Força

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***Esteban

Aquela noite estava se estendendo ainda mais do que eu gostaria...

A conversa com o investigador Summers, demorou bastante tempo. O homem fez questão de interrogar a mim, Ralph e Bia em momentos diferentes. Ele isolou cada um de nós em um lugar diferente da casa, provavelmente queria saber se algum de nós ia contradizer a versão do outro.

Enquanto acontecia todo o interrogatório, e homem ia a todo momento de um cômodo para o outro, a perícia trabalhava na sala em busca de pistas.

Quando, enfim, aquela demorada seção de perguntas terminou, o investigador liberou nós três por falta de provas que nos tornassem culpados.

Saí do quarto, onde estava, e fui até a sala. Quando cheguei ao local, Beatriz e meu namorado estavam parados na saída do pequeno corredor. Eles olhavam com atenção e eu também pude testemunhar o exato momento em que os homens da perícia estavam fechando o zíper do saco que envolvia o corpo do meu pai.

O investigador Summers, que estava mais próximo ao local do crime, virou-se para a nossa direção, deu alguns passos até nós, cruzou os braços, e disse com uma voz séria:

- Vocês não podem mais ficar aqui. Esta é uma cena de crime... Preciso pedir que saiam!

- Senhor... - Hesitei um pouco antes de continuar a falar. - Pode, pelo menos, me dizer como meu pai morreu? E também, quando o corpo dele será liberado para sepultamento...?

- Olha, rapazinho... - Ele fez uma pausa antes de continuar. - Creio que em no máximo vinte e quatro horas você já possa cuidar dos trâmites para o velório do seu pai... Quanto a forma que ele morreu, segundo o pessoal da perícia, ele levou dois golpes com algum objetivo pontiagudo no abdômen. Provavelmente algum órgão vital foi atingido, o que causou o óbito.

- Obrigada por esclarecer as dúvidas do meu amigo, senhor! - Disse Bia, vendo que eu não tinha mais nenhuma condição de falar qualquer coisa.

- Por nada, moça! Agora, se me dão licença, preciso pedir mais uma vez, que se retirem da cena do crime. Vocês podem acabar prejudicando as investigações... - Reforçou o homem mais uma vez. - Ah! E antes que eu me esqueça, devo avisá-los que, estão proibidos de sair da cidade até que encontremos o culpado. A qualquer momento, algum de vocês pode ser chamado para prestar algum esclarecimento.

Ralph, ouvindo tudo aquilo, estreitou os olhos, encarou o investigador Summers, e soltou sem qualquer receio:

- Francamente, senhor! Acha mesmo que meu namorado seria capaz de matar o próprio pai?!

Ralph passou um dos braços ao redor da minha cintura, e começou a me puxar com delicadeza para caminharmos em direção à saída, enquanto me dizia:

- Vamos, amor... Não podemos fazer mais nada por aqui.

- Francamente, investigador, que insensibilidade de sua parte! - Ouvi Bia reclamar enquanto nos seguia.

Saímos do local e caminhamos até o carro de Ralph... Ainda do lado de fora do veículo, eu me sentei sobre o capô e mirei o chão, que estava coberto por uma insistente e fina camada de neve, o frio parecia ter ficado ainda mais intenso.

- Ei! - Bia acomodou-se ao meu lado, e começou a fazer carinho em minhas costas. - Eu sei que é difícil tudo isso. Eu sei o quanto está sofrendo, mas fique sabendo que você nunca estará sozinho, não mais!

- Verdade, Esteban, não se esqueça que agora tu tem a gente! - Disse Ralph carinhosamente.

- Obrigado pela força, gente! Não sabem o quanto isso é importante pra mim... Eu não sei o que faria se vocês não estivessem comigo em um momento tão difícil como este! - Desabafei, contendo um choro. Acho que já não haviam mais lágrimas para derramar naquela noite.

B and E [Livro 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora