Rompendo Laços

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***Bryan

Eu nunca imaginei que pudesse ter tanta coragem. Dizer aquelas palavras para minha mãe foi algo que nunca passou pela minha cabeça...

Também nunca imaginei que a reação dela pudesse ser positiva daquela forma... Sequer suspeitei que ela já sabia de toda a minha verdade... Foi uma grata surpresa para mim ouví-la pedir que eu me abrisse por completo, pedindo que eu aceitasse quem eu era.

A intenção dela, com certeza, foi a melhor possível... Mas será que eu, de fato, conseguiria me aceitar? Aceitar ser algo que a gente sempre ouve terceiros criticar nunca é fácil, e no meu caso não era diferente.

Mesmo eu tendo aberto o jogo com dona Vallentina, eu sentia um imenso vazio por dentro, uma sensação de impotência e insuficiência enormes. Eu só queria e só conseguia chorar.

Ainda sentado na minha cama, enquanto a mulher afagava meus cabelos e tentava me mantar calmo de todas as formas possíveis, eu ouvia cada palavra carinhosa que ela tinha a me dizer:

- Me escute bem, meu filho. Eu não sei bem por tudo que você tem passado. Eu não entendo bem o que te machuca tanto, mas eu preciso que você saiba, que eu estarei sempre aqui... Ao seu lado... Para segurar sua mão e dizer que vai ficar tudo bem... Eu fico completamente destruída por dentro quando te vejo sofrendo... Me sinto impotente! E uma coisa eu te garanto: nenhuma mãe que ama tanto um filho deveria se sentir assim... Eu só queria ser sua heroína! Ser a pessoa que você pode se apoiar e contar para tudo!

Minha mãe não conseguia parar de chorar. Ouvir aquelas palavras me deixavam ainda mais arrasado. Eu sentia como se estivesse me tornando um fardo ainda maior para ela. Uma cruz que seria muito difícil para ela carregar. Eu sentia vontade de deixar de existir... Para que talvez assim, as coisas se tornassem um pouco mais fáceis para ela.

- Me perdoe por tudo, mãe! - Choraminguei. - Eu juro que eu não queria ser assim! Eu tentei... Eu lutei... Mas eu não consegui ser o filho que você tanto merece!

- Bryan, por favor!!! Não diga que eu não mereço um filho como você! Eu sei que você tem os seus medos, mas isso nós podemos enfrentar juntos, querido!

- Eu acho que é um fardo pesado demais pra você, mãe! Eu não mereço que se preocupe tanto comigo... Eu sempre fui um péssimo filho!

Eu não conseguia parar de chorar. Era evidente que a medicação que eu havia ingerido deveria ter sido aplicada em uma dose maior. Mas mesmo diante de todos os meus protestos, dona Vallentina segurou o meu rosto com ternura e olhou-me profundamente nos olhos dizendo:

- Eu te amo muito, Bryan! O primeiro passo para a mudança você já deu! Eu sei que você é capaz de aceitar sim quem você é. Você tem o meu apoio, meu querido... O resto o próprio nome já diz: resto! O que importa é o que eu, sua mãe, quer para você... E eu quero sua felicidade!

- Como eu posso ser feliz depois de tudo que eu fiz com as outras pessoas por não aceitar minha real natureza? Como eu posso me perdoar? - Eu a olhava com dor. Uma dor que me dilacerava a alma.

- Você é meu menino... Eu sou sua mãe e sei também o quanto você é forte! Você vai conseguir, meu amor... Pode ser um processo demorado, mas eu sei que você não vai desistir!

Terminando de dizer tais palavras, ela me deu um forte abraço. Aquele abraço apertado, me causou uma sensação maravilhosa... Era como se todos os meus cacos estivessem sendo colados ao sentir os braços de minha mãe a me envolver.

Se algum dia eu tive alguma dúvida do quanto aquela mulher me amava, aquele gesto de carinho, compreensão e suporte, havia varrido para longe qualquer dúvida.

B and E [Livro 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora