Capítulo 2

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Elisa 💭

— Sabe o que eu to afim? — Bruna perguntou jogada no sofá.

— Não tenho bola de cristal, querida — respondi e ela tacou uma almofada na minha cara.

— Chatona — revirou os olhos — Eu queria mesmo era sair pra comer alguma besteira.

— Você não tava de dieta?

— É só fingir que não estou mais — sentou — Bora ir naquela hamburgueria e comprar aquelas batatas com cheddar.

— Tá chovendo, Bruna — apontei pra janela.

— Você não é de açúcar, cria vergonha nessa cara — levantou — Vou pegar um moletom seu, vai se trocar.

Era quase oito da noite de uma sexta chuvosa, nós duas ficamos mofando no sofá o dia todinho desde que voltamos da faculdade. Mandei mensagem pro Vitor perguntando se ele já tinha chegado do estágio, ele respondeu que já estava em casa e que iria descansar. Bruninha jogou um moletom na minha cara e vestiu outro meu, como a hamburgueria era na rua de trás nós nem iríamos chamar uber, mais fácil andar na fé e na coragem.

Tranquei o portão e coloquei o capuz, nós duas parecíamos duas doidas correndo e evitando passar perto das poças de água, sempre tem um infeliz que passa bem em cima pra molhar a gente. Entramos correndo na hamburgueria e sentamos na primeira mesa, não estava tão lotada mas também não estava vazio, olhei pra cara da Bruna e a bichinha tava encharcada.

— Eu não sou de açúcar pipipopo — imitei e ela me mandou o dedo do meio — Enfia no cu.

— Moço — chamou um carinha — Pode trazer o cardápio já.

— A Rebeca mandou mensagem pra você? — perguntei abrindo o WhatsApp.

— Ela foi pra casa de uma tia — concordei — Vou pedir dois lanches e aquela batata pra mim.

— E a dieta? — perguntei rindo.

— Vou pedir os dois com salada, não da nada não — dei risada — E cadê o teu amado?

— Tá em casa, disse que vai descansar — ela concordou. Pedimos os lanches e ficamos conversando sobre a vida dos famosos olhando aquelas páginas de fofocas.

Se tem uma coisa que eu não abro mão por nada é a minha amizade com a Bruninha, o jeito dela viver mesmo tendo passado por perrengues é incrível. A mãe dela morreu quando ela bem pequena, foi cuidada pela a avó materna mas ela faleceu um tempo depois, mudou pra casa do pai mas era mais maltratada que tudo, a madrasta dela é tipo a da Cinderela e o pai é o próprio bobo da corte que abaixa a cabeça por tudo. Chegou uma hora que não dava mais pra aguentar, minha mãe que tratava ela como filha não esperou mais um dia se quer, quando ela completou 18 anos pegou a bichinha e levou pra morar com a gente, ficando assim até hoje.

Parou de chover e nós resolvemos voltar antes que começasse de novo, comi tanto que a minha pança tá igual a daquele ursinho. — E o Joca? — perguntei pra ela.

— Deve estar bem — deu de ombros.

— Ué, você não tá falando com ele? — tirei o meu tênis e me joguei no sofá.

— Ele que me ignorou por mó tempão, não vou ficar correndo atrás — concordei.

Ela colocou Grey's na Netflix e começamos a maratona, minha mãe tinha ido pra uma viagem tipo caravana e só voltava no domingo, ela deixou vários bilhetinhos nos postes de comida congelada avisando que não era pra comer nenhuma besteira...

— Tu disse que o Vitor tava em casa? — perguntou e eu concordei — Só se for na casa daquele amigo doido dele, olha só — me entregou o celular, mostrando três stories de uma ridícula e em todos ela estava se esfregando nele.

— Tá me zoando? — falei puta.

— Eu falo que ele te faz de trouxa mas você não me escuta... — bufei.

Peguei o meu celular e digitei o número dele na agenda, tocou e ele atendeu, no fundo tocava um funk enorme e pra minha surpresa foi uma voz feminina que respondeu.

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— Alô?
— Cadê o Vitor? — perguntei brava.
— Flor, ele tá bem bêbado agora, liga outro dia — desligou na minha cara.
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— Eu não avisei? — Bruna me olhou — Eu avisei.

Quase sem querer Onde histórias criam vida. Descubra agora