Máscara II

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***Bryan

Eu não conseguia sequer olhar para a cara de tia Addora enquanto ocupávamos o mesmo ambiente, a mesma mesa.

O que mais estava me irritando, era o fato de ela estar agindo como se nada estivesse acontecendo... Como se ela não tivesse mentido descaradamente para mim, sabe-se lá por quanto tempo ou por qual motivo.

Durante todo o jantar, ela tentava puxar conversa comigo... Mas eu, continuava a ignorá-la. Eu apenas remexia os alimentos em meu prato, enquanto tentava suportar que aquele jantar terminasse logo. Parecia uma seção de tortura.

Minha mãe estava super radiante, como sempre. Conversava com a irmã, falava sobre assuntos da empresa e também sobre como o meu comportamento estava mudando nos últimos dias.

De início ela me elogiou. Mas depois, ela começou a me alfinetar apontando todas as minhas falhas. Ela estava realmente irada por eu ainda estar usando o carro sozinho.

Em certo momento, minha tia que já não estava muito boa comigo devido ao nosso enfrentamento de mais cedo, resolveu se meter em um assunto que realmente não era de sua conta. Do nada, ela meteu Esteban no meio de toda aquela palhaçada:

- Minha irmã, não acha que todo esse comportamento imbecil do meu sobrinho se dá ao fato de ele ter começado a sair com aquele garoto que esteve aqui no outro dia?

Eu franzi o cenho, ergui minha cabeça e encarei a mulher. Queria entender a que ponto ela estava pretendendo chegar.

Dona Vallentina, que não esperava por tal comentário, fitou a irmã e perguntou totalmente confusa:

- Que garoto?

- Aquele que almoçou com a gente... O filho da Esther. - Respondeu a outra com um ar de descaso.

- Ah! Está falando do Esteban? - Concluiu minha mãe.

- Acho que é esse mesmo o nome dele. - Cada vez mais, o ar de deboche no tom de voz e na face de minha tia me indignavam.

Não aguentando mais vê-la se referir ao garoto daquela maneira tão insignificante, resolvi intervir:

- Não aja como se tivesse esquecido o nome dele, titia... Eu sei que tu não esqueceu!

- Está vendo só, minha irmã? É só falar desse garoto que meu sobrinho já muda totalmente o comportamento! - Addora não media esforços para interpretar seu papel de boa samaritana. - Acha mesmo que é bom deixar que esse garoto se aproxime de Bryan?... Que frequente esta casa?

- Acho que você não tem qualquer moral para falar assim de, seja lá qual pessoa eu escolha para estar perto de mim, tia Addora! - Falei entredentes.

- Bryan! Por que está falando assim com sua tia? Não vê que ela só está preocupada com você?! - Minha mãe interviu.

- Exatamente, Vallentina! Eu só estou pensando no bem estar do nosso menino! Não entendo o motivo de tanta grosseria!

- Quieta, Addora! - Minha mãe se exaltou um pouco. - Eu já lhe disse e vou repetir: eu sei muito bem cuidar da educação do meu filho! Não precisa se meter nesses assuntos! Eu já estou farta de ver as duas pessoas que eu mais amo nesse mundo vivendo a trocar insultos! Vocês são tia e sobrinho, poxa!

- Não tem como a gente se entender, mãe... Não mais! - Falei largando de vez os talheres que eu ainda empunhava.

- E por que, meu filho? Sua tia sempre paparicou tanto você! - Minha mãe me olhava com certa frustração.

- Todo mundo muda!... E também, máscaras caem... A gente, aos poucos, vai descobrindo que nem sempre podemos confiar nas pessoas... Mesmo que essas pessoas tenham o mesmo sangue que a gente! - Desabafei sem desviar os olhos do rosto de Addora.

B and E [Livro 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora