Prelúdio VIII

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***Bryan

Após a saída de Esteban do quarto, a única coisa que me restava era pensar.

Eu estava totalmente desestruturado depois daquela conversa tão difícil. Estava sendo muito difícil, para mim, assimilar tudo aquilo. Nunca que passou antes pela minha cabeça, que eu pudesse ter um irmão.

Eu precisava pensar racionalmente em uma maneira, não tão desastrosa, de revelar toda aquela história para minha mãe. Ela já havia passado por tanta coisa difícil em um curto período de tempo, eu não queria mais que ela sofresse tanto. Porém, com certeza, seria inevitável ela se magoar quando descobrisse toda a verdade sobre a irmã.

Era nojenta a forma como tia Addora se revelou ser um verdadeiro monstro. Eu sempre soube que ela podia passar dos limites às vezes em algumas situações, mas algum tempo atrás, jamais que eu poderia sequer pensar que ela fosse uma assassina fria e sem coração.

Até onde a ambição pode levar o ser humano?

Bem... A irmã de minha mãe era a prova viva de que, por dinheiro, as pessoas podem cometer os piores crimes, agir de forma suja e premeditada.

Eu só podia me lamentar. Pobre de dona Vallentina quando visse a máscara de Addora ser arrancada, revelando sua verdadeira face podre.

Ouvi a porta do quarto sendo aberta. Imediatamente virei a cabeça para a direção da mesma. Vi minha mãe entrar meio inquieta no local.

Lentamente, ela caminhou até a lateral da cama. Quando se aproximou o suficiente, perguntou meio hesitante:

- Filho... Você fez alguma coisa ao Esteban? Ele passou por mim no corredor quase chorando, nem sequer me deu atenção quando o chamei... Parecia estar muito mais triste do que o de costume. Nesses últimos dias, ele têm estado arrasado. Você piorou ainda mais a situação dele... O maltratou de alguma forma?

Eu continuei em silêncio, a fitando, por alguns instantes. Eu precisava ser rápido... Precisava decidir se abria de vez o jogo com ela, ou se esperava até que a bomba explodisse, assim que a polícia colocasse as mãos em minha tia.

Era uma decisão difícil de ser tomada... Eu precisava de mais um tempo para pôr meus pensamentos em ordem.

- Só tivemos uma conversa muito difícil, mãe... - Comecei. - Não só ele está sofrendo, eu também estou.

- E que conversa foi essa, pelo amor de Deus?! - Ela franziu a testa enquanto arregalava os olhos.

- É um assunto delicado demais. - Fui seco na minha resposta.

- Bryan Greggio Lancaster, você vai me falar agora! - Dona Vallentina era muito insistente quando queria saber algo. Eu tinha bem a quem puxar em se tratando de insistência.

Eu ainda não sabia bem o que dizer. Algo raro era eu ficar temeroso diante de alguma situação, mas quando se tratava de ver minha mãe sofrendo, eu não lidava muito bem.

Mesmo que antes não nos déssemos muito bem, mesmo que eu fizesse de tudo para provocá-la e arrancá-la de sua paz de espírito, vê-la sofrendo sempre foi algo que mexeu muito comigo.

Resolvi ganhar mais um pouco de tempo. Perguntei-a:

- Antes que comece mais um de seus interrogatórios, me responda algo... E Cristopher?... Como ele está?... Tu consegui falar com tia Lidya?!

A mulher, rapidamente, pareceu se sentir acuada. Pude notar sua feição do rosto mudar totalmente. Ela ficou em silêncio por alguns instantes, fez uma leve careta, e respondeu:

- Lidya disse que ele ainda não acordou e permanece estável. Aparentemente seu físico está cada vez melhor, apesar de ter perdido peso, mas ele não acorda. Os médicos disseram que tudo agora depende de um milagre. Só depois que Cris acordar é que poderão dizer se ele ficará com alguma sequela ou não.

B and E [Livro 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora