B and E [Livro 3]

A Queda da Segunda Barreira

***Bryan

Os soluços do meu choro ecoavam pelo galpão, as pontas dos meus dedos apertavam com força os músculos rígidos das costas de Cristopher, enquanto permanecíamos de joelhos... O rapaz mantinha seus braços fortes ao meu redor, ao mesmo tempo em que acariciava minha nuca com uma das mãos.

Eu mantinha meus olhos fechados, meus dentes trancados, enquanto eu fazia uma enorme pressão com minha mandíbula. Com certeza minha careta ao chorar daquela maneira, estava a preocupar Cris.

O cheiro do perfume amadeirado de meu amigo, que já estava quase perdendo toda a sua fragrância, invadia as minhas narinas, misturando-se ao cheiro da poeira e unidade do ambiente quase sem luz.

Eu nunca pensei que algum dia fosse chorar tanto, principalmente na presença de alguém... Principalmente na presença de Cristopher, que era uma das pessoas que eu mais havia humilhado durante tanto tempo.

Passamos muito tempo ali, de joelhos. O único som a ser ouvido era o meu soluçar desesperado. Mesmo diante de todo aquele meu pânico, Cris a todo o momento se manteve paciente, apenas me confortando em seus braços, sem fazer qualquer pergunta forçada.

Quando, enfim, a intensidade do meu choro diminuiu, meu amigo segurou-me firmemente pelos ombros, olhou-me nos olhos com sinceridade transbordando nos seus e disse:

- Venha... Levante-se!

Com toda a delicadeza do mundo, que eu sequer imaginava que alguém tão grande em todos os sentidos pudesse ter, Cris ajudou-me a levantar. A seguir, me conduziu até um caixote de madeira e me colocou sentado... Por fim, ajoelhou-se entre minhas pernas e perguntou:

- Tá mais calmo agora?

Eu apenas fiz sinal de positivo com a cabeça, enquanto secava minhas lágrimas com meu antebraço direito. Eu sentia meus olhos, assim como também meu rosto, queimarem.

- Olha só como tu tá vermelho! - Disse Cris apontando para o meu rosto. - O que foi isso?! Vai me contar o que foi que aconteceu, cara?!

Eu dei um profundo suspiro... Se eu cheguei até ali, se chorei na frente de meu amigo, era hora de eu seguir adiante... Era tarde demais para recuar. Eu nunca havia aberto meus sentimentos, meus conflitos internos com ninguém antes. Eu tinha medo de o fazer. De certa forma, ainda não me sentia preparado para tal coisa... Mas pelo menos o maior dos problemas pelo qual eu estava passando atualmente, eu poderia desabafar com Cris...

Eu precisava dele... Queria ele ao meu lado como sempre... Eu demorei muito para admitir, mas agora eu sabia que, aquele rapaz era muito importante para mim.

Pela primeira vez, depois dele ter me visto desmoronar, eu fui capaz de encarar os seus olhos sem medo:

- É muita coisa pra mim, Cris... Eu sinto que não sou forte o suficiente para passar por isso. - Desabafei.

- Do que tu tá falando, amigão? Tem alguma coisa haver com o desafio que te propus?! Tá sendo muito peso pra você?! - Ele mantinha seus redondos, tristes e brilhantes olhos castanhos em mim.

- Eu já te disse que vou fazer o meu melhor pra mudar, não disse?! - Falei entre choramingos. - E eu vou fazer o impossível pra que tu veja que sou capaz... É difícil, mas eu tô tentando... E pretendo conseguir.

- Que bom que está pensando assim, Bryan... Fico tão feliz em saber que está se esforçando pra ser um cara melhor! - O rapaz agora me olhava com certo orgulho no fundo dos olhos.

- Valeu... Eu vou fazer o que for possível pra que tu também não se afaste de mim. - Dei um meio sorriso triste. - Mas não é isso que me trouxe até aqui... Não é por isso que tô chorando.