Capítulo 26

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A viagem ao centro psiquiátrico foi em silêncio, ninguém falava nada dentro do carro. Foram longos minutos assim, até que finalmente chegaram. Quando Scarlett chegou ao local, estranhou ver carros de polícia na porta, e alguns homens saírem com um corpo numa maca, esse estava dentro de um saco preto. A energia estava bem pesada no local, e não precisava ser médium pra sentir isso. Logo ela estacionou o carro e saiu do mesmo seguido por Eloá, e ao aproximar-se estranhou mais ainda ver a mãe de Noah ali chorando.

- Sra Petterson, está tudo bem? - Perguntou Scarlett com receio. Para ela, Noah havia feito mais uma vítima, mas agora dentro do centro psiquiátrico.

- Meu menino se matou!! - Revelou as pegando de surpresa.

- O que? Não, ele não faria isso... - Indagou Eloá, mas não sabia se isso era o certo a dizer já que ela pensava que Noah jamais faria tantas coisas e ele fez.

- Eu... Eu sinto muito. - Disse Scarlett a olhando.

- Tudo culpa daquele maldito, ele acabou com a vida do meu filho, e agora com a minha. - Despejou entre o choro.

- Mas por que ele faria isso? - Perguntou sem entender.

- Tome, ele deixou isso pra você, talvez aí ele diga o porque. - Respondeu estendendo um papel para Eloá. Essa hesitou em pegar de princípio, mas logo pegou o papel. - Acredite, ele não era mau, ele sempre foi um bom menino. Noah sonhava em ser campeão no colégio, sempre se esforçou nos estudos, ele era incrível... - Dizia entre o choro. - Eu devia ter notado quando ele estava precisando de ajuda. Como pude ser tão cega? COMO MEU DEUS?!! - Exclamou chorando ainda mais.

Logo a mãe de Noah passou mal e precisou ser socorrida de imediato, Eloá estava inerte com aquele papel em mãos, que por cima estava escrito “Para minha querida Eloh”. Eloá engoliu a seco, e logo seguiu para o carro de sua mãe, a deixando ali. Scarlett ainda conversou com a equipe que estava ali e só então depois de entender o que houve, dirigiu-se ao carro e achou que fosse melhor tirar sua filha dali.

- O que ela quis dizer quando disse que foi tudo culpa “daquele maldito”? Quem é o maldito? - Questionou Eloá olhando para Scarlett enquanto a mesma dirigia. Scarlett estava séria, não acreditava que tudo havia chegado a esse ponto.

- Independente do que esteja escrito nesse papel, você vai precisar ser muito forte. - Aconselhou. Foi o que apenas conseguiu dizer. - Está vendo o por que não queria te trazer a este lugar? Não é lugar para você. É um ambiente muito pesado e... Merda... Noah está morto. - Disse em seguida não acreditando no que havia visto.

- O que te disseram? - Questionou a olhando.

- Não acho que vá querer saber. - Respondeu olhando para frente.

- Para o carro! - Pediu. Mas Scarlett continuou dirigindo. - Para o carro agora! - Exclamou quase que numa ordem. Scarlett então jogou o carro no acostamento, parou e a olhou séria.

- Desde quando acha que pode me dar ordens? Você tem todo direito de estar brava comigo, mesmo que seja por não entender que tudo o que fiz até agora foi pra te proteger. Nunca mais fale daquela forma comigo, entendeu? Nunca mais fale dessa forma comigo! - Esbravejou a assustando. - Eu sou sua mãe porra! E não vou permitir que fale comigo dessa forma outra vez.

- Me desculpa... - Disse quase num sussurro.

Scarlett respirou fundo para controlar sua raiva que a tempos não aparecia. Fechou os olhos uns instantes encostando a testa no volante e então os abriu novamente, ergueu a cabeça passando uma das mãos em seus cabelos e a olhou.

- Essa noite, ele pediu a todo momento para falar com você, nem que fosse uma última vez... - Iniciou contando o que disseram a ela. - Mas pensaram ser paranóia dele, disseram que ele não veria ninguém. Então ele pediu uma caneta e um papel. Com receio ainda assim o entregaram, com a condição de que ele ficaria quieto. Depois disso não ouviram mais nada, pensaram que havia dado certo. Hoje pela manhã, foram tirar ele do quarto para ele tomar café junto com os outros. Quando chegaram, o encontraram enforcado com o próprio lençol de cama. - Finalizou. Eloá não pôde evitar que lágrimas percorressem seu rosto. - Eu sinto muito, mas foi isso. - Ela engatou a marcha novamente e acelerou saindo dali em seguida.

Simplesmente - Amores Inesquecíveis (Um Romance Lésbico) Onde histórias criam vida. Descubra agora