Fique, Por Favor! II

275 43 10
                                    

***Bryan

Eu me recusava a acreditar no que havia acontecido!

O desespero e a dor tomaram a mim e tia Lidya por completo... Nem sequer conseguíamos prestar atenção no que o cirurgião tinha a dizer. Nosso choro o interrompeu antes mesmo que ele pudesse terminar o seu discurso.

A mãe de Cris me abraçava cada vez com mais força, eu correspondia ao gesto na mesma intensidade. Minha mãe, totalmente desesperada, não sabia ao certo o que fazer para tentar nos acalmar. Ela nos envolvia em seus braços, tentando nos passar uma força que eu sabia que ela também não tinha, pois assim como nós, dona Vallentina também estava arrasada.

Ainda com a visão bastante embaçada, devido as fartas lágrimas que insistiam em rolar, ergui minha cabeça e mirei o médico que continuava imóvel no mesmo lugar. Ele nos encarava com seriedade.

Mesmo diante daquela situação tão delicada, o senhor parecia não perder sua compostura. Durante todo o tempo, ele se mostrou paciente e aguardou até que fôssemos capazes de nos recompor, se é que seria possível tal coisa...

Muitos minutos se passaram, então minha mãe nos soltou de seus braços e olhou para o senhor que permanecia parado próximo a nós. Eu soltei tia Lidya e também fitei o homem.

Antes de voltar a falar, o cirurgião pigarreou com certa elegância, aproximando seu punho cerrado próximo a boca:

- Eu preciso que vocês se acalmem... Preciso passar todas as informações sobre o paciente.

- Me acalmar?! - Tia Lidya perguntou incrédula. - Não há como eu me acalmar diante de uma situação horrorosa como esta!

- Senhora... - O homem, mais uma vez pôs-se a falar. - A cirurgia do seu filho foi bastante delicada, eu entendo totalmente a sua preocupação! Mas por hora, o que vocês podem fazer para ajudá-lo, é mandar boas energias... E se têm fé em algo, sugiro que rezem!

- O que o senhor quer dizer com isso???!!! - Questionou minha mãe, a pessoa mais lúcida ali naquele momento de desespero.

- O jovem Cristopher estava com uma bala alojada na cabeça, em um ponto bastante crítico. Por pouco a mesma não atingiu partes vitais do cérebro. Eu e minha equipe, optamos por não remover a mesma por causa do alto risco... Deixando-a lá, pode ser que o rapaz tenha uma chance de sobrevivência.

- Então... Quer dizer que ele vai sobreviver?! - Um sensação de alívio enorme me invadiu ao ouvir aquelas palavras do médico. Porém, eu ainda não conseguia conter minhas lágrimas.

- Há uma boa chance. - Respondeu o cirurgião.

- Então o meu menino corre o risco de nos deixar?! - Tia Lidya estava inconsolável.

- É como eu disse... - Continuou o senhor. - Ele precisa de boas vibrações... Ele, no momento, se encontra em coma induzido. Precisamos monitorá-lo com bastante atenção pelos próximos dias. Esses primeiros dias serão cruciais para sabermos se ele, de fato, irá se recuperar bem ou ficará com alguma sequela... Depois desses primeiros dias, iremos começar a diminuir os sedativos aos poucos, para ver como o organismo dele irá se comportar... Esperamos que tudo ocorra bem.

- Nãoooo!!! - Tia Lidya voltou a chorar copiosamente ao abraçar a minha mãe.

Era muito difícil acreditar naquilo tudo que o médico havia acabado de nos dizer... Eu temia que meu amigo não conseguisse sair daquela situação... Temia também, que ele saísse com alguma sequela que o prejudicasse significativamente no seu dia-a-dia.

Cristopher sempre foi tão cheio de vida... Um cara entusiasmado com sua corrida vida de exercícios e a faculdade. Eu estava com medo de que ele tivesse que abrir mão de tudo aquilo que ele tanto amava.

B and E [Livro 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora