Capítulo 3

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Miguel 💭

— Parceiro, tu não tá exagerando na bebida? — perguntei pro Vitor, o moleque já tava sorrindo à toa.

— To bemzão — respondeu e eu concordei — Fala tu, Lucca.

— Pô, vou ver se as meninas não querem vir pra cá — Lucca pegou o celular mas o Vitor tirou da mão dele.

— Tá doido é? — falou — Eu falei pra Elisa que tava em casa, quer colocar pulga no meu sapato é?

— Tu mentiu pra mina, Vitor? — Caio chegou — Não gosto dessas paradas não, se ela me perguntar eu vou contar.

— Ela é muito pegajosa véi, não tem quem aguente — respondeu olhando uma loira passar.

— Mas tu vive pagando que assume — neguei dando risada — Tu não presta.

— Ela sabe que o nosso caô não é exclusivo pô, ela aceita e eu sou sincero.

— E tua irmã? — Lucca perguntou.

— O que tem ela?

— Nada não, só queria saber se ela tá bem — o falso coçou a nunca. Moleque vive se encontrando às escondidas com a Rebeca mas morre de medo do parceiro descobrir, é aquilo né, irmã de parceiro pra ele é homem.

Parei por ali mesmo, amanhã eu tava afim de curtir uma praia e eu iria se ficasse enchendo o cu de cachaça. Me despedi dos moleques e desviei de umas garotas que tava doidas pra me puxar pra piscina.

Cheguei entrando devagarinho, morava com a minha avó pra dar aquela assistência e não deixar a velhinha sozinha mas se ela me visse chegando essa hora o pau comia, não por ser tarde demais mas sim porque querer saber aonde eu tava e com quem.

Tirei o tênis e a roupa ficando só de cueca, deitei na cama e logo o meu celular apitou. Ja era a doida da Bruna me mandando mensagem, amo aquela menina como a minha irmã parceiro.

— Mensagem (1)
Bruninha: ô filha de uma puta
Eu: tá xingando a minha mãe pq?
Bruninha: o senhor saiu pra festinha e não me falou nada pq 😡
Eu: tu n é a minha mãe e nem a minha namorada, vaza fia
Bruninha: vou fazer uma perguntinha sincera
Eu: lá vem
Bruninha: o Vitor ficou com alguma menina nessa festa aí?
Bruninha: eu sei q tu é amigo dele mas eu to perguntando de coração.
Eu: ficou
Eu: não me mete nessas confusões não que eu sou zen
Bruninha: belezinha irmão, amanhã tá de pé a nossa praia?
Eu: opa, eu busco você aí
Bruninha: beleza irmão, beijo.

Bruna 💭

Eu sou aquela pessoa que é bem tranquila, prefere não gastar energia brigando e curte uma paz. Desde pequena eu fico pulando de casa em casa, perdi a minha mãe bem nova e fui morar com a minha vó, perdi ela depois de alguns anos e me abriguei na casa do meu pai.

Minha relação com ele é a pior que tem, ele é clássico pai que da preferência a mulher que odeia a filha e prioriza a filha de criação dele. Chegou um momento que eu mais sofria naquela casa do que era feliz, apanhei bastante da minha madrasta quando menor e o meu pai não movia um dedo, pra minha meia irmã ele sempre dava os presentes mais importantes do mundo e os abraços mais fortes, para mim não era nem um "como foi o dia na escola?".

De tanto me ver assim a tia Elô sempre cuidava de mim, mesmo quando meu pai me proibiu de ver ela porque julgava a minha amizade com a Elisa perigosa. Com 18 eu corri pra bem longe daquela casa, fui abrigada e praticamente adotada pela família Vicente.

Por tais motivos eu não suporto ver a minha irmã do coração sofrer, sempre fui de boa com o Vitor mas quando saquei as segundas intenções dele eu já fiquei com um pé atrás. Ele sempre enrolou a Eli na mão dele, fazia ela de gato e sapato mas quando ela cobrava algo dele, ele se fazia de louco e dizia que não tinha nada sério com ela.

Por ele ser o primeiro amor dela ele sempre conseguia o que queria, não acho ela idiota mas sim apaixonada, e esse que é o foda!

Dessa última vez eles concordaram em manter algo sério, ele não queria namoro mas também não queria largar o osso. Já a minha amiga bateu o pé e deixou bem claro que era a última chance, não iria mais procurar se ele pisasse na bola novamente.

Mas foi o que ele fez.

Pisou na bola outra e outra vez.

Se ela já estava chateada por ele ter mentido eu já conseguia imaginar como ela iria ficar assim que eu respondesse o que ela tanto havia insistido pra eu perguntar.

— Ficou — falei e ela fechou os olhos.

— Porque eu não me sinto surpresa? — perguntou — Eu cansei, definitivamente cansei.

— Então pronto irmã, segue o seu caminho e acaba com esse tormento. — apertei a mão dela — Você sempre soube que ele nunca iria ser do jeito que você sonhou, ele não se importa na mesma intensidade.

— Eu me apeguei tanto a ideia de ter um futuro com ele, só me decepcionei mais.

— Sabe o que vamos fazer? — perguntei fazendo ela me olhar — Vamos dormir porque já são quase quatro da manhã, amanhã você vai curtir uma praia comigo e com o Miguel.

— Ah não — ela resmungou — A última coisa que eu quero é sair com o melhor amigo do Vitor, os dois sempre andam juntos.

— Para de graça — levantei do sofá — Amanhã vou te acordar cedo, não quero nem saber.

Quase sem querer Onde histórias criam vida. Descubra agora