Aquele Garoto

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***Esteban

Depois de almoçar com os meus amigos no refeitório do campus, voltei para o dormitório, tomei um banho, me vesti com a roupa mais apresentável que eu tinha no armário, e refiz a maquiagem que estava quebrando meu galho ao cobrir parcialmente os meus hematomas.

Eu não conseguia esconder o meu nervosismo. Todo o primeiro dia de qualquer coisa é assustador. Meu estômago estava se revirando, tamanha era a minha ansiedade.

Benjamin, acabou por ficar um pouco mais com as garotas no refeitório. Todos me desejaram boa sorte, assim que os avisei que já estava na hora de eu começar a me aprontar para o primeiro dia de trabalho.

Eu olhei no relógio de pulso sobre a mesinha de estudos de Ben, já estava na hora de eu ir para o ponto de ônibus. Eu precisava sair imediatamente, se não quisesse chegar atrasado já no meu primeiro dia.

Peguei meu molho de chaves, ajeitei o meu casaco e passei pela porta do quarto a trancando a seguir. Era chegada a hora de eu enfrentar um novo desafio.

***

Quando passei pela portaria do campus, cumprimentei o senhor porteiro com simpatia. Mas como sempre, o homem não parecia ser muito amistoso, ele apenas me olhou por cima da armação de seu óculos, e a seguir continuou a ler seu jornal impresso local.

Comecei a caminhar pela calçada... Logo chegaria ao ponto de ônibus mais próximo, onde eu aguardaria o transporte para o centro da cidade.

Quando eu finalmente ia colocar o meu molho de chaves no bolso da calça, o mesmo caiu no chão. De imediato, abaixei para pegá-lo. Foi quando ouvi um carro parar ao lado da calçada e dar duas buzinadas.

Apanhei as chaves e me levantei imediatamente. Confesso que me assustei um pouco com o som da buzina. Eu estava distraído demais, fazendo suposições em minha mente, de como seria aquele primeiro dia de trabalho.

Quando olhei para dentro do veículo, reparei que se tratava de Ralph na direção do mesmo. Ele me olhava sério enquanto mantinha suas mãos ao volante.

- E aí, cara! Tudo bem? - Perguntou ele.

- Ah... Oi... Ralph... Eu estou... Bem sim... - Comecei a gaguejar.

Fiquei surpreso com aquele encontro repentino. A última coisa que eu esperava naquele momento, era ver aquele garoto.

- E então, Esteban?... Tá indo para onde? - Perguntou ele. Pelo menos, agora ele havia lembrado meu nome.

- Ah... - Eu abri um largo sorriso. - Eu estou indo pro centro da cidade. Hoje é meu primeiro dia de trabalho, lembra que eu comentei com você?

- Ah, sim! - Ele arqueou as sobrancelhas. - Realmente você me disse no sábado.

- Pois é. Daqui à pouco o meu ônibus passa. Não quero me atrasar já no primeiro dia.

- Vejo que seguiu a minha dica. - Ele deu um sorriso simpático enquanto apontava para o meu rosto.

- Como?! - A princípio, eu não entendi o que ele queria dizer.

- A maquiagem... Você se maquiou para disfarçar os hematomas.

- Sim! Valeu muito sua dica. - Eu sorri todo sem graça.

- Quase não dá pra perceber. Você fez um bom trabalho.

- É... De longe não dá pra perceber muito bem. Eu só espero que a chefe da clínica não ache ruim eu estar com essas marcas. Até agora não pensei em nenhuma desculpa para dar a ela, caso ela me pergunte o que houve. - Desabafei.

B and E [Livro 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora