Almoço Indigesto I

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***Esteban

Eu não esperava por uma mudança tão repentina de comportamento vinda de Bryan... Por mais incrível que podia parecer, o rapaz conseguiu passar horas sem falar alguma coisa desagradável que chegasse a me ofender.

A única palavra diferente que insistia em permanecer em seu vocabulário era "Rosinha", acho que ele havia se esquecido que disse que não me chamaria mais daquela forma, pois eu achei até um apelido carinhoso. Preferi não lembrá-lo, estava achando divertido ele me chamar daquele jeito.

Aquela casa enorme estava totalmente silenciosa. Tudo naquele local era tão novo para mim... Eu parecia estar em um mundo totalmente diferente do qual eu era tão acostumado.

As cores claras daquela sala gigantesca, o aroma cítrico que pairava no ar, os objetos decorativos, em sua maioria feitos em cristal ou de algum material na cor dourada, dava um ar ainda mais sofisticado ao ambiente super moderno.

Mesmo sendo um dia escuro lá fora, devido as nevascas que iam e vinham a todo momento, tudo no interior da mansão era muito bem iluminado.

Em uma das paredes, um enorme relógio de vidro, com ponteiros grandes e dourados, marcavam quatorze horas. Bryan e eu, estávamos o mais confortáveis possíveis sentados em almofadas no chão sobre o carpete, eu estava de um lado e o rapaz do outro da mesinha de centro.

Eu não conseguia parar de olhá-lo de a cada minuto, ele estava super concentrado com seus olhos fixos no monitor de seu notebook, enquanto eu ditava algumas coisas para que ele digitasse.

Confesso que fiquei bastante surpreso com toda aquela dedicação vinda do garoto, para quem no início apresentou certa resistência em fazer o trabalho comigo, agora ele estava levando a situação toda de uma maneira mais natural.

O soar da campainha tirou nossa concentração do que estávamos fazendo. Não muitos minutos depois, uma das empregadas da casa passou pela sala em direção ao hall de entrada.

Logo a mulher voltou e se aproximou de nós, ela tinha os braços cruzados nas costas, quando olhou para Bryan e disse:

- Senhor Greggio, seus amigos estão na porta. Querem falar com o senhor, os mando entrar?

Bryan franziu o cenho assim que olhou para aquela mulher super educada, depois de olhar para mim, voltou a fitá-la e perguntou com certo estranhamento:

- Quem está aí fora?!

- São aqueles rapazes... Acho que seus nomes são Tobias e Tristan, e também aquela moça que vinha bastante aqui na mansão.

- Debby?!!! - Perguntou ele.

- Isso mesmo, senhor! - Respondeu a empregada.

- Diga que não estou. Não posso ver ninguém agora... Estou muito ocupado. - Ele explicou com um tom de voz mais baixo.

- Sim, senhor! Farei isso agora mesmo.

A mulher então se afastou. Ficou alguns minutos para os lados do hall de entrada, depois passou novamente pela sala falando de longe:

- Está feito, senhor Greggio!

- Valeu! - Disse ele com bastante tranquilidade.

Eu achei bastante estranho o fato de o rapaz ter dispensado os próprios amigos daquela forma. Talvez ele não quisesse que os mesmos soubessem que eu estava ali... E eu até entendia, já que com certeza, assim como Bryan, eles não simpatizavam muito comigo... Mesmo assim, resolvi perguntar:

- Por que não os recebeu?!

O rapaz que havia voltado a prestar atenção no monitor do notebook, desviou seu olhar da tela para mim, ergueu a sobrancelha esquerda e falou:

B and E [Livro 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora