Capítulo 22

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Bruna 💭

Acordei depois de uma madrugada um pouco caótica, analisei o meu redor e encontrei dois corpos largados na sala. Pelo o que eu me lembre da nossa chegada nós três estávamos tão loucas que nem conseguir subir a escada conseguimos, e isso era de manhã já.

Levantei com a força do ódio, olhei pro relógio perto da televisão que indicava quase seis horas da noite, me apressei ao banheiro porque todo o líquido que eu bebi ontem tava acumulado na minha alma e provavelmente eu teria que fazer um detox bravo.

— Vocês enchem o cu de cachaça e depois nem se aguentam, bonito né? — minha mãe apareceu igual fantasma na porta do banheiro.

— Privacidade — resmunguei.

— Privacidade é a tua cara — se encostou na pia — Como foi a festa? Boa?

— Três palavras: pegação, cachaça e treta — lavei as mãos — Preciso me hidratar.

— Tem água com limão e gengibre — fiz uma careca — Ninguém mandou beber até o mundo acabar, vou acordar as outras.

Abri a geladeira atrás da poção mágica que sumiria com a minha ressaca, não deu nem dois minutos pra enxergar duas derrotas entrando na cozinha com a maior cara de emburradas. Minha mãe sabia ser chata quando queria e nesses momentos ela adorava irritar a gente.

— Uma garrafinha pra cada — sentamos de frente pra bancada — Agora vocês vão me contar todos os detalhes.

Já disse que ela é fofoqueira?

— Você já abriu a sua boca, né Bruna? — Rebeca me cutucou.

— Ela terminou com o Lucca, aí pegou um cara na frente dele — Elisa contou — E pra ser sincera, até o que eu me lembre ele também tava com uma garota.

— Valeu Lis, obrigada por me lembrar disso.

— Foi por causa daquele motivo, querida? — minha mãe perguntou, e ela concordou — Então tinha que acabar mesmo, se ele quis nada sério por causa do teu irmão...

— Aí o tolo do meu irmãozinho veio brigar com a Elisa por ciúmes, falou até que amava ela.

— O seu irmão tem problema — gargalhei com a resposta da velha — Gosta de se pagar de gostosão mas tá correndo atrás da minha filha.

— Aí a Elisa jogou na cara do Miguel o rolo que eles tiveram — terminei.

— Rolo? — Rebeca perguntou confusa — Que rolo?

— Menina, você não sabia? — me empolguei — Os dois transaram já.

— Tá zoando? — olhou chocada — É muita hipocrisia...

— Eu? — Elisa já perguntou nervosa.

— Não doida, eles ficarem dizendo que a amizade com o meu irmão é mais importante e fazendo as coisas pelas costas.

— Eu concordo com isso — falei.

— Você fica quieta, ein — Lis me deu uma olhada — Acha que eu não lembro de você "aí porque o Caio é tão gostoso?".

— Tá ruim, filha — minha mãe gargalhou — Bebe e solta os podres — ouvi um barulho de buzina.

— Eu vou me retirar pra não ser pauta no assunto — levantei indo em direção ao portão. Estacionado bem em frente a nossa casa estava ninguém mais ninguém menos do que ele, o cachorrinho com cara de abandonado, Miguelzinho. — Tá fazendo o que aqui, doido?

— Vim ver se você tava bem.

— Conta outra — dei risada — Você veio com a desculpa que queria me ver mas tá interessado em outra pessoa, que no momento está lá dentro.

— Como ela tá? — perguntou encostando no carro.

— Bem, era pra ela estar de outro jeito?

— Não, ué — deu de ombros.

— Eu te conheço, garoto — bati no ombro dele — Você veio aqui esperando que ela estivesse mal com a treta de ontem pra se aproveitar e fazer ela esquecer das palavras de ontem.

— Porque ela disse aquilo?

— Tá zoando, né? — ri irônica — Ela só repetiu o que você falou, meu bem.

— E como vocês sabem que eu falei isso?

— Fica no ar — me afastei — Agora sou eu quem vou fazer o papel de proteção, fica longe da minha irmã porque você não presta nadinha de nada.

— Eu nem quero nada com ela, se liga — falou ofendido.

— Se não quisesse não estaria aqui — respondi — Meu recado tá dado — falei olhando ele entrar no carro.

— Ela falou com ele?

— Qual deles?

— Tem vários assim? — perguntou passando a mão na cara — O Vitor.

— Ela acabou de acordar, nem pegou no celular — fechei o portão — Agora vai pra casa, coloca essa sua cabeça no travesseiro e analisa a sua situação.

— Falo o mesmo pra você — ligou o carro — O Caio tá partindo pra outra.

(...)

Quase sem querer Onde histórias criam vida. Descubra agora