ter certeza do que havíamos visto. Mudamos o trajeto para o hospital, e enquanto estávamos a caminho Sharon demonstrava que não queria morrer, ela estava lutando para viver. - A medida que Eloá ouvia o que sua mãe dizia, lágrimas brotavam novamente em seu rosto. - Eles fizeram os primeiros socorros ali mesmo na ambulância pois ela já havia perdido muito sangue, seus batimentos estavam fracos, mas era um alívio saber que seu coração ainda batia. O primeiro tiro ele apenas a derrubou, acertou em sua perna. O segundo que ele deu para matar, acertou de raspão em sua cabeça. Ela caiu com o impacto, e com o choque que sofrera, seu coração parou por uns instantes, fazendo todos acharem que ela estava morta, inclusive ele. - Scarlett fez uma pausa novamente, então continuou. - Ela foi levada as pressas para a UTI. Eu pedi que mantessem total sigilo sobre o que aconteceu ali, pela vida dela, porque temíamos que se ele soubesse que ela havia sobrevivido ele iria tentar matá-la novamente. Até porque ela o viu e foi a única sobrevivente dos ataques dele, antes de mim.

- Meu Deus... - Sussurrou Eloá fitando o vazio.

- Pedi que não contassem a família, não naquele momento. Pedi que dissessem que ela havia sido levada para análise, antes de liberarem o corpo para o funeral. - Continuou Scarlett. - Então sai as pressas do hospital, deixando claro que me ligassem imediatamente caso houvesse alguma alteração no quadro médico dela. Fui para o distrito e me deparei com o pai dela, ele estava furioso, fora de si, e não era pra menos, até eu ficaria, mas não podia contar nada a ele naquele momento ou ele estragaria tudo e colocaria em risco a vida dela. - Ela respirou fundo. - Quando recebi a ligação de que Sharon estava fora de perigo, eu fui até o hospital sem que ninguém soubesse. Ela parecia dormir tranquilamente, seu coracao agora batia com mais força, porém por ter perdido muito sangue ainda estava fraca para acordar. Então teve que receber doações. - Disse a olhando. - Logo vi que era o momento de contar a família dela, mas os pedi que mantesse total sigilo. Então dei a idéia de fazer um funeral falso para ela. Mesmo doendo em mim te ver daquela forma. Eu precisava fazer isso pela segurança dela. Eles acharam que não ia ter como, mas eu disse que como todos achavam que o tiro havia atingido em cheio a cabeça dela, o caixão poderia ser lacrado. Assim ninguém saberia que estava vazio. O pai dela deu a idéia de colocar alguns mantimentos dentro do caixão para dar peso, para ficar mais realista... Qualquer um que não estivesse tão abalado com a possível morte de Sharon, acharia estranho o pai dela não ter insistido em caçar o assassino com as próprias mãos. O afastamento dele do caso, me deixou preocupada, pois qualquer um ali que tivesse a filha ou alguém da família baleado, iria querer a todo custo vingança. E ele simplesmente sumiu. Mas estavam todos tão comovidos que sequer notaram esse detalhe. - Scarlett olhava para Eloá com pesar. - Ele achou melhor tirá-la da cidade, até que tudo fosse resolvido. E me fez prometer que acharia o culpado por isso, disse que acreditava no meu potencial e sabia que eu conseguiria encontrá-lo. Então fizeram uma transferência dela, para um hospital em outro país. Eu queria te contar a todo instante, ainda mais por vê-la sofrer daquela forma, mas não podia... E espero que me perdoe por isso.

- Onde ela está? Como ela está? - Disparou chorando.

- Eles foram para a Espanha. - Respondeu respirando fundo. - O pai dela disse que quando ela despertou, não lembrava-se de nada daquela noite, apenas dizia que havia tido um pesadelo ruim com um garoto que a deixou sozinha na estrada, e ela perguntava a todo instante por você. - Acrescentou a olhando. - Ele respondeu que ela havia sofrido um assalto, e estava desacordada desde então. Não tinha como mentir sobre um acidente, já que haviam marcas de tiro em seu corpo. Disse que preferia que ela soubesse apenas disso, e não que o rapaz que um dia se disse melhor amigo dela também, havia tentado matá-la... Sim agora eles sabem que foi o Noah, eu liguei para eles pouco depois de sairmos da casa de Spencer para dizer que havíamos pegado o assassino.