Bruna 💭
Acordei depois de uma madrugada um pouco caótica, analisei o meu redor e encontrei dois corpos largados na sala. Pelo o que eu me lembre da nossa chegada nós três estávamos tão loucas que nem conseguir subir a escada conseguimos, e isso era de manhã já.
Levantei com a força do ódio, olhei pro relógio perto da televisão que indicava quase seis horas da noite, me apressei ao banheiro porque todo o líquido que eu bebi ontem tava acumulado na minha alma e provavelmente eu teria que fazer um detox bravo.
— Vocês enchem o cu de cachaça e depois nem se aguentam, bonito né? — minha mãe apareceu igual fantasma na porta do banheiro.
— Privacidade — resmunguei.
— Privacidade é a tua cara — se encostou na pia — Como foi a festa? Boa?
— Três palavras: pegação, cachaça e treta — lavei as mãos — Preciso me hidratar.
— Tem água com limão e gengibre — fiz uma careca — Ninguém mandou beber até o mundo acabar, vou acordar as outras.
Abri a geladeira atrás da poção mágica que sumiria com a minha ressaca, não deu nem dois minutos pra enxergar duas derrotas entrando na cozinha com a maior cara de emburradas. Minha mãe sabia ser chata quando queria e nesses momentos ela adorava irritar a gente.
— Uma garrafinha pra cada — sentamos de frente pra bancada — Agora vocês vão me contar todos os detalhes.
Já disse que ela é fofoqueira?
— Você já abriu a sua boca, né Bruna? — Rebeca me cutucou.
— Ela terminou com o Lucca, aí pegou um cara na frente dele — Elisa contou — E pra ser sincera, até o que eu me lembre ele também tava com uma garota.
— Valeu Lis, obrigada por me lembrar disso.
— Foi por causa daquele motivo, querida? — minha mãe perguntou, e ela concordou — Então tinha que acabar mesmo, se ele quis nada sério por causa do teu irmão...
— Aí o tolo do meu irmãozinho veio brigar com a Elisa por ciúmes, falou até que amava ela.
— O seu irmão tem problema — gargalhei com a resposta da velha — Gosta de se pagar de gostosão mas tá correndo atrás da minha filha.
— Aí a Elisa jogou na cara do Miguel o rolo que eles tiveram — terminei.
— Rolo? — Rebeca perguntou confusa — Que rolo?
— Menina, você não sabia? — me empolguei — Os dois transaram já.
— Tá zoando? — olhou chocada — É muita hipocrisia...
— Eu? — Elisa já perguntou nervosa.
— Não doida, eles ficarem dizendo que a amizade com o meu irmão é mais importante e fazendo as coisas pelas costas.
— Eu concordo com isso — falei.
— Você fica quieta, ein — Lis me deu uma olhada — Acha que eu não lembro de você "aí porque o Caio é tão gostoso?".
— Tá ruim, filha — minha mãe gargalhou — Bebe e solta os podres — ouvi um barulho de buzina.
— Eu vou me retirar pra não ser pauta no assunto — levantei indo em direção ao portão. Estacionado bem em frente a nossa casa estava ninguém mais ninguém menos do que ele, o cachorrinho com cara de abandonado, Miguelzinho. — Tá fazendo o que aqui, doido?
— Vim ver se você tava bem.
— Conta outra — dei risada — Você veio com a desculpa que queria me ver mas tá interessado em outra pessoa, que no momento está lá dentro.
— Como ela tá? — perguntou encostando no carro.
— Bem, era pra ela estar de outro jeito?
— Não, ué — deu de ombros.
— Eu te conheço, garoto — bati no ombro dele — Você veio aqui esperando que ela estivesse mal com a treta de ontem pra se aproveitar e fazer ela esquecer das palavras de ontem.
— Porque ela disse aquilo?
— Tá zoando, né? — ri irônica — Ela só repetiu o que você falou, meu bem.
— E como vocês sabem que eu falei isso?
— Fica no ar — me afastei — Agora sou eu quem vou fazer o papel de proteção, fica longe da minha irmã porque você não presta nadinha de nada.
— Eu nem quero nada com ela, se liga — falou ofendido.
— Se não quisesse não estaria aqui — respondi — Meu recado tá dado — falei olhando ele entrar no carro.
— Ela falou com ele?
— Qual deles?
— Tem vários assim? — perguntou passando a mão na cara — O Vitor.
— Ela acabou de acordar, nem pegou no celular — fechei o portão — Agora vai pra casa, coloca essa sua cabeça no travesseiro e analisa a sua situação.
— Falo o mesmo pra você — ligou o carro — O Caio tá partindo pra outra.
(...)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quase sem querer
RomanceCansada de estar em um relacionamento no qual apenas um ama por dois, Elisa mergulha em uma aventura com ninguém mais do que o seu amor semi-correspondido. O que ninguém sabe, ninguém estraga mas será que o silêncio é o suficiente para os dois? +1 r...