Sozinho

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***Bryan

Cheguei em casa sentindo como se meu coração fosse explodir. Meu medo era que aqueles sintomas fossem além do sentimental...

Desde que descobri que estava doente, qualquer coisa relacionada aos meus batimentos cardíacos já me deixava assustado. Eu sentia como se tivesse uma bomba relógio dentro do meu peito, pronta para explodir sem qualquer aviso prévio, me ceifando assim, a vida amargurada que sempre vivi.

Eu não conseguia parar de pensar em tudo que eu havia ouvido na faculdade. Eu não conseguia assimilar todos os acontecimentos.

Cristopher... Como ele pôde fazer aquilo comigo? Como ele pôde se aproveitar de um momento tão frágil e desesperado meu para me roubar um beijo? Como ele pôde foder ainda mais com a minha cabeça?

Eu precisava dele, só precisava de um amigo, mas infelizmente ele foi egoísta pensando só em seus sentimentos. Ele não podia ter escolhido pior hora para se declarar.

Eu tinha muitos conflitos internos, muitos medos... Eu estava o tempo todo travando uma batalha contra mim mesmo. Era como se um outro eu, que eu abominava totalmente, vivesse dentro de mim.

Eu passei tanto tempo lutando, sufocando tanta coisa, e o meu melhor amigo estava conseguindo fazer com que eu passasse por todo aquele período ainda mais conturbado sem sucumbir... Mas agora, eu sentia que não o teria mais ao meu lado. Eu não sei qual seria a minha reação se eu o visse novamente na minha frente depois daquele beijo.

Meu maior medo, era de machucá-lo... Não só com palavras, mas também com ações agressivas. Apesar do que Cris tinha feito comigo, eu sabia que ele não merecia ser ainda mais machucado... Eu já tinha o feito sofrer demais, e isso eu sabia muito bem.

Agora eu tinha mais uma luta bastante difícil pela frente... Tentar aceitar que Cristopher me amava de uma forma ainda mais complexa e intensa do que eu imaginava... Não era apenas um amor de amigo, não era só um amor de irmão, mas sim um amor de amante.

- Droga, Cris! Por que tu tinha que foder com tudo?! A gente tava se dando tão bem! - Sussurrei para mim mesmo abrindo a porta da frente e entrando em casa.

Quando cheguei à sala de estar, fui surpreendido pela presença de tia Addora. Ela estava sentada em uma das grandes poltronas brancas do local deslizando seu polegar pela tela de seu smartphone. Quando notou minha presença, desviou o olhar para mim e falou:

- Oi, querido! Como está? - Disse ela, levantando-se e deixando seu aparelho em cima da mesa de centro.

  A seguir, ela caminhou lentamente até mim, me deu um beijo na testa. Eu no reflexo acabei o limpando e perguntei:

- O que faz aqui, tia?

- Sua mãe pediu para que eu visse como você está. Ela está bastante ocupada na empresa e não vai conseguir vir almoçar com você hoje. - Explicou ela calmamente.

- De boa. - Falei. - Acho que eu nem vou almoçar hoje... Estou sem fome.

- Nem pense nisso, rapazinho! Devido ao seu atual estado de saúde você precisa se alimentar bem! Tem que estar forte para quando for fazer sua cirurgia! - Ela me repreendeu.

- Que saco, tia! Agora você e minha mãe irão ficar me tratando o tempo todo como um doente?! - Caminhei até o sofá maior, joguei minha mochila no chão e em seguida me joguei sobre o estofado super confortável.

- Ora! E por um acaso o senhor está saudável?! Vou pegar no seu pé sim! Me preocupo com você, rapazinho! Sou sua tia e você me deve obediência.

- Não enche! - Revirei os olhos.

- Sua mãe mandou eu só dar uma passada. Mas vejo que terei que ficar. Se insistir em agir como um moleque imaturo, eu não vejo outra alternativa a não ser te tratar como tal. - Ela ameaçou. Estava falando bem sério.

B and E [Livro 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora