Quase sem querer

Capítulo 48

Rebeca 💭

Eu nunca pensei que a minha vida poderia piorar, eu acreditei que eu já estava na merda, mas como sempre a vida riu da minha cara.

Eu estava sofrendo porque a pessoa que eu amava não queria me assumir para o meu próprio irmão, ele não tinha coragem e aparentemente não me amava o suficiente pra isso, o que fazia do meu irmão um grande merda por colocar medo em todos os seus amigos se eles se aproximassem da sua irmã mais nova. E ao contrário do que todos pensam, eu tentei seguir em frente, eu sai com outros caras, fui em festas e encontros, eu tentei ficar bem.

Então piorou.

Minha vó estava morrendo, minha mãe sofrendo e o meu irmão estava tentando segurar uma mentira. Bom, eu estava tentando não deixar tudo desabar, mantive a calma todas as vezes, visitei a vovó e cuidei do resto pra deixar todos livres, fora isso eu estava me sentindo mais sozinha, até o Vitor tinha a sua namorada fake pra o apoiar e isso me dava uma puta raiva dele. Ele podia viver uma vida de mentira, podia mandar e desmandar em todos, e com certeza no relacionamento espedaçado que eu tive.

E piorou mais.

Alguns dias depois da vó Zefa chegar, ela passou mal o dia todo e eu resolvi sair de madrugada pra poder chorar sozinha, eu só não esperava encontrar o meu ex-namorado rondando a minha casa. E bem, eu estava mal e em procura de alguém, um alguém especial e essa pessoa estava em busca de mim, ou do meu irmão, preocupado. De início nós brigamos, eu lutei contra estar perto dele e ele lutou contra me deixar sozinha, depois eu chorei no colo dele e insisti pra ele não me largar, o que levou pra um ponto mais humilhante, eu implorei pra ele me amar mais uma vez. O Luca me amou como se nada tivesse acontecido e mesmo muito confusa, triste e carente, eu me mantive naquela humilhação dentro do carro dele.

O que levou a piorar até o extremo.

Quando nós tivemos que correr para o hospital eu estava mais parecendo um trapo do que todos os outros e não era só por causa da minha vó. Eu neguei suspeitar de qualquer outra coisa, eu não queria nem pensar no caso carente que eu tive com o ex que não me escolheu e depois me deixou em casa em silêncio, porque tanto ele quanto eu sabíamos a merda que tínhamos feito. Até que eu descobri que estava grávida com um teste barato que eu me obriguei a comprar e não queria contar pra ninguém, porque não era o momento e porque eu estava mais confusa que tudo nesse mundo.

Passamos dois dias dormindo na sala de espera e esperando o momento de nos despedirmos, e quando chegou eu fui a primeira a dizer tchau, sussurrei que ela iria ter um bisnetinho e chorei porque eu não escutei nenhum conselho. Perdi totalmente o apetite e segurei todo meu sono, eu já estava pálida o suficiente e não queria trazer atenção desnecessária pra cima de mim.

Até que a merda explodiu.

Eu fiquei sentada abraçada com a Bruna enquanto o meu irmão e a Lis entravam para se despedirem, tentei reunir forças pra acalmar o olhar acabado do Miguel mas não consegui, ele estava sofrendo desde que toda a confusão começou e eu sentia muito por ele, o que era uma merda porque ele também estava no rolo do não-conte-ao-Vitor-porque-ele-é-muito-ignorante-pra-aceitar.

— Você tá bem? — Bruna me perguntou.

— Sim — respirei, tudo estava balançando e eu não queria desmaiar na frente de todo mundo.

— Você tá soando, tipo muito.

— Tô bem, relaxa.

— Beca? — Luca se aproximou — Rebeca você tá pálida.

Eu me levantei para tentar me afastar de toda aquela multidão sufocante, eu realmente tentei ficar em pé antes de cair nos braços do Miguel, só que além de cair, o teste que estava no meu bolso caiu também.

E foi tudo em câmera lenta.

De um lado apareceu o Vitor segurando a Elisa e beijando-a fortemente.

De outro lado estava o Miguel me segurando e olhando para os dois como se fosse matar alguém.

E por fim, do outro estava o Luca com o meu teste na mão.

— Que merda é essa?