• Capítulo Oito - Eu posso te obrigar

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• ARIANA GRANDE •
— Toronto, Canadá.

Meus olhos se voltaram para Justin enquanto Chaz ficou distante de mim, ele tinha medo do Justin e com razão.

— Vim ver como ela estava. — Chaz responde prontamente. — Parece que tudo o que vocês falaram lá embaixo foi uma surpresa para ela também.

— Eu sou o marido dela, Somers. — Justin fala com tranquilidade. — O papel de vir até aqui era meu.

Esse casamento era falso, então por que queria fingir que seria um bom marido?

— Você não se prontificou. — Chaz se defende. — Achei que eu deveria vir então.

— Que isso não se repita. — Justin sorri fraco. — Agora pode sair.

— Fica bem, ok? — Chaz me lança um último olhar compreensivo, caminha até a porta e deixa o quarto.

Eu estou sentada na cama, minhas lágrimas estão secas no meu rosto e eu encaro as minhas mãos.

Não tenho nada para falar com o Justin e sequer entendo o porquê dele estar aqui.

— Você está bem? — Ele me pergunta, cautelosamente.

— Eu não tenho certeza de muita coisa na minha vida ultimamente, mas é óbvio que eu não estou bem. — Eu balanço a cabeça em negação. — Você tem noção do que é ter uma recompensa pela sua cabeça apenas por  você ter um sobrenome?

Eu achava injusto demais que eu esteja condenada a morte por ser filha de quem sou.

— Meu pai é Jeremy Bieber, ele criou esse império que hoje em dia eu controlo, eu cresci com um alvo nas minhas costas, Ariana. — Ele se aproxima de mim. — Então, tenha a plena certeza de que eu entendo como é.

— E como pode ser tão fácil para você lidar com isso? — Eu o olho com os olhos marejados.

— É a vida que escolhemos.

— Não, é a vida que meu pai escolheu e eu estou nisso por causa dele. — Eu choro. — Eu tinha planos e nenhum deles incluia me casar com um traficante.

— Se te serve de consolo, poderia ter sido pior. — Justin dá os ombros.

— Por que está sendo legal comigo agora, Justin? — Eu limpo meu rosto com delicadeza e o encaro. — Agora a pouco você estava dizendo que pretendia fazer da minha vida um inferno.

— Acabei de descobrir que o cara que matou a sua mãe também foi o responsável pela morte da minha. — Ele suspira. — Achei que pelo menos nesse momento, você merecia uma trégua.

Justin estava me mostrando um lado que eu jamais pensei existir nele.

Ele também podia ser um cara sensível quando quisesse e a morte de sua mãe havia mexido bastante com ele, por essa razão ele havia aceitado o contrato, por essa razão ele havia se casado comigo.

Por essa razão, eu estava a salvo.

— Você não é tão ruim quanto eu pensei que você seria. — Digo. — Acho que você só quer ser.

— Não se iluda com isso, Ariana. — Ele me olha nos olhos. — Eu sou o pesadelo vestido de sonho.

— Esse contrato que você fez com o meu pai vai me manter segura e agora eu sei que você só o fez porque amava a sua mãe. — Eu digo a ele. — Acho que qualquer pessoa que consegue amar alguém é capaz de ser salva.

A verdade era que há cada segundo que eu passava ao lado de Justin, ele me mostrava uma coisa nova ao seu respeito que me fazia questionar quantas versões de si mesmo ele consegue ser?

Eu já havia conhecido o Justin controlador no segundo que cheguei aqui, depois conheci sua versão fria e comprometida com o trabalho, logo veio toda a sua capacidade de atuação sobre ser um marido perfeito e dedicado e agora, eu vejo o Justin que amava sua mãe.

— O amor é apenas uma fraqueza no mundo da máfia, uma arma pronta para ser usada contra você. — Ele diz, seco. — Minha mãe foi a minha última fraqueza e no momento em que eu tiver a minha vingança, esse ciclo estará encerrado.

— Quer dizer que não há nada que você tenha medo de perder? — Eu fico chocada com a sua revelação. — Nada que você ame?

— Não.

As perguntas em minha mente eram inúmeras.

Ele não amava o pai dele? Os meninos?

— Já acabou com o interrogatório?

Pisco meus olhos voltando a realidade e o encaro.

— Ainda tenho mais perguntas.

— Mas eu não vou responder. — Ele revira os olhos. — Já vim te prestar apoio emocional, agora supera essa merda.

E lá vamos nós, o antigo Justin de volta.

— Você é um grosso.

—Grande também. — Ele sorri malicioso. — Falando nisso, acho que está na hora da gente transar.

As coisas parecem fazer sentido para mim agora, o fato do Justin ter vindo aqui sem ser um completo babaca.

— Você não veio aqui para prestar apoio emocional, você veio aqui para tirar a minha calcinha. — Eu o acuso.

— Me pegou. — Ele ri. — O que eu posso dizer se vocês mulheres gostam dessa baboseira de sentimentos?

— Você diz que vai fazer da minha vida um inferno e espera mesmo que eu me submeta a isso? — Eu nego de imediato. — Eu não vou transar com você.

— Eu posso te obrigar.

Suas palavras me pegam completamente de surpresa.

— O que? — Minha voz sai praticamente tremida.

Ele seria mesmo capaz disso?

— Não estou falando sério, jamais iria obrigar uma garota a transar comigo, sinceramente eu não preciso disso, eu consigo uma foda com consentimento sem muito esforço. — Ele dá os ombros, se gabando. — Bom, eu tentei com você, mas caso não rolasse, já tinha uma menina lá embaixo a minha espera.

— Divirta-se. — Reviro os olhos.

— Ficar perto de mim é igual ficar de pé durante muito tempo, uma hora vai te dar vontade de sentar. — Justin me lança uma piscadela e caminha até a porta. — Se precisar de qualquer coisa, você que se vire.

— Tchau.

Justin deixa o meu quarto e fecha a porta do mesmo.

Eu me deito na cama e bufo frustrada com a minha própria realidade.

É verdade que tudo que há entre mim e o Justin é falso, não passa de um contrato, mas eu não estou feliz em saber que ele vai passar a noite com outra.

SPILLED BLOOD [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora