Mais Dúvidas III

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***Esteban

Uma escuridão interna parecia estar possuindo-me completamente... Eu sentia como se fosse sucumbir à loucura, o medo, às dúvidas.

Eu estava sentado em um canto sujo da sala, minhas costas estava apoiada na parede. Ralph, acomodou-se ao meu lado, e passou um de seus braços ao redor do meu pescoço. Com o outro, ele ergueu a mão livre até minha cabeça, que estava apoiada em seu ombro, e ficou afagando meus cabelos, no intuito de me manter calmo.

O início daquela noite escura é gélida, me causava um pânico ainda maior. Eu não conseguia desviar os olhos do corpo de meu pai, esparramado naquele chão, dentro de uma enorme poça do seu próprio sangue.

Beatriz havia ido até a cozinha, eu conseguia ouvir sua voz ao longe... Ela estava ao telefone, muito nervosa, falando com a delegacia da cidade.

Tudo aquilo me parecia ser um pesadelo horrível, do qual eu queria muito acordar. Eu sentia uma dor enorme no peito, como se algo estivesse me rasgando por dentro... Solidão.

Depois de alguns minutos na cozinha, Bia voltou para a sala, onde meu namorado e eu, estávamos na companhia daquele corpo sem vida. A garota aproximou-se de nós, abaixou-se à minha frente, e estendeu-me um copo com água, dizendo:

- Toma! Beba isto, vai te ajudar a se acalmar... Os policiais já estão à caminho.

Ergui minha cabeça, que até então se encontrava apoiada no ombro de Ralph, fitei o copo na mão da garota, e perguntei enquanto secava meu rosto em uma das mangas do meu casaco:

- O que é isso?!

- Relaxa! É só água com açúcar... Você precisa se acalmar. Com certeza os policiais chegarão fazendo um monte de perguntas. Você vai precisar ser forte para enfrentar essa situação.

Eu tomei posse do copo, que a garota tinha em mãos, dei uma bebericada e falei quase sem voz:

- Eu não sei se vou suportar tudo isso, gente! Não vou saber o que falar com os policiais! - O cheiro de sangue, ainda fresco presente naquele local, fazia com que meu estômago revirasse.

- Calma, amor... - Ralph deu um suspiro e passou a mão em um lado do meu rosto. - Tu só precisa ser honesto e responder exatamente o que lhe perguntarem... Nada além disso.

- Não sei se consigo...! - Fui franco. - A polícia não me parece confiável quanto a esse caso! Quando eu e Bryan fomos até à delegacia, tudo me pareceu tão suspeito... Bryan parecia estar desconfiado de alguma coisa a respeito do investigador que cuidou do caso de minha mãe, que coicidentemente, é o mesmo que está cuidando do caso do amigo dele.

- Gente! - Exclamou Bia. - Essa história me parece ainda mais confusa do que eu imaginava!

- Vocês nem fazem idéia!... - Comentei. - Quanto mais eu procuro por respostas, mais dúvidas eu tenho. Parece que estou dando voltas, preso em um labirinto no qual não consigo encontrar a saída!

- Calma, vai dar tudo certo... Tu vai ver só! - Meu namorado fazia de tudo para me tranquilizar, me passar segurança... - Mas fala pra gente... O que foi exatamente que aconteceu na delegacia?! Acho que tu também não nós falou sobre esse tal amigo do Bryan...

Eu respirei fundo, e então comecei a contar todos os detalhes aos dois ali presentes. Eles prestavam muita atenção em tudo que eu dizia. Falei, inclusive, do tal investigador que Bryan havia levantado uma suspeita.

- Realmente essa história está muito estranha! - Comentou Beatriz depois que terminei de falar. - Gente, está mais do que óbvio que quem matou sua mãe está tentando eliminar todo mundo que sabe de alguma coisa! Esse tal amigo do seu amigo... Com certeza ele também devia saber de algo muito sério! Se o tal Bryan desconfia do tal investigador, é melhor ficarmos de olho!

B and E [Livro 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora