• Capítulo Quinze - Interrogatório

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• ARIANA GRANDE •
— Toronto, Canadá.

Eu ainda estava parada sem conseguir me mover após ter assistido o que o Justin estava fazendo com aquele homem.

— Por que você foi atrás da Emily e da Ariana? — Justin o encarou com tédio. — Porque sejamos sinceros, elas não foram uma escolha aleatória.

— Por que você está aqui fingindo que se importa com o fato de sua mulher quase ter morrido quando todo mundo sabe que vocês não casaram por amor. — O cara ri. — A sociedade do Canadá que lambe o chão que você passa pode ter acreditado naquele discurso de amor eterno, no ciúmes dela perante a uma repórter, mas a máfia não.

— Eu não preciso fingir que me importo com a segurança dela, porque eu realmente me importo com o que acontece com ela. — Justin revira os olhos. — Mas não foi isso que eu te perguntei.

— Não conte nada a ele. — O outro cara diz ao amigo.

Os lábios de Justin se curvam em um sorriso e eu engulo seco.

— Santinelli nos prometeu que aquela ruiva não sabia nada sobre autodefesa, ele garantiu que seria uma coisa rápida e simples. — O cara respondeu. — E olha o que aconteceu com a gente agora.

— Então a culpa é daquele maldito italiano? — Justin os encara com atenção. — Agora tudo faz sentido.

A mente do Justin viajava rápido e ele já havia conseguido entender o que estava se passando aqui, quando eu só havia entendido porque o cara no carro havia nos contado.

— Ninguém que reside no Canadá seria louco o bastante para mexer com você ou com a sua família. — O cara continua falando. — Mas, Santinelli queria que Ariana não embarcasse amanhã.

— Assim, o meu acordo com o pai dela estaria acabado, eu não teria mais posse dos Estados Unidos e jamais conseguiria expulsar ele de lá. — Os olhos de Justin brilham com a descoberta. — Tudo faz sentido.

— Você contou tudo a ele, agora acha mesmo que o Santinelli vai nos deixar vivos? — O cara que ficou em silêncio, reclama.

— Você não colaborou comigo. — Justin  faz sua melhor cara de pena. — Então acho que não há como salvar a sua vida.

— Vai para o inferno, Justin! — O cara manda.

Eu vejo o medo estampado em seus olhos quando meu marido pega a arma.

— Nos encontramos lá. — Justin aponta diretamente para a cabeça do cara e atira.

O sangue voa no cara sentado ao lado e ele arregala os olhos, completamente surpreso.

Um grito fino sai da minha garganta e a minha perna cede, eu não caio porque o Christian me segura.

— Me deixa sair, por favor. — As lágrimas inundam os meus olhos e eu me sinto quase como se estivesse passando por uma tortura psicológica.

— Eu te dei o que você queria, Bieber. — O cara parece desesperado. — Me deixe sair daqui, por favor, eu juro que não voltarei ao Santinelli.

— Sinceramente, eu gostei muito de você, cara. — Meu marido sorri para o homem enquanto me ignora por completo. — O seu único defeito é que você soltou tudo rápido demais.

— Eu posso trabalhar para você, eu juro que serei fiel. — O cara tenta a todo custo negociar.

O choque no cara é imediato e eu fecho meus olhos, para não olhar aquilo.

— Ariana. — Assim que meu nome sai da boca de Justin, eu abro meus olhos.

Por que ele está me fazendo passar por isso?

— A máquina está mentindo, eu juro que serei fiel. — O cara altera o tom de voz, tentando soar convincente.

Mas outro choque vem.

— A máquina não mente. — Justin o olha com pena. — E eu jamais aceitaria você no como um dos meus homens, como eu disse, você me deu tudo o que eu queria de mão beijada.

— Justin, por favor, tenha misericórdia. — O cara implora.

— Adeus. — Justin novamente mira e atira no cara.

Dessa vez, eu não fecho os meus olhos, há sangue no chão e na mão de Justin. Ele age como se nada tivesse acontecido enquanto eu estou traumatizada.

— Chamem o Chaz e o Ryan, eles têm mais dois corpos para desovar. — Justin fala com o Christian.

Beadles assente com a cabeça enquanto abre a porta, eu passo em sua frente e saio praticamente correndo.

Eu ainda estou chorando quando Justin sai de lá com a sua melhor feição de serenidade, eu tenho vontade de bater nele por ter feito isso comigo.

— Por que você fez isso? — Eu me viro para ele, chorando. — Você queria que eu passasse por algum tipo de tortura psicológica?

— Essa é o mundo que vivemos. — Ele me responde, tranquilo. — Se seus pais te protegeram do inevitável, eu não posso fazer nada.

— O problema é que seus pais não te protegeram disso! — Eu quase grito com ele. — E agora você está me mostrando algo que eu nunca vou fazer, querendo que eu seja alguém que eu nunca serei.

— Não, eu te mostrei isso com o intuito de te trazer de volta para a realidade, Ariana. — Ele praticamente cospe as palavras na minha cara. — Na vida real, pessoas como nós não sentem pena se você vive ou morre e uma coisa é certa, não podemos ser salvas.

— Era isso que você queria? — Eu ainda choro, completamente brava com ele. — Me provar que você faz atrocidades todos os dias e por isso eu não devo acreditar que pode existir algo bom em você?

— Acha mesmo que vai ser a primeira a tentar me salvar? — Ele ri. — Você é mais idiota do que eu pensei.

O que ele quer dizer com isso?

— Se quer um conselho depois do que viu, siga as minhas ordens a risca ou um dia pode ser você sentada em uma cadeira dessa e o homem na sua frente pode não ter tanta misericórdia como eu tive e te matar devagar. — Seus olhos estão escuros. — Acho que no final das contas, só você ainda não entendeu no que está metida.

Eu acabei de ver quatro homens morrendo na minha frente, como ele pode estar pegando tão pesado comigo?

— Acho que você ainda não entendeu que ver alguém morrer diante dos meus olhos nunca será algo normal para mim. — Eu limpo minhas lágrimas com brutalidade.

— Acho bom você se acostumar, porque muito sangue ainda será derramado. — Ele é frio. — Agora tenha uma boa noite de sono.

Justin anda na minha frente, mas para de andar no momento em que escuta a minha voz.

— De uma coisa eu aprendi essa noite, Justin — Eu falo. — Você tinha razão, você não pode ser salvo.

SPILLED BLOOD [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora