***Esteban
Depois de seu ato muito gentil de me livrar da surra que eu estava levando de Bryan, Ralph, com toda a simpatia e atenção me levou para comer.
Passamos em uma lanchonete no caminho e ele comprou alguns lanches e sucos. Preferi aguardá-lo no carro, ele até fez questão que eu o acompanhasse até o estabelecimento, mas me recusei devido a vergonha de estar com o olho inchado e também com o nariz com uma mancha roxa e vestígios de sangue... Me olhar no espelho retrovisor interno do veículo do garoto, me causou uma tristeza enorme.
Como se já não bastasse o meu pai me causar marcas, agora um garoto que eu mal conhecia e não entendia o motivo de ter tanto ódio de mim, também havia marcado meu corpo... Mas as piores marcas eram causadas na minha alma.
Ainda me encarando no espelho retrovisor, peguei a ponta da camisa e levei até o nariz, onde comecei a limpar o restante de sangue que ainda havia ali. Senti uma dor bastante incômoda.
Meu olho estava bastante inchado, no canto da boca eu tinha outro hematoma, mas não tão evidente quanto o do nariz. Aquelas marcas fizeram eu me preocupar... Seria uma situação mega constrangedora eu já chegar no meu primeiro dia de trabalho na clínica com o rosto daquele jeito... O que doutora Suzana iria pensar?
Eu tinha medo que a chefe da clínica pensasse que eu fosse um baderneiro brigão qualquer e desistisse de me contratar. Bryan havia me prejudicado.
Eu me sentia tão mal por aquela situação, mas eu sequer tinha vontade de chorar... Acho que minhas lágrimas já haviam secado por conta das tantas vezes que meu pai já tinha me feito chorar.
Aproximei ainda mais meu rosto do espelho e me olhei bem de perto, cada detalhe... Os olhos tristes, a pele alva que cada vez mais acumulava pequenas cicatrizes, eu tinha certeza que aquele pequeno corte sobre o nariz se tornaria mais uma delas.
Ouvi a porta do carro se abrir, indicando que meu salvador havia retornado. Em mãos ele trazia dois pequenos sacos de papel e duas pequenas garrafas.
Me afastei do espelho e voltei a me recostar no acento confortável daquele veículo. Ralph sentou-se, colocou os sacos no espaço entre os dois bancos, em seguida também colocou uma das garrafas no porta copos enquanto segurou a outra na mão.
Antes de dizer qualquer coisa, ele se aproximou mais de mim e colocou a garrafa que segurava sobre meu olho inchado. Senti um leve choque. Quando eu ia abrir a boca para falar, ele disse:
- Já que não consegui achar gelo, trouxe essas garrafas de bebidas geladas. Precisamos colocar sobre esses hematomas para que não fiquem tão feios.
- Será que ainda tem como eu ficar mais feio? - Dei um meio sorriso forçado.
- Para de falar besteira, cara! - Ralph me repreendeu falando de forma um tanto cômica. - Tu é maior gato.
- Nem sou. - Senti meu rosto corar.
Peguei a garrafa que ele segurava sobre meu olho e em seguida me afastei dizendo:
- Pode deixar que eu faço isso. Não precisa se dar esse trabalho.
- Tá bem. Depois coloque sobre o nariz também. Vai ajudar a desinchar.
- Obrigado, Ralph. - Agradeci por fim.
O rapaz aproveitou aquele breve momento de silêncio e se ajeitou no seu acento. Em seguida ele puxou a porta do carro, para assim fechá-la.
Ele pegou um dos sacos de papel, abriu, olhou dentro e me perguntou a seguir:
- Eu não sei do que tu gosta de comer, então comprei uns tacos. Você curte?
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B and E [Livro 3]
Teen FictionEste spin off de O Belo e o Fera, se passa depois dos eventos que mudaram a vida de Thales e seus amigos. Conta a história de Esteban e Bryan, dois jovens comuns, com vidas totalmente diferentes, seus ingressos na faculdade, suas rotinas. Porém, e...