Capítulo 4

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Miguel 💭

Acordei em cima do horário que eu tinha combinado de ir buscar a folgada, tomei um banho rapidão e desci pra comer alguma coisa. Dona Maria já tava lá só me esperando pra perguntar sobre as "festinhas", dei um beijo na bochecha dela e abri a geladeira pra pegar a margarina.

— Vai sair, meu filho?

— Vou curtir uma praia — cortei o pão — Tá afim de ir?

— Vou no cinema com as minhas amigas — respondeu e eu sorri. Mó orgulho desse velhona.

— Quer que eu te leve? — negou.

— A Cidinha vai descer aqui e nós vamos de uber — respondeu sorrindo.

— Oia só como a senhora tá abusada — bebi um pouco de suco.

— E você vai com quem? — me olhou — Com a Bruninha? — concordei — Faço tanto gosto nessa amizade de vocês, a Thelma me falou que conhece o pai dela e que o traste é o pior de todos.

— A história dela é tensa, velhona — levantei — To vazando, fui — beijei a bochecha dela e sai.

Fui cortando o caminho pra casa da Bruna antes que a doida começasse a me ligar. Desde que eu conheci ela na faculdade a gente nunca mais se largou, a amiga dela começou a sair com o meu parceiro e ela virou um rosto em comum, foi só um esbarrão pra gente se conhecer de verdade.

Não vejo maldade nela e muito menos sinto atração, ela é mais uma irmã pra mim e depois que ela contou tudo o que já passou eu só quis cuidar mais.

— Olha só que tá atrasado, huh? — falou abrindo a porta do carro — Vive reclamando de mim...

— Não enche, pirralha — liguei o carro.

— Espera aí, caramba — tirou a minha mão da ignição — A Elisa vai com a gente.

— Sério? — perguntei bolado — Você sabe que eu não quero me meter nas tretas do Vitor com a mina, nem sou próximo dela cara.

— Se liga, não tem nada a ver isso com ela indo com a gente — olhou pra Elisa fechando o portão — Não precisa ser próximo, só tratar com educação e com respeito que da bom.

— Oi — ela entrou no carro e sorriu fraco pra mim — Desculpa atrapalhar o rolê de vocês mas a Bruna Cecília me atazanou até o meu último suspiro.

— Suave pô — falei e ela concordou com a cabeça.

Estacionei numa sombra foda do quiosque, o que era uma das vantagens de morar no litoral de São Paulo, eu já conhecia os donos dos quiosques e curtia de boa.

Descemos e logo a Bruna tirou o chinelo afundando o pé na areia, eu que não ia queimar o meu pé igual a tonta. Pegamos uma mesa bem de frente ao mar e eu já sentei pedindo uma gelada, não tava afim de muito papo na minha cabeça e só queria curtir tranquilo.

— Você não vai ficar de biquíni? — Elisa perguntou pra Bruna.

— Não começa — resmungou — Sabe que eu não curto.

— Já falei pra você que não pode deixar de viver por causa de duas cicatrizes, nem são grandes e se fossem eu não vejo nenhum problema — rebateu.

— Ela tá certa, pô — concordei — Enquanto você deixar isso te controlar tu nunca vai seguir a sua vida.

— Bando de chatos — bufou tirando a blusa e em seguida a amiga tirou também, ficando só de biquíni — Bora tomar um banho de sal grosso, você tá merecendo.

— Você só me abala — Elisa levantou sendo puxada pela doida.

Se eu falasse que eu sou santo eu estaria mentindo, era difícil não dar só uma olhada pro corpo da morena mesmo que seja bem de longe. Era erradão olhar pra mina de amigo mas eu não entendia como o Vitor podia ser tão lerdo de abrir a mão de uma pessoa assim.

Eu não conheço ela bem e tudo o que nós já conversamos foi em rodinha de amigos, mas já é claro o quanto ela é uma menina legal. Perfeita pro zé mané do meu amigo, mas quem disse que ele liga?

Fiquei tomando a minha cerveja enquanto as meninas estavam no mar, depois de um tempo as duas voltaram dando risada e chamaram o carinha pra pedir uma porção de batata frita.

— Os meninos estão agitando um churrasco na casa de um moleque da faculdade — Bruna comentou — Estão perguntando se nós vamos.

— Não to afim não — Elisa respondeu.

— Vai ficar em casa mofando enquanto pode comer de graça? — Bruna ergueu as sobrancelhas e ela bufou.

— Eu vou — respondi.

— Beleza, confirmei nos três — sorriu.

Ficamos mais uma hora na praia conversando e comendo, deixei as duas e vazei pra minha casa dormir um pouco pra a noite. Como a Bruna me fazia de capacho já tinha deixado avisado que era pra eu buscar e levar as duas, ela não queria gastar dinheiro com uber sendo que já tinha a minha existência na face da terra.

Quase sem querer Onde histórias criam vida. Descubra agora