A Queda da Primeira Barreira

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***Bryan

Transtornado! Essa era a única palavra capaz de descrever o meu estado quando saí do laboratório.

Caminhei pelos corredores do bloco de biologia praticamente às cegas, tamanho era o ódio que eu estava sentindo.

Na minha cabeça, idéias, conversas, situações, insistiam em martelar continuamente...

Eu não conseguia acreditar na boa índole de Esteban e seus amigos... Eu não conseguia acreditar que aquelas quatro pessoas que eu tanto odiava, sentissem qualquer tipo de empatia por mim.

Mergulhando mais profundamente em meus pensamentos, as palavras que Esteban me disse pouco antes de eu abandonar a sala, vieram me assombrar. Trazendo à tona, ainda mais ódio.

Saí do prédio e continuei a caminhar pelos jardins do campus, praticamente sem rumo. Meus pensamentos insistiam em me atordoar.

Aquele início de tarde estava bastante nebuloso. Um vento frio tocava meu rosto como se fosse congelar minha pele instantaneamente. As copas das árvores balançavam de um lado para o outro, pareciam estar sendo embaladas pelo som de uma música lenta.

Eu não conseguia afastar a voz de Esteban na minha cabeça, ecoando. Me lembrando do quão odiado eu era... Me lembrando que eu ia terminar minha vida sozinho... Me lembrando que eu não tinha absolutamente nada de valor, a não ser o meu dinheiro.

Me peguei chorando em silêncio. Minhas lágrimas escorriam pelas laterais do meu rosto, e a seguir eram levadas pelo vento. Eu sentia meus olhos queimarem.

Sem saber o que fazer, me vi caminhando em direção ao bloco de educação física... Era onde eu tinha esperanças de encontrar alguém que me conhecesse... Alguém que, enfim, pudesse me fazer esquecer todos os meus problemas.

Assim que cheguei ao local, avistei de longe Tristan e Toby. Os dois pareciam bastante concentrados enquanto conversavam animadamente.

Antes que os dois pudessem me ver, passei as mãos pelo rosto, para me certificar que eles jamais suspeitassem que eu tivesse derramado qualquer lágrima à caminho dali.

Quando me aproximei dos dois. Seus risos cessaram. Tobias me olhou com certa seriedade e perguntou:

- E aí, maninho! Como é que tu tá?

- Tô ótimo! - Falei com a voz meio rouca.

- Tu não me parece estar bem. - Pressionou Tristan.

- Caramba! Eu já disse que tô bem, que saco! - Fui rude. A insistência dos dois em me arrancar algo me irritou ainda mais.

- Okay, bro! Se tu tá falando que tá bem, vou desconsiderar esses olhos vermelhos aí! - Disse Toby levantando as duas mãos em sinal de paz. - Se não quer falar é um direito teu!

- É sério, galera... Tô de boa! É só esse vento... Acho que irritou os meus olhos. - Menti.

- Hum... - Tristan começou a falar. - Que estranho... Nem quando a gente costuma ir à praia teus olhos ficam vermelhos assim por conta da maresia...

- Na boa... - Bufei. - O que vocês estão tentando insinuar? Por que diabos não mandam a real logo de uma vez?!

- Já tá irritadinho de novo, tá vendo só qual é teu problema, Bryan?! - Toby franziu o cenho. - Ninguém pode falar nada contigo que tu já vem com pedras, paus, facas e o que mais puder nas mãos pra cima da gente!

- Tenho que concordar com o cara... É sempre a mesma coisa, Bryan! Tá na hora de tu mudar o disco... - Tristan também resolveu me peitar. - Esse lance de tu ficar humilhando a gente e achando que vamos sempre correr atrás de você como se tu fosse nosso dono já deu, cara! Olha só pra você! Olha pro seu tamanho, olha o nosso tamanho! Tu não tá se achando demais não?

B and E [Livro 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora