Miguel 💭
— Então a parada com a Lis tá séria? — Lucca perguntou.
Caralho, nem no futebol da semana eu tenho paz desse nome. Não é que eu esteja criando um ranço, nada disso, só quero distância mesmo.
— Almocei com ela duas vezes nessa semana, estamos só na amizade mesmo — Vitor respondeu.
— E vocês vão ficar juntos? — perguntei.
— Tô achando que não tem mais volta, irmão — suspirou — Ela já tá até saindo com outras pessoas.
— Poxa, que pena — olhei — E ela tá saindo com quem?
— Irmão, me ajuda a pegar o cooler lá no carro — Caio puxou ele sem ao menos deixar me responder.
Nem ligo também, mó palhaçada.
O pessoal se juntou tudo na arquibancada, um bando de homem fedendo e tomando uma gelada pós jogo. Passou um grupinho de meninas do outro lado da quadra, já chamou a atenção do time todo mesmo eu tenho certeza que era tudo gay.
— Gostei da cachinhos — Vitor falou animado.
— Ih irmão, tu não tem chance com ela não — Caio riu.
— Ué, porque não?
— Você parece uma ameba e ela é toda linda.
— Tá duvidando de mim? — levantou — Fica só vendo.
Vitor levantou, se esticou, mandou o dedo do meio pro Caio e desceu a arquibancada. Ele foi todo concentrado em direção das meninas, nós ficamos só olhando a vergonha que ele iria passar. Aqui entre nós, ele podia pegar até bastante mulher mas na maioria ele levava toco pelo jeito idiota.
Quando se aproximou da morena com cachos deu vontade de rir, a mina olhou pra ele com uma cara de cu tão grande que não cabe nesse campo. O bobão tentou jogar uma gracinha pra morena e nada, a mina tava com uma cara prestes a mandar ele tomar no cu.
— Ih, mandou — Lucca concluiu.
— Mandou — concordei.
— Mandou mesmo — Caio respondeu.
Olhei pra frente novamente e assisti o Vitor voltando puto da vida, ele marchava e com toda certeza tava todo doído pelo fora que levou.
— Ela mandou, né? — Caio perguntou rindo.
— Vai se fuder — olhou com uma cara de bosta e sentou abrindo outra latinha — Mina mó bravona, mal cheguei dando oi e ela me respondeu com uma cavalada.
— Mas ela mandou? — perguntei.
— Ela me mandou tomar no cu — resmungou — Mas eu nem forcei, só tentei ir na maciota.
— Se ela mandou foi porque teve motivos — Lucca riu — Foi a sua cara de ameba.
— Fica zoando fica, não vou desistir não — falou todo convicto — A amiga dela é filha do tiozinho que cuida daqui, certeza que sempre tá aqui.
— Cuidado, vai acabar levando um socão nessa cara feia — zoei.
Terminamos de beber ali e levantamos pra ir embora, querendo ou não amanhã ainda era dia de trabalho. No estacionamento cada um foi pro seu carro, eu até poderia deixar passar mas a minha curiosidade tava tão grande. — Ô Vitin.
— Fala parceiro.
— Você vai investir em alguém mesmo querendo a Elisa? — joguei o verde.
— Mas ela não me quer, irmão — coçou a nuca — E eu não quero atrapalhar a nossa amizade, tá ligado?
— Ela também já seguiu o caminho dela, né. — olhei pra frente tentando disfarçar o meu interesse repentino.
— Orra, foi até numa pizzaria com aquele mané do Théo — falou — Tô indo, até amanhã.
Eu não imaginei que aquela informação fosse grudar na minha cabeça como grudou. O chá deve ter sido muito bom pra eu ficar encucado com quem aquela mina sai ou deixa de sair. Mas eu fiquei, e quando menos percebi já tinha feito todo o caminho pra casa dela.
Caralho, to parecendo aqueles arrependidos que correm pra casa da mina na manhã seguinte implorando por perdão. Mas na real, eu não queria perdão de nada, nem fiz nada pra estar errado.
Fiquei traçando uma briga interna, pensei e pensei em tocar a campainha pra resolver as coisas. Na hora H que eu iria tomar uma decisão um carro estaciona bem em frente. Puta merda, eu sou um fodido.
Nesse momento vocês ficariam no portão aguardando ela chegar?
Porque eu não, a primeira coisa que o meu cérebro pensou foi em me esconder perto da moita. E quando eu vi, eu já tava no escurinho observando a palhaçada. Ela tava beijando aquele mané bem na minha frente, puta que pariu.
Refiz todo um caminho pra fugir daquela situação sem a Elisa perceber. Eu me arrependi, me arrependi pra caralho e tenho certeza que essa merda foi tudo por causa da bebida.
Que bebida, Miguel? Só tomou uma latinha, cuzão!
Enquanto eu brigava comigo mesmo ela estava ali parada, me olhando de cima abaixo. — Miguel?
— Eu — sério, em pânico eu consigo ser a pessoa mais idiota desse mundo.
— Você tá bêbado?
— Tô não.
— E tá fazendo o que aqui? — perguntou confusa.
Te ver e garantir que você não tinha saído com outra pessoa.
— Ver a Bruna — menti.
— Vish, ela já deve tá até dormindo — olhou no celular — Tá bem tarde.
— Então eu vim ver você.
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Quase sem querer
RomanceCansada de estar em um relacionamento no qual apenas um ama por dois, Elisa mergulha em uma aventura com ninguém mais do que o seu amor semi-correspondido. O que ninguém sabe, ninguém estraga mas será que o silêncio é o suficiente para os dois? +1 r...