Elisa 💭
Já fazia uma semana que tínhamos voltado do Rio, desde lá tive zero contato com o Miguel e até preferia desse jeito. Ele até saia com a Bruna, buscava ela aqui direto mas eu nem colocava a cara pra fora e metia nos assuntos dos dois.
Já a bonita vivia rindo de mim, logo que ela que fugia do Caio como o diabo foge da cruz.
O meu amigo tinha me chamado pra comer uma pizza hoje, falou que iria me buscar e até pagar. Eu que não sou boba não recusei, tava precisando de alguém pra bancar a burguesa que sou.
— Tá indo pra onde toda bonitona assim? — Bruna perguntou largada no sofá.
— Vou sair com o Caio — falei.
— Hm.
— Só hm? — olhei pra ela — Nada mais?
— Quer que eu fale o que? — olhou pra televisão.
— Isso filha, vai com esse Caio e dá uns beijão nele pra ver se a Bruna cria vergonha na cara — minha mãe falou.
— A senhora pegou o dia pra implicar comigo — fechou a cara — Agora implicar com a Elisa sobre o Miguel você não implica, né?
— Uma por vez — respondeu.
Fui pra garagem antes que eu virasse o algo daquela conversa, rapidinho o Caio chegou e nós fomos pra uma pizzaria bem chique, ele era aquele burguês que gosta de esbanjar e não tá nem aí. Fizemos os nossos pedidos, me aconcheguei na cadeira e olhei pra cara dele — Pode falar o motivo de querer tanto a minha presença.
— Não posso querer sair com a minha amiga querida? — perguntou.
— Não — falei — Até porque eu sei que não é por isso que eu estou aqui.
— Tu é chatona, mano — bufou — Tô querendo saber o que a sua irmã falou sobre mim.
— Nossa, ela te enlaçou mesmo — dei risada.
— Você sabe que eu sempre fui afim dela, não é novidade — deu de ombros — Mas ela só sabe me esnobar.
— Porque você não pergunta pro seu amigo?
— O Miguel não me quer com a Bruna nem fudendo, ele fica falando que eu vou magoar ela.
— Pra magoar ela tem que te dar confiança primeiro — dei risada — Desculpa amigo.
— Fala logo — bufou impaciente.
— Ela não vai se aproximar se você ficar em cima o tempo todo, ela não é assim.
— E eu vou fazer o que? Ignorar a mina?
— Se você quer que ela te note, sim — falei — A Bruna teve muitos problemas e ela prefere se afastar de qualquer coisa que possa machucar ou tirar a paz dela, então se você se afastar ela vai sentir falta e assim quem sabe ela te note.
— Eu ia falar com ela sobre uma vaga lá na escola, nem vou mais então.
— Aí não né amigo, emprego é outra coisa — esperei o garçom terminar de servir a nossa pizza — Se afasta um pouco e no momento certo você fala da vaga.
— Hm, você tá pagando de cúpida — deu risada.
— Estou apenas me vingando dela — bufei.
— Ei, não sou uma vingança não, se liga — falou todo ofendido.
— Esqueci que você é todo apaixonadinho por ela — revirei os olhos.
— Que mané apaixonado, eu só quero saber que lance é esse dela não ir com a minha cara desde o começo.
— Isso só ela pra te falar — mordi um pedaço da pizza de calabresa — E o seu amigo, huh?
— O que tem ele? — perguntou — Ah saquei, você quer saber o que ele falou sobre você.
— Garotinho esperto — baguncei o cabelo dele.
— Ele falou que você era problema e que não iria perder a amizade dele por buceta — respondeu sincero.
— Nossa — suspirei surpresa — Sério?
— Uhum, tá ligada como o Vitor vai ficar se descobrir.
— Tô cansada disso mano, foda-se ele, nunca namorei ele e pronto acabou — falei de saco cheio.
— Mas vocês ficaram quase dois anos juntos, mesmo ele com esse rolo todo ele vai ficar puto ué — respondeu simples — E se fosse a Bruna pegando ele, como que você ia ficar? — fiquei quieta — Então, pô.
E o que mudaria, também? Não quero nada com ninguém e muito menos vai ser com ele, se é só buceta pra ele então ele é só pau pra mim.
Mudamos de assunto e ficamos um tempão fofocando sobre a vida dos outros ali, fazia um tempo que eu não saía com ele e conversava de boas. O Caio sempre foi muito de boa, apesar da quantidade de dinheiro que ele tem nunca ficou se achando melhor que ninguém, e sempre que dava ele me chamava pra sair.
Cheguei em casa, encontrei as duas doidas jogadas na sala chorando horrores por causa de filme dramático. Coloquei um pijama e desci pra me juntar com elas, assim que deitei no sofá a Bruna já me olhou, ela nem disfarça quando quer saber de algo. — Que foi?
— Nada — respondeu.
— Hm.
— Hm — falou mas depois me olhou — Como foi o seu jantar?
— Bom, porquê?
— Nada — olhou pra televisão — Ele falou de mim?
— Não, nem tocamos no seu nome — menti — Porquê?
— Nada não.
A viada não quis me jogar pro amigo dela? Então agora sou eu que vou jogar ela pro meu amigo, com a clássica estratégia com desinteresse.
Meu cu que ela não tá morrendo de curiosidade pra saber o que nós conversamos.
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Quase sem querer
RomanceCansada de estar em um relacionamento no qual apenas um ama por dois, Elisa mergulha em uma aventura com ninguém mais do que o seu amor semi-correspondido. O que ninguém sabe, ninguém estraga mas será que o silêncio é o suficiente para os dois? +1 r...