Capítulo 27

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Elisa 💭

— Mano, tu é muito idiota — coloquei a mão na barriga com falta de ar.

— Juro, ela tem uns cinquenta anos e ficou pedindo pra eu chamar ela de novinha.

— E você chamou? — perguntei.

— Claro que não, ela tem idade pra ser minha mãe. Tu acha que eu chamaria a minha mãe de novinha?

— Eu não aguento com você, Vítor.

Sim, eu tinha voltado a falar com o Vitor e por incrível que pareça estava sendo bem de boa. É a segunda vez nessa semana que ele me encontra pra almoçar, conta como tá sendo a semana dele e eu compartilho a minha. Igual quando nós estávamos juntos, só que tirando a parte da pegação e cobranças.

Ele me contava como a chefe dava em cima dele e que ele corria igual um doido, eu só sabia rir alto no meio do restaurante, chegava até me engasgar. Apesar de tudo eu sentia saudade da nossa amizade, querendo ou não ele sempre esteve ao meu lado e eu tenho zero intenção de me relacionar amorosamente com ele de novo.

— Vai fazer o que de noite?

— O que eu vou fazer? — me engasguei — Eu vou sair com o Theo.

— Ah — tomou um gole do suco — De boa, você tem que seguir a sua vida mesmo sendo com aquele mané.

— Vitor — o repreendi.

— Eu sei, eu sei — limpou a boca — Eu fui um merda e agi errado. Vocês vão pra onde?

— Pizzaria — respondi — Vai me conquistar pelo estômago.

— Melhor jeito — riu — Alguém precisa avisar ele do prejuízo.

— Eu não como tanto assim — joguei o guardanapo nele.

— Parece até um dragão — riu.

Terminamos de almoçar rindo igual dois doidos, aproveitei e exigi uma carona bem tranquila até o meu trabalho. Cheguei, e subi pra sala que eu ficava, me irritei na hora com o tanto de papéis que tinham ali.

Terminei o meu turno só o pó da rabiola, me arrastei até o ponto de ônibus e fiquei alguma uma morta esperando. Se tentasse me assaltar só iriam levar o meu corpo, porque a alma já foi faz tempo. Cheguei em casa, e encontrei a Bruna largada no sofá. — Ô vida boa!

— Não vem me estressar não — respondeu.

— Tá feliz porquê? — joguei minha bolsa no sofá.

— O que você tem falado pro Caio — sentou rápido e me olhou — Não adianta mentir porque eu sei que tem dedo seu aí.

— Ele te chamou pra sair, né? — desviou o olhar — Bicho burro, nem pra esperar mais.

— Tá doida? — jogou a almofada em mim — Eu aqui tentando te juntar com o Miguel e você aí me afastando do Caio.

— Hmmm então você não quer que te afaste do Caio — sorri maliciosa.

— Cala a boca.

— Ó, e eu não quero essa palhaçada de cúpido pra cima de mim. Eu mesma administro os meus contatinhos, tanto que eu vou sair com um agora.

— Verdade, você vai sair com o Theo — me olhou animada — Coloca uma roupa bem arrumada, não vai com essas largadas que você tem.

— Alô mãe? — subi as escadas.

Tomei um banho rapidex e fui atrás de uma roupa 'arrumada e menos largada', me esforcei e acho que consegui uma roupa "mamãe eu sou menininha". Passei aquele treco que deixa os lábios vermelhos e desci pra esperar o bonito no portão.

— E aí, gatinha — Théo abaixou o vidro — Bora comer a melhor pizza da sua vida?

— Me impressione — entrei no carro.

Como não era a primeira vez que eu saia com o Theo, eu já tinha uma certa intimidade. Quer dizer, é a primeira vez que eu saio com ele no intuito mais amoroso, se puder falar assim, mas querendo ou não ele já era meu amigo desde bem antes. Só não sei se isso é bom ou ruim, eu era amiga do Vitor e só tomei no cu.

— Lhe apresento a minha pizzaria — abriu a porta pra mim.

— Sua?

— Minha — assentiu — Sou sócio daqui.

— Que burguês, e eu aqui pensando em não te dar prejuízo.

— Pô, continua assim — riu.

— Eu não, cheio da grana aí — entrei na pizzaria, que era a coisa mais linda.

Ele me apresentou pra meio mundo, comprimentos tanta gente que tava parecendo um prefeito. Depois de alguns instantes ele me levou até uma mesa e fez os nossos pedidos, que não demorou nem vinte minutos pra chegar.

— E eu pensando que você era um estudante simples de PP — dei risada.

— Minha segunda faculdade, na verdade.

— Olha, meu objetivo de vida é ser você — comi um pedaço — Caralho, ganhou minha moral.

— Só falta ganhar o coração — me olhou.

Meu Jesus amado.

Passamos o resto da noite conversando, e o que não faltava era assunto. Eu comi igual uma doida e não tava nem aí, a pizza era boa e o dono que iria pagar.

Já tava ficando tarde, Théo estacionou no portão de casa e acabou ficando aquele clima "eu era sua amiga e agora estou a um passo de te beijar".

Bom, ele não deixou eu pensar muito sobre isso  e me puxou pra um beijo. No começo eu não sabia se era realmente aquilo que eu queria mas o beijo dele era tão bom que eu desencanei daquilo. — Boa noite.

— Boa noite, Lis — sorri, e sai do carro.

Assim que eu me virei pra abrir o portão escutei alguém resmungar, olhei já pedindo pra Deus me deixar viva e não levar o meu celular que eu parcelei em 12x sem juros. Quando o Théo ligou o carro eu consegui enxergar quem era o ser humano perto do arbusto.

— Miguel?

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