A Queda Da Terceira Barreira

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***Bryan

Assim que o motorista estacionou o carro em frente de casa, saí do mesmo correndo.

Aquele ida com Esteban até sua casa, terminou de abalar o restante de sanidade que eu ainda tinha.

Entrei na mansão correndo. Não vi minha mãe ou minha tia em lugar algum, o que eu achei ótimo, devido ao estado emocional abalado em que eu me encontrava.

Passei pela sala de estar e subi as escadas correndo, indo direto para o meu quarto e batendo a porta.

Fiquei parado por alguns minutos olhando tudo ao meu redor. Minha respiração estava ofegante e meus batimentos cardíacos totalmente descontrolados.

Meu peito subia e descia com tanta intensidade, que parecia que a qualquer momento meu coração ia explodir. Os músculos de todo o meu corpo tremiam... Era como se pequenas descargas elétricas estivessem sendo liberadas aos poucos, me torturando para que chegasse o meu fim.

Olhei um jarro de louça sobre minha escrivaninha, caminhei até o mesmo e o agarrei com força... A seguir, o lancei com toda a minha força em direção à uma das paredes.

Um forte estalo ecoou pelo quarto quando o mesmo se espatifou na parede, espalhando cacos para todos os lados... Lentamente, fui rendendo-me ao chão, até parar de joelhos com as mãos atrás da nuca, puxando meus cabelos com bastante força.

Não consegui mais conter as lágrimas.

Aquele sufoco e enorme dor que eu estava sentindo internamente, escaparam pelos olhos em forma de lágrimas fartas. Eu só queria chorar... Lavar a minha alma suja e cruel.

Enquanto eu permanecia no chão, totalmente entregue a aquele sentimento de dor e amargura, cenas das coisas que haviam acontecido na casa de Esteban me vinham à mente... Me perturbavam... Me tiravam o sossego que eu sequer algum dia cheguei a ter.

Os soluços do meu choro invadiram o ambiente. Eu nunca senti tanto ódio de mim como estava sentindo naquele momento. Rendido à aquele chão, eu tive a certeza de que tudo que estava acontecendo comigo era merecido. Eu não estava passando por nada que eu não merecesse.

Um grito de dor e desespero escapou de minha garganta sem eu me preocupar com quem quer que pudesse me ouvir... Eu só queria que aquela dor passasse... Só queria ter um instante de paz comigo mesmo, algo que me parecia ser uma realização impossível... Um desejo inalcançável.

A porta do meu quarto se abriu com certa rapidez. Quando ergui meu olhar em direção à mesma, avistei minha mãe... A mulher tinha estampada em sua face uma dor que eu jamais havia visto, dor que eu não vi estampar seu lindo sorriso nem mesmo quando eu recebi o diagnóstico de minha doença rara.

Totalmente em pânico, dona Vallentina correu até mim e ajoelhou-se em minha frente, segurando o meu queixo com delicadeza. Minhas lágrimas não paravam de escapar fartas. No auge de toda a sua preocupação, ela perguntou em um tom de voz alto:

- Bryan, Meu filho!!! O que foi que aconteceu com você???!!! O que houve na casa de Esteban???!!! Ethan fez alguma coisa com vocês, meu amor???!!!

Porém, eu ainda estava desesperado demais para conseguir dar qualquer resposta. Ao ouvir o nome do pai de Esteban, cenas do homem quase matando o próprio filho me vieram a mente.

Lembrei-me do exato momento em que entrei na casa, e flagrei o garoto totalmente vulnerável nas mãos daquele cara desalmado... Como podia o próprio pai tratar um filho de maneira tão cruel, fria, asquerosa?

E de pensar que eu não era tão diferente daquele homem... Eu já havia feito tantas coisas ruins com Esteban, sem ao menos saber da realidade que ele sofria dentro da própria casa.

B and E [Livro 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora