• Capítulo Noventa-Um - E se eles não aceitarem?

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• ARIANA GRANDE •
Califórnia, Estados Unidos.

O clima sobre o shopping e as compras havia chegado ao fim, então eu e a minha melhor amiga nos dirigimos para o bar mais famoso da cidade, aquele que era dividos em bangalôs e podíamos ter um pouco de privacidade para beber e afogar todas as nossas mágoas.

Acho que na nossa vida, todo mundo tem aquele momento em que é necessário parar e analisar tudo o que vivemos e o que vamos fazer a partir de agora.

— Eu definitivamente estou farta de segredos. — Digo a ela. — Porque tudo o que eu consigo me perguntar é que se ele me ama de verdade, como consegue olhar nos meus olhos e mentir sobre coisas que certamente me afetam?

É claro que eu estava me referindo sobre cada segundo que eu passei ao lado do meu marido, quando ele podia ter sido sincero comigo e sempre escolheu mentir ou omitir coisas.

— Tudo começou com a Angel, como ele pode simplesmente não me contar sobre ela? — Eu estou visivelmente magoada. — Eu estava acostumada com o modo como ele vinha me tratando daquela forma tão ruim, então ele me deu um mundo totalmente diferente e depois destruiu ele da pior forma porque tinha medo do que sentia por mim, por causa dela, porque ele a perdeu.

Eu já havia desculpado ele por isso, mas esquecer o que eu passei é um caminho diferente demais.

— Justin me usou, brincou com os meus sentimentos e depois me descartou. — Eu concluo. — Então, ele decidiu que não era isso que ele queria e me puxou para perto novamente.

A garrafa de whisky está pela metade e minha melhor amiga está em silêncio, esperando que eu coloque tudo o que eu quero para fora.

Tudo o que eu não posso dizer a ele.

— Quando ele percebeu os sentimentos do Chaz por mim, ele não tentou manter seu amigo longe de mim, ele me tratou como um jogo em que ele sabia que ganharia e ele ganhou. — Eu estou me segurando para não chorar nesse momento. — E quais foram as consequências disso para o Chaz?

Chaz não era uma pessoa ruim, mas eu sei que talvez aqueles joguinhos tenham o destruído de uma forma, que no final da partida, ele achou que deveria me ter, pelo menos por uma vez, mesmo que eu não quisesse isso.

— As vezes, eu sinto medo que ele nunca tenha esquecido da Angel e que assim como a Caitlin disse daquela vez, que eu sou apenas um ponto de parada dele e quando ele perceber que realmente não me quer, ele vai me descartar novamente sem arrependimentos. — Uma lágrima escorre do meu rosto e eu não posso deixar de limpa-la — Eu vou ficar quebrada como estive todas as vezes que ele me magoou e a pior parte é que eu sei que mesmo se ele fizer isso, no momento em que ele estalar seus dedos, novamente eu estarei lá pronta para ele.

A pior parte de estar em um relacionamento em que você está totalmente envolvida emocionalmente é que você fica extremamente apegada a pessoa e mesmo que isso te machuque para um caralho, é difícil demais se livrar disso, porque doi como o inferno.

Eu nunca havia dito isso em voz alta, mas essa é verdade. Tenho medo de descobrir que eu sou apenas mais um jogo barato do Justin que ele está apostando as fichas gradativamente porque sabe que no fim não importa qual seja o resultado, ele vai pular fora e trocar.

E isso faz muito sentido sobre o porquê ele nunca confiar em mim totalmente ao ponto de me dizer o que realmente se passa ao meu redor, mesmo que isso me afete demais.

Ele não me contou sobre a Angel, me jogou em jogo com o Chaz, deixou com o Ryan as minhas aulas para não passar mais tempo comigo, escondeu de mim um plano que podia dar totalmente errado e me custar danos irreversíveis.

Quem é o homem pelo qual eu me apaixonei?

— Eu nunca estive pronta para um relacionamento, até porque eu lhe disse uma vez sobre o que eu acreditava ser o amor verdadeiro. — Emily começa falando devagar. — Mas, havia algo no Ryan que me fazia querer tentar, apesar do meu medo.

Eu entendia o que estava acontecendo, nós não precisávamos de supostas soluções porque só quem realmente podia nos dar elas eram os meninos e eles não estavam aqui.

Nós só precisamos desabafar.

— Ele parecia estar caminhando na mesma linha que eu, então eu decidi que valia a pena embarcar nessa, sabe? — Seus olhos marejam. — Eu coloquei minhas incertezas no bolso e entrei nessa de cabeça porque acreditei que não importava o que aconteceria, ele estaria ali por mim.

Agora era a minha vez de ficar quieta.

— Tudo estará perfeito demais para ser verdade, mas eu não esperava que o passado dos meninos quando voltassem fossem influenciar tanto no meu relacionamento com ele. — Ela começa a chorar. — Caitlin era simplesmente péssima em tudo, ela não media as palavras e fazia tudo exatamente com a intenção de nos machucar.

Ela tinha razão.

— Então eu descobri que assim como eu, o Ryan também tinha traumas do passado e pior, por causa dela, da garota que estava diante dos meus olhos e que agora fazia parte das nossas vidas. — Ela está desolada. — Caitlin passou tempo demais nos machucando e agora que ela se foi e eu finalmente pensei que as coisas dariam certo para nós, ele ainda teve a capacidade de ajudar ela.

Eu entendia perfeitamente o que ela queria dizer, porque não era justo.

Ryan estava ajudando a garota que um dia o destruiu e pior, depois de anos ainda tentou minar tudo o que ele demorou muito tempo para conseguir: uma relação com a Emily.

Eu estava na mesma situação com o Justin, porque ele estava ajudando seu melhor amigo, mas esse cara, também havia me dito coisas horríveis e pior, trazido para nossas vidas uma pessoa que só nos causou problemas, o que obviamente nós não precisávamos porque já tínhamos demais.

Agora eu vejo que se eu não tivesse me apaixonado pelo Justin ou dado coragem a Emily de embarcar nesse romance com o Ryan, provavelmente não estaríamos aqui hoje bebendo por causa deles.

Ou talvez, o destino cruel teria encontrado outras formas de fazer com que nós acabassemos entrando nessa.

— O que vamos fazer, Ari? — Ela está em prantos. — Eu realmente não sei o que eu dizer.

Eu não aguento mais uma briga com o Justin, isso me desgata demais, isso nos desgasta demais.

— Vamos sentar com os meninos, falar o que sentimos sobre o assunto e esperar que eles tenham empatia pelo o que sentimos. — Eu tento ser sensata, mesmo que meu coração esteja doendo.

— E se eles não aceitarem? — Ela me olha com seus olhos vermelhos por causa das lágrimas.

— Colocamos um ponto final nisso tudo.

SPILLED BLOOD [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora