Bruna 💭
Passei a tarde toda dormindo pra ver se eu conseguia fugir de todos aqueles problemas, o que certamente não aconteceu. Acordei, tomei um banho rápido e desci pra caçar algo pra comer.
Minha mãe tinha ficado toda mexida com essa história, eu sei que ela se preocupa na mesma intensidade que eu e por isso não foi trabalhar hoje. Ela estava lá colocando algo no forno, abracei-a por trás sentindo aquele perfume de mãe mesmo, me lembrava pra caramba da minha mãe biológica e unia as duas em um só sentimento.
— Oi meu amor — entrelaçou os nossos dedos — Tá melhor?
— Tô sim, pode ficar tranquila.
— Só vou ficar tranquila quando aqueles dois sumirem da nossa vida — suspirou — Não se preocupa, tá? Eu vou cuidar de tudo.
— Eu posso cuidar disso mãe, não precisa encher a sua cabeça — me afastei e ela ficou de frente comigo.
— Você enche a minha cabeça desde que eu te conheci, bobona — deu um tapinha na minha testa — Claro que eu vou cuidar disso, e a senhorita vai continuar a sua vida normal.
— E quando eu tive uma vida normal? — ri — Nada dura muito, principalmente paz.
— E aquele garoto lindo, acha que não vai durar com ele? — me encarou e eu desviei o olhar.
— Não temos nada pra durar — respondi.
— Você sabe que tem que conversar com ele, não sabe? — concordei com a cabeça — Se eu fosse você resolvia isso rápido, não deixe as pessoas saírem assim da sua vida, por medo e falta de informação — beijou a minha testa e saiu.
Peguei o meu celular e abri as dezenas de notificações, a maioria era ligação do Caio. Abri a mesma aba e liguei pra ele, não quis nem pensar duas vezes senão eu desligaria na hora, o meu medo de me envolver com alguém era enorme.
— 📞
C: Alô?
B: Tá podendo falar?
C: Claro, eu te liguei à tarde toda. Você tá bem? O que aconteceu?
B: Você pode me encontrar aqui na rua da minha casa?
C: Já to indo.
— fim de ligação —Subi pro meu quarto pra pegar um moletom, calcei um chinelo mesmo e desci pra esperar ele. Pela velocidade e desespero das falas dele na ligação eu sabia que ele não demoraria pra chegar, e foi o que aconteceu, em menos de dez minutos ele estacionou em frente ao meu portão.
— Veio voando? — ri.
— Quase isso — desceu do carro — Você tá bem?
— Uhum — concordei — Só preciso conversar com você.
— Beleza — veio em direção ao portão mas eu barrei ele.
— Pode ser lá na pracinha? Fiquei o dia todo em casa, preciso respirar — concordou.
Fechei o portão e tranquei em seguida, assim que eu me virei pra andar escutei um grito da minha mãe. — Ou, não tem mãe não? — Olhei pro alto e lá estava ela com os braços apoiados na varanda do quarto.
— Nós vamos lá na pracinha — avisei.
— Cuidado com os maconheiros — falou de volta — Cuida dela, viu garoto?
— Pode deixar — Caio deu um joinha.
Fomos andando até a praça em silêncio, como era bem na esquina não ficou tanto tempo naquele clima tenso. Sentei no primeiro banco que apareceu e ele sentou em seguida também. — Vai me contar o que aconteceu hoje?
— Eu não espero que você tome a minha posição, porque vocês são famílias mas acho que eu te devo uma explicação — puxei a manga do meu moletom pra baixo.
— Tudo bem.
— Quando eu tinha cinco anos os meus pais se divorciaram, ele tinha uma amante e sempre foi muito ganancioso pra viver com a gente numa família mais humilde. Não era como se nós fossemos de baixa renda ou algo do tipo, ele que sempre quis ser de classe alta e todo os luxos que possuem — olhei para as crianças brincando no parquinho, era foda me abrir pra outras pessoas — Depois de uns anos a minha mãe faleceu, eu não tinha contato com o meu pai e a única pessoa que tinha restado da parte dela era a minha avó. Eu fiquei um ano e alguns meses com ela mas pela idade não aguentou muito, também faleceu.
— Caraca, eu sinto muito — apertou a minha mão.
— Nisso, só me sobrou a parte do meu pai e eu tive que morar com ele. Sabe a história da Cinderela, com madrastra má e irmãs más também? — assentiu — Foi tipo isso, só mudou o fato do meu pai ser um cuzão também. Eu odeio ter que reviver as lembranças daquela época então vou resumir, tá bom? — concordou — Eu apanhava direto, escutava gritos e não tinha nenhuma independência, porque até a minha pensão ou herança eles tiraram. Meu pai nunca ligou e sempre falou que era pro meu bem, mesmo vendo a minha madrastra me batendo todos os dias depois da escola.
— Caralho, eu não sabia disso.
— Quase ninguém sabe, eu só deixo saberem que eu fui adotada pela família da Lis e isso é o que importa. Quer dizer, o que importava pra você até hoje.
— O que você quer dizer com isso? — me encarou.
— A Luciana é a minha madrastra, meu pai faz parte da sua família burguesa — respondi e ele me olhou surpreso — Eu já sabia, por isso fugi de você várias e várias vezes, nunca quis nenhum contato com ninguém de lá.
— Caralho, eu sei a história da filha do meu tio que foi mal agradecida mas eu não lembro de você, sempre tive nojo dos meus "tios" — fez o sinal de aspas com as mãos — Eu me lembro das festas em família, mas não me lembro de você.
— É porque muitas eu não fui — falei — Eu fui só até um tempo, sempre fiz a boa enteada mas depois eu parei e nunca mais fui, principalmente quando fugi sai daquela casa.
— E o que aconteceu hoje? — me perguntou.
— Foi a primeira vez que eu vi ela depois de muita confusão — suspirei — Eles querem algo que eu nem sabia que tinha.
— O que?
— Herança — ri — Eu nem sabia que tinha herança de uma tia por parte de pai, não fazia nem ideia.
— Ué, é só você não dar e ficar com o dinheiro — falou simples.
— Queria eu que fosse assim — me olhou confuso — Eu me envolvi numa polêmica quando era mais nova e isso pode vir à tona agora.
— Polêmica? — me olhou — Aquela história do professor?
— É — respondi baixo — Não me orgulho disso, não sei como algumas pessoas sabem mas eu sempre agradeci por não ter virado notícia na cidade — apertei as minhas mãos, eu estava mais que aflita, era claro que ele não iria querer saber mais de mim. Eu mesma, a mal agradecida que se envolveu com um professor.
— Ok — falou.
— Ok? — o encarei.
— É, ué — deu de ombros — Obrigado por ter me contado.
— Você não tá bravo comigo?
— Não — riu e segurou no meu rosto — Não tem motivos pra ficar bravo, eu imagino tudo o que você passou e sei que alguns erros ficam no passado, e sinceramente, eu não me interesso por eles — passou o polegar lentamente pela minha bochecha — Eu gosto demais de você pra ligar pra isso, e além disso, odeio aqueles dois mais que tudo.
— Então tá tudo bem? — perguntei ainda aflita.
— Tá tudo bem — sorriu e colou os nossos lábios.
Ok, eu não esperava por toda essa reação positiva mas o meu coração batia cada vez mais rápido por saber que ele estava ao meu lado e tinha falado que gostava de mim.
Porra, acho que me apaixonei.
+150
Oizinho, avisando pra quem quiser entrar no grupo do wpp que o link está lá no meu mural ❤️
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Quase sem querer
RomanceCansada de estar em um relacionamento no qual apenas um ama por dois, Elisa mergulha em uma aventura com ninguém mais do que o seu amor semi-correspondido. O que ninguém sabe, ninguém estraga mas será que o silêncio é o suficiente para os dois? +1 r...