SPILLED BLOOD [1]

• Capitulo Trinta-Três - O que você fez por ela?

• ARIANA GRANDE •
— Califórnia, Estados Unidos.

A tenda que Justin havia alugado para nós dois era simplesmente incrível, nos protegia do sol, mas ainda sim era aberta o bastante para curtirmos a brisa do mar e a vista incrível.

— Posso te fazer uma pergunta estranha? — Eu olho para Justin enquanto seguro um cacho de uvas.

— Pode.

Uma coisa estava na minha mente desde que eu havia visto a Emily saindo do quarto do Ryan e eu queria muito saber mais sobre o assunto. Mas, não tive oportunidade de perguntar por causa da garota que estava aqui.

— Quando eu estava saindo do nosso quarto, dei de cara com a Emily saindo do quarto do Ryan. — Eu ri. — Faz quanto tempo que está rolando?

— Eles sempre tiveram uma queda um pelo outro, mas nunca deixaram isso florescer. — Justin ri. — Estou surpreso em saber que finalmente rolou.

— Por que eles nunca quiseram ficar juntos se sempre tiveram uma queda um pelo outro? — Eu franzo a testa, estranhando.

Não faz sentido não ficar com uma pessoa quando o sentimento entre vocês é recíproco.

— Ryan é da lei que se deve curtir a vida, ainda mais no mundo em que vivemos em que nunca sabemos qual será a nossa última vez. — Justin dá os ombros. — E a Emily teve uma vida bastante difícil, ela sempre perdeu pessoas que amava e acho que agora ela tem medo de amar novamente.

Eu olho para as minhas mãos, acho que eu consigo entender.

Ryan quer curtir cada segundo como se fosse o último e por isso talvez nunca esteja pronto para um relacionamento e Emily perdeu todos que ela amou, ela não se vê novamente em uma relação.

O fato do Justin a conhecer tão bem traz em mim a curiosidade sobre o que ela me disse uma vez.

Que ele havia salvado sua vida.

— Emily me disse que você não era uma pessoa ruim e que ela devia a vida dela vida a você. — Eu torno a encarar seus olhos. — O que você fez por ela?

— Eu não sou um santo, negociamos garotas para coloca-las nas boates, mas nenhuma delas foram obrigadas a entrar nesse mundo. — Ele me explica devagar. — Elas entraram no mundo da prostituição por diversos motivos e tudo o que eu faço é fornecer um lugar para que elas trabalhem livremente e que eu possa lucrar em cima, mas todas são livres para partir assim que quiserem.

Eu estou calada comendo as minhas uvas enquanto escuto o que ele tem a dizer.

— Mas a Emily não foi assim, ela não iria entrar nesse mundo porque queria, apenas porque o padrasto bêbado e drogado dela me devia, então ele quis me dar a garota como prêmio. — Meu marido balança a cabeça em tom de negação. — A mãe da Emily queria poupar a vida do marido, não importava o que aconteceria com a sua filha.

— Meu Deus. — Eu abro a boca chocada. — Ela foi vendida para você.

— Ela serviu como moeda de troca, eu me lembro quando ela chegou, era apenas uma garota assustada que achava que teria que passar o resto dos seus dias sendo obrigada a fazer programas para mim. — Justin bebe um pouco do seu suco. — Mas lhe dei o direito da escolha e ela passou a trabalhar no bar da minha boate, ela não queria ser como as outras garotas.

— Se ela trabalhava no bar, como passou a fazer parte da sua equipe? — Eu estou curiosa.

— Em uma noite, eu estava muito chapado após ter transado com uma das minhas vadias. — Ele ri, sem humor, provavelmente se lembrando daquele dia. — Santinelli organizou um ataque para a minha boate, a vadia tinha que me deixar louco o bastante para que eu não tivesse tempo de agir de maneira eficaz, mas Emily notou que havia algo estranho e atirou nele antes que ele pudesse atirar em mim.

— Ela salvou sua vida. — Eu digo.

— A vadia foi executada, Santinelli fugiu baleado e Emily ganhou a oportunidade de fazer parte da equipe. — Justin me conta. — Ela disse que havia aprendido a atirar porque precisava de uma precaução caso seu padrasto quisesse mexer com ela novamente.

— Ele tentou abusar dela? — Minha garganta está seca.

O quanto ela já sofreu?

— Sim, mas ela nunca deixou que ele fizesse algo. — Justin garante. — Então, para obriga-lo a parar, ela aprendeu a atirar e roubou a arma que ele tinha guardado.

— Meu Deus.

— Emily começou um treinamento com os meninos e ela então se tornou uma de nós. — Ele sorri. — Eu a salvei de uma vida que ela não queria e ela literalmente me retribuiu o favor.

Justin havia a tirado de uma vida de prostituição, a salvado de um padrasto que queria a assediar, de uma mãe tóxica e a levado para um ambiente melhor, para uma vida melhor.

— Por isso que ela me disse que você era bom. — Eu digo. — Você a ajudou quando ela não tinha mais ninguém.

— Ela me salvou, mas depois também pagou um preço por isso. — Justin respira fundo antes de continuar falando. — Santinelli quis retribuir o favor, ele executou o padrasto imbecil e depois mandou um vídeo torturando a mãe da Emily.

Eu não consigo sequer falar.

Como pode existir tantas pessoas cruéis no mundo?

— Ela amava a mãe, apesar de qualquer coisa, Emily tinha lembranças boas da vida que elas tiveram juntas antes do padrasto aparecer. — Justin diz. — Emily demorou muito para superar tudo de ruim que aconteceu, mas ela tinha o Nolan ao seu lado.

— Nolan?

— Era o antigo chefe de segurança, antes do Peter. — Ele me explica. — Ela e ele se conheceram durante o treinamento dela, eles pareciam bem apaixonados, mas ele acabou morrendo em um dos ataques.

— Ela sofreu demais. — Eu concluo com a voz chorosa.

Emily sem dúvidas é forte.

— Perdemos muitas pessoas ao longo da nossa caminhada, Ariana. — Justin olha para o nada. — No mundo da máfia, o amor é uma arma pronta para ser usada contra você.

O amor do Justin por sua mãe foi o que o colocou no caminho da vingança contra Zokov. E o amor do meu pai por mim que me colocou no meio disso tudo.

Eu sou a peça de um jogo ainda maior, que só vai acabar com a morte de Santinelli, de Zokov ou de Justin.

Temos sombrios estão por vir, eu sei disso e isso me assusta muito.

— Muito sangue será derramado até que vocês consigam o que vocês querem, né? — Eu suspiro. — Espero que Deus tenha piedade da minha alma por estar fazendo parte disso.