Investigação

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***Bryan

- Bryan... Bryan, querido... - A voz cansada de tia Lidya me despertou do meu leve cochilo, ao mesmo tempo em que ela tocava meu ombro com delicadeza.

- Hã?! - Abri meus olhos lentamente, ajeitando meu corpo sobre a poltrona.

Eu havia passado toda a noite naquela sala de espera de hospital. Minha vontade era de continuar ali, até que Cristopher, por algum milagre do destino, enfim despertasse.

Minha mãe havia ido embora durante a madrugada. Tinha assuntos importantes a tratar. Ela insistiu bastante para que eu fosse com ela, mas eu recusei.

A mãe de meu amigo, que estava sentada na poltrona ao meu lado, me olhava com o semblante totalmente desgastado. Suas olheiras eram de dar dó. Depois de um longo suspiro, ela voltou a falar:

- Você deveria ir para casa, meu filho. Não acho que aja muito o que fazer aqui.

- Eu quero ficar, tia! - Teimei.

- O Cris não ia gostar de te ver aqui, jogado de qualquer jeito nessa sala de espera. Vá para casa! - Insistiu ela. - Vá e tome um banho... Descanse um pouco, coma alguma coisa...

- Eu não acho que eu vá conseguir descansar, tia. - Confessei coçando meus olhos. - Muito menos comer! Eu não consigo pensar em outra coisa a não ser o estado de saúde de Cristopher.

- Eu sei... Eu te entendo, meu querido. Mas de nada vai adiantar ficarmos nós dois aqui a mercê da incerteza do tempo. Sabemos muito bem que o Cris não vai acordar de uma hora pra outra. O médico disse que ele ainda terá de permanecer em coma induzido por alguns dias, para aí então, decidir se suspendem os sedativos e ver se o organismo dele reage bem.

Eu engoli em seco ao ouvir aquelas palavras. Eu estava tão atordoado... Inseguro. Queria tanto ver meu amigo fora daquele estado complicado logo.

O que me movia era a esperança... Esperança de poder ver mais uma vez, o brilho naqueles olhos peculiares e tristes de Cristopher.

- Vá, meu filho! - Insistiu tia Lidya mais uma vez. - Eu prometo que qualquer novidade eu te ligo imediatamente. Vallentina também deve estar muito preocupada de você permanecer aqui por tanto tempo.

Fiquei em silêncio por alguns instantes. Realmente eu não estava com a menor vontade de ir embora dali... Mas o meu cansaço físico e psicólogo, me mandavam ir para casa.

Eu mordi os lábios, olhei para a mulher ao meu lado e, por fim, me rendi:

- Tudo bem então... Mas me prometa que vai me manter informado sobre tudo? Eu volto assim que eu estiver mais disposto.

- Pode ir sossegado. Eu te ligo assim que surgir qualquer novidade. - Ela deu um sorriso amarelo.

- Então... Até mais, tia! - Despedi-me enquanto a dava um abraço apertado.

- Vá sossegado, Bryan.

Levantei-me da poltrona e comecei a caminhar em direção à saída. Antes de cruzar a porta, dei uma última olhada para trás... Fitei a entrada do corredor, onde em um dos quartos, o meu amigo permanecia inconsciente... Sem nos dar qualquer sinal de melhora.

Comecei a descer a rampa da frente do hospital e senti um enorme peso no coração... Era uma sensação inquietante de como eu estivesse deixando um pedaço de mim para trás... Um pedaço que eu não queria perder.

***

Logo que saí do hospital, embarquei em um taxi. O mesmo me levou até à entrada de casa.

Um movimento bastante inesperado me chamou a atenção. Havia um carro preto, até então desconhecido para mim, e uma viatura policial estacionados logo próximo à escadaria da frente.

B and E [Livro 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora