Desconfianças

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***Bryan

Estacionei o carro em frente ao portão principal do campus. Depois daquela situação bastante estranha na casa de Esteban, resolvi levar o garoto imediatamente de volta.

Durante todo o percurso, o silêncio predominou. Eu nem sabia ao certo o que falar sobre tudo aquilo que havíamos acabado de ouvir do senhor Ethan. Meu pensamento estava ainda mais confuso do que antes. Já Esteban, me parecia bastante apático.

O garoto livrou-se do cinto de segurança e destravou a porta do veículo. Antes de abrir a mesma e enfim se retirar, ele me olhou com o semblante um tanto melancólico e disse:

- Bem... Então é isso, não é mesmo? Acho que foi tudo uma grande perda de tempo! Irmos até lá foi uma besteira... Eu sabia que não arrancaríamos nada dele.

- Eu não acho! - Discordei no ato, sem retirar as mãos do volante. - Seu pai disse muitas coisas que podem nos ajudar a esclarecer essa história.

- Como assim? - Quis saber o outro.

- Ele só reforçou ainda mais uma de minhas desconfianças... Agora, o que nos resta, é investigar mais a fundo essa loucura toda.

- O que você tem em mente, Bryan? - O garoto me encarou de cenho franzido.

- Prefiro não dizer nada... Pelo menos por enquanto... - Respondi calmamente com o tom de voz um pouco baixo. - Prefiro não fazer suposições que venham a te decepcionar depois, melhor eu ter certeza do que estou pensando antes.

- Vai fazer igual ao meu pai agora?! - Perguntou Esteban. - Vai ficar me escondendo as coisas também?!

Fiz silêncio por alguns instantes... Antes de responder a pergunta do garoto ao meu lado, pensei com cuidado nas palavras que usaria para falar com ele:

- Não é nada disso! Só quero ter certeza que não estou fazendo falsas suposições, antes de te falar alguma coisa. Não quero te dar falsas esperanças.

- Já que é assim... - Ele resolveu não insistir mais no assunto.

Esteban já estava claramente decepcionado com o fato do pai realmente estar o escondendo algo muito grave. Com certeza não queria ficar ainda mais frustrado. Qualquer coisa que eu o dissesse, poderia lhe ascender um fio de esperança. Preferi não arriscar a comentar sobre minhas idéias... Vai que, no fim das contas, eu estivesse errado?

- Rosinha... - Chamei-o, quase que num sussurro.

- Sim?

- Eu te prometo que o assassino da tua mãe não vai ficar impune, okay? Eu vou te ajudar a colocar esse desgraçado atrás das grades... Seja lá quem for!

- Obrigado... - Agradeceu ele por fim. - Bem... Então eu vou nessa! Queria te agradecer por estar me ajudando nessa história toda.

- Não precisa agradecer. - Falei. - De certo modo, sinto que minha família é meio que responsável por essa parada toda! Não viu como teu pai nos odeia? Para ele, os sobrenomes Greggio e Lancaster soam como algo aterrorizante.

- É... - Esteban deu um meio sorriso amarelo. - Eu queria entender o motivo do meu pai odiar tanto vocês. O que será que aconteceu afinal?

- Não faço idéia, cara! Mas eu pretendo descobrir! Se alguém da minha família prejudicou a sua de alguma forma, eu quero saber exatamente o que foi que aconteceu! Eu tenho o direito de saber... E você também!

- Confesso que estou um pouco assustado, Bryan. - O garoto desabafou com um certo temor na voz. - Meu pai disse que se continuarmos a remexer nessa história, coisas ruins irão nos acontecer... O que acha que ele quis dizer com isso?!

B and E [Livro 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora