Capítulo 46

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Miguel 💭

Tinha passado uma semana desde que eu e a Elisa finalmente nos oficializamos, entre nós dois. Eu não queria demorar para conversar com o Vitor, isso só daria munição para ela se afastar de mim e querer acabar com algo que mal começou.

Marquei com os moleques de jogar um pouco no campo de sempre, meu plano era observar e chegar no assunto aos poucos, assim o dano seria menor. O único que não estava com problemas assim era o Caio, ele estava mais que assumido com a Bruna e não precisava esconder de ninguém, uma parte de mim sentia uma inveja absurda.

Porque era tão complicado para mim? Qual é, eu sempre fugi dos meus compromissos por não gostar de me prender e a única vez que eu não quero fugir, eu preciso para não acabar com a minha amizade. Mas isso está com os dias contados, eu vou acabar com essa palhaçada toda.

— Irmão, você tá só o pó — Vitor riu. O Lucca estava só o caco nas últimas semanas, estava mais que óbvio que ele não conseguia superar o término.

— Muito trabalho — deu de ombros.

— Claro, trabalhando e enchendo a cara — respondi. Ele me olhou bravo, eu não pretendia estragar e contar o segredinho dele mas também não queria ver o meu amigo se afogando por causa de uma besteira dessa, ele precisava conversar com o Vitor e se explicar.

— Por isso você anda sumido, né filha da puta? — Caio deu risada.

— Ele? — Vitor riu — Todos vocês. O que tá acontecendo? Eu mal consigo ver vocês.

Essa era uma das piores partes: ter que mentir para o meu melhor amigo até sobre onde eu ando.

— E você? — Mudei o foco — Tá fazendo o que?

— Pensando na vida — abriu uma latinha — Em como eu estrago tudo e como a vida me dá segundas chances.

— Tá falando do que? — Caio perguntou.

— Tá ligado no arrependimento? — resmungou — Tô arrependido demais irmão, só tenho feito merda e agora que eu tenho uma chance de fazer tudo certo, eu to cagando de medo.

— Você tem que tentar cara, como vai saber sem tentar? — Caio respondeu.

— Você tá certo — levantou — Eu vou tentar então.

— Quanta emoção — Lucca bufou quando Vitor se afastou.

— O que ele tá querendo? — perguntei — Sobre quem ele tá falando?

— Sei lá — Lucca deu de ombros — Nem me importo também.

— Cara, conversa com ele — Caio bateu na cabeça dele — Você quer perder a mulher que você ama por causa de bobeira?

— Ele vai ficar puto mano, não quero perder a confiança de quem me ajudou quando eu mais precisei.

— Ele vai entender — falei.

— Igual ele vai te entender? — rebateu.

— Vocês são impressionante — Caio interrompeu — Ficam fazendo ele como vilão em algo tão simples enquanto são vocês que não tem coragem de sentar e conversar. Porra, se ele ficar bravo vai durar alguns dias e depois vai passar, sério que vocês vão ficar nessa enrolação?

Ele tava certo, eu já estava cansado dessa bobeira e estava mais que decidido em colocar um fim nessa história.

— E você acha que vai adiantar algo? — Lucca riu — Ela já tá com outro porra, não quer me ver nem pintado de ouro. Vai mudar o que?

— Você vai mostrar que não é um covarde, cuzão — falei.

— Você é quem pra falar alguma coisa?

— Porra Lucca, não tô afim de discutir contigo. Meus assuntos já estão resolvidos, eu tô ficando sério com a Elisa e eu vou conversar com o Vitor. Você tá fazendo o que além de encher a cara todos os dias?

— Voltei garotas — Vitor sentou todo feliz — Vou conquistar ela de novo, fica vendo.

— Ela? — perguntei. De novo? Que porra era aquela?

— É ué — assentiu. Ela quem porra? A Elisa?

— Caralho — Caio levantou mexendo no celular — Eles ainda vão me deixar loucos.

— Quem?

— Meus tios — revirou os olhos — Estão tentando pegar a parte das escolas para eles. Os dois mal sabem limpar a bunda, vão administrar como?

— Mas eles não têm que comprar a parte da sua mãe? — perguntei.

— Exato, por isso estão enchendo a porra do saco da Bruna, tudo por dinheiro — respondeu — Tenho que ir na minha vó, tá tendo treta lá.

— Boa sorte irmão — Vitor desejou.

— Vou precisar — acenou saindo.

— A Elisa comentou da bagunça que aconteceu lá na casa dela com o pai e a madrasta da Bruna — Vitor falou — Que barra, falei que podia ter me chamado que eu ajudava lá.

— Não sabia que vocês conversavam — respondi.

— Conversamos — sorriu.

Puta merda, era só o que me faltava.

— Tenho que ir, tá tarde já — levantei — Falou pra vocês. 

Peguei o celular no bolso pronto para ligar pra ela, queria saber o que mais eles conversavam, mesmo sabendo que aquele ciúmes idiota iria causar uma briga enorme. Que raiva! Assim que entrei nos contatos meu celular apitou. Parecia uma feiticeira que sabia bem quando eu queria falar com ela.

— Mensagem (4)
Lis: Amor?
Lis: Já terminou ai?
Lis: To ficando mal acostumada, não consigo dormir sozinha mais. Quer dormir aqui?
Lis: A gente pode assistir aquele filme horrível de terror que você tanto quer, o que acha?

Feiticeira do caralho, conseguia me desarmar só com um 'amor'.

Quase sem querer Onde histórias criam vida. Descubra agora