Capítulo 10

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Sou o tipo de mulher que odeia sair, que curti muito mais a paz e sossego da própria casa

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Sou o tipo de mulher que odeia sair, que curti muito mais a paz e sossego da própria casa. Depois que passei a namorar com Ian virei uma mulher exclusivamente caseira a pedido dele. A minha natureza já era a de uma mulher caseira, mas depois de Ian nem sei dizer o que virei, talvez um urso em hibernação.

Quando queria me encontrar com minhas amigas ele não me deixava sair, dizia que eu era uma mulher comprometida e que por isso eu deveria sair apenas com ele. E eu meio que acabava concordando com esse absurdo pois não queria brigar. Na época eu não achava um absurdo, mas hoje, separados, percebo o quanto fui manipulada. Ele me proibia de sair com pessoas de que não considerava "ideais" para mim.

Mas agora não tem mais ninguém para controlar a minha vida, me sinto livre como um pássaro e poderia ir para onde quisesse e com quem quisesse.

Não gosto muito de festas, exceto as de aniversário, onde se tem bastante comilança. Adoro festas de aniversário.

Lucas estaciona o carro um pouco longe da porta de entrada do salão pois há vários carros ocupando o espaço, então temos um pouco de dificuldade para andar sobre o asfalto com os saltos até chegarmos na entrada. Vanessa um pouco mais por carregar uma bebê de nove meses no colo. Ainda bem que Lucas está com a gente e carrega a cadeirinha da bebê.

Já do lado de fora, escutamos um sertanejo universitário. Ando toda animada em direção à entrada do salão.

E então toda empolgação desaparece, dando lugar ao pavor.

À poucos metros dali vejo um cara de capuz e, apesar de estar escuro, reconheço muito bem seu rosto. É Ian, o meu ex-namorado.

Paro de andar imediatamente.

— Que foi? Por que parou? — Cris pergunta.

— Ian está aqui.

— O quê?! Onde?

— Ali — indico o local com o dedo trêmulo, mas ao fazer isso não o vejo mais. Ele simplesmente sumiu.

— Onde está? Não estou vendo — Vanessa também procura.

— Não entendo. Ele estava ali.

— Você deve ter visto coisas, Juju — diz Cris.

— Deve ser só alguém parecido com ele. Relaxa. Vamos entrar? — Lucas tenta me tranquilizar, mas não consigo relaxar. Tenho certeza de que era ele.

Entrarmos no salão e um recepcionista de terno e gravata nos dá as boas vindas e recebe os presentes. Das mesas espalhadas por todo o salão, poucas estavam disponíveis. O lugar está todo decorado em branco e dourado e na mesa principal há um bolo falso todo branco de três andares e docinhos espalhados ao redor dele. Balões dourados e pratas pendiam para cima nos dois lados da mesa. No painel com pano de fundo branco dois balões gigantes na cor dourada formavam o número 25. Parece até mentira que Mari estava fazendo 25 anos, sendo que sua cabecinha se equiparava a de uma garota de 18.

Apartamento  201 (Série Apartamento - Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora